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Solidariedade no frio

Sopões da Região Metropolitana precisam de ajuda para continuar existindo. Saiba onde fazer doações

As baixas temperaturas tornam ainda mais importantes ações de pessoas que buscam amenizar a dificuldade de quem está na rua, ou não tem condições financeiras para alimentar-se bem nesta época

13/06/2016 - 10h00min

Atualizada em: 13/06/2016 - 10h01min


Roberta Schuler
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Maria Elaine (E) sofre com panelas cada vez mais vazias

O rigor do frio torna ainda mais necessário um tipo de trabalho comunitário que busca atender pessoas carentes: a realização de sopões, ou outros tipos de refeições quentes que são distribuídas nesta época do ano.

Para continuarem prestando o serviço, no entanto, as entidades precisam de ajuda. Em tempos de crise econômica, as doações escasseiam na mesma proporção em que as filas de necessitados tendem a aumentar.

– A carência está muito grande. Precisamos que todas as mãos se unam pelo outro – observa Odiles da Silva Brito, presidente da Sociedade Espírita Paz e Luz, de Gravataí.

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Além de alimentos para a preparação das refeições, os grupos e associações costumam recolher também roupas, calçados, cobertores, lãs, fraldas, entre outros itens que são repassados aos carentes. Algumas entidades, no entanto, já estão tendo que reduzir as iniciativas pela falta de material.

É o caso da Associação Beneficente Casa da Sopa, no Bairro Nova Americana, em Alvorada. Até o ano passado, Maria Elaine da Silva, 58 anos, conseguia oferecer o sopão duas vezes por semana para pessoas carentes de bairros próximos.

Por conta da escassez de doações, agora é possível servir os 240 pratos de sopa apenas no sábado ao meio-dia. E ainda assim, na véspera, Maria Elaine experimenta a angústia de não saber se terá condições de cumprir com a promessa que fez há 20 anos.

– Eu estava muito mal de saúde e fiz um voto de que, enquanto eu vivesse, faria este trabalho. Comecei servindo sopa numa panelinha para 20 pessoas –recorda.

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Garantidos mesmo, apenas a proteína da sopa (músculos e ossos) doada por um comerciante vizinho semanalmente e os dois tubos de gás, que o marido de Maria Elaine, o pedreiro Claudir garante a cada mês. Os legumes e verduras muitas vezes têm de ser comprados. O verdureiro que atende o bairro faz um desconto e o sopão custa R$ 70.

– Aí, fazemos uma vaquinha. Nunca pensei em desistir, vou cumprir a promessa até o fim. Não dá para parar. Quando a gente coloca a panela na mesa, as crianças já vêm correndo – conta Maria Elaine, que atende 119 famílias.

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Na Ceasa, apenas entidades cadastradas


Maria Elaine conta que, até o ano passado, buscava doações de verduras e legumes na Ceasa, mas recentemente voluntários foram ao local e não conseguiram nada. Desde 2015, quando foi normatizado o programa Prato Para Todos, a Ceasa fez o recadastramento das entidades que vinham sendo beneficiadas, com a exigência de documentação para comprovar a realização do trabalho.

Algumas entidades não apresentaram os documentos em tempo hábil (entre abril e agosto do ano passado), ou não possuíam registros e ficaram de fora do programa.Atualmente, há 300 entidades cadastradas (de Porto Alegre, Região Metropolitana e algumas do Interior) que buscam uma vez por semana doações. Não há previsão de abertura de novas vagas.

– Não lidamos com restos, mas com excedente. O que não foi comercializado é doado. Fazemos a triagem e repassamos às entidades – explica o supervisor do programa, Claiton Ferreira, destacando que fatores climáticos e a crise econômica reduziram bastante as doações.

"Sempre tem alguém para doar"

Há sete anos, a estudante de Serviço Social Rachel Bertagnolli de Moraes, 29 anos, do Bairro Glória, resolveu preparar um sopão ou carreteiro e distribuir a moradores de rua que estão no Centro da Capital.

– Sempre gostei muito de ajudar e sempre tem alguém para doar um alimento, uma roupa, um cobertor. Nunca parei, sei que eles (os moradores de rua) aguardam – contou Rachel, enquanto buscava doações.

Mesmo em tempos de crise, ela avalia que a ação vem se sustentando com 80% de recursos doados e 20% próprios, quando é necessário completar as 180 refeições servidas em caixas de leite, além de suco e pão.

– Vamos onde as outras ações não passam – disse, citando locais como a Avenida Borges de Medeiros, a Praça da Matriz e o Viaduto da Conceição, como os locais onde entrega a comida sempre a partir das 21h.



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