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Caminho do Bem

Moradoras de Alvorada se unem para ajudar famílias carentes

Conheça a história de Fernanda Veiga e de Ariana Romagna que, juntas, percorrem as ruas de Alvorada para arrecadar doações

13/07/2016 - 10h00min

Atualizada em: 13/07/2016 - 10h01min


Aline Custódio
Aline Custódio
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Mateus Bruxel
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Da esquerda para a direita: Fernanda e Ariana percorrem as ruas das vilas e bairros de Alvorada para arrecadar doações

Elas enfrentaram a desconfiança de vizinhos, amigos e familiares nos bairros de Alvorada onde moram. Suportaram as piadas de quem não entendia o motivo para usarem o tempo livre em benefício de desconhecidos. Unidas, a cozinheira desempregada Fernanda Veiga, 31 anos, do Bairro Umbu, e a telemarketing desempregada Ariana Barcella Romagna, 24 anos, do Nova Alvorada, somaram forças e hoje compartilham uma rede de pessoas voluntárias dispostas a ajudar os mais necessitados.

Inspiradas por familiares que faziam o mesmo trabalho em décadas passadas, as duas – que se tornaram amigas por meio da causa solidária – abrem mão de noites de descanso e dos finais de semana em família para serem a ponte entre voluntários e necessitados. Com o nome Fazer o Bem Sem Olhar a Quem, Doar é um Gesto de Amor, o projeto de Fernanda e de Ariana não tem vínculo político e não recebe auxílio de órgãos governamentais. A única forma que compartilhamento das histórias e de oferta de ajuda ocorre via redes sociais.

E se o vínculo começa de forma distante, na tela de um smartphone ou de um computador, ele se completa com sorrisos e abraços no momento da entrega da doação.

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Começo
"O projeto iniciou há cinco anos. Tinha perdido o meu pai e enfrentava uma depressão. Ajudar o próximo veio para preencher um espaço que estava vazio na minha vida. O Fazer o Bem sem Olhar a Quem surgiu desta forma."

Dificuldades
"No início, até meus familiares acharam que eu estava enlouquecendo. Sozinha, eu entrava em vilas que jamais havia entrado, visitava pessoas que eu não tinha intimidade. Tudo para ajudar. Até que a minha família percebeu a importância do meu gesto e passou a me apoiar. Hoje, meu marido e meus filhos estão do meu lado e isso me fortalece. O maior problema é que não recebo visitas em casa, pois estou sempre envolvida ajudando alguém, separando doações ou apenas ouvindo os problemas alheios."

União
"Costumava pedir ajuda pelas redes sociais e foi num grupo do Whats App de amigos solidários que conheci a Ariana. Ela tinha o projeto Doar é um ato de amor, no Bairro Nova Alvorada, que fazia o mesmo que o meu: arrecadava doações e repassava aos necessitados. Então, decidimos unir as forças e os nomes dos projetos. Ganhamos força nas redes sociais. É tudo voluntário, sem ajuda política."

Família do pequeno Samuel (no colo de Fernanda) é auxiliada pelas voluntárias

Trabalho
"Colocamos nas redes sociais o problema da família necessitada e pedimos ajuda. Daí, vai lá uma pessoa que a gente nem conhece e comenta que quer conhecer a família e ajudar. Geralmente, são pessoas simples, como a gente, que dividem o pouco que têm. Vamos até a casa deste voluntário, explicamos a situação e recebemos as doações. Fazemos a entrega, fotografamos este momento e mostramos o resultado na rede social. É uma forma de comprovar o que fizemos. Quando não recebemos doações, a gente abre os nossos próprios armários e divide."

Importância
"O mais importante é dar atenção à nossa comunidade, que é esquecida pelo poder público. Não tenho vergonha de falar que meus filhos mudaram a forma de ver o próximo depois de me ajudarem nas entregas. Hoje, dividem tudo o que têm e com satisfação. É uma lição de vida para eles também."

Ricardo, que está à procura de um emprego na construção civil, recebeu doações para a família

Recompensa
"Eu tomava remédio para depressão e me curei fazendo o bem para os outros. Às vezes, não é roupa, não é alimento. É só escutar o choro deles. Fico me questionando por quê vou chorar se há pessoas chorando de fome? Não há preço que pague fazer o bem."



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