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ONG Themis forma 15ª turma de promotoras legais populares em Porto Alegre

Curso de quatro meses discute gênero, raça, direitos sexuais, organização do Estado e da Justiça, Lei Maria da Penha e trabalho em rede. Formatura ocorre na noite desta quinta-feira

04/08/2016 - 11h05min

Atualizada em: 04/08/2016 - 21h02min


Aline Custódio
Aline Custódio
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Adélia (esquerda) quer seguir o exemplo de Guaneci

Unidas pelo desejo de auxiliar a comunidade onde moram, 26 mulheres da Grande Cruzeiro, em Porto Alegre, receberão o título de promotoras legais populares, na noite desta quinta-feira, na formatura da 15ª turma do curso promovido pela ONG Themis – Gênero e Justiça. Entre elas, Adélia Maciel, 57 anos, agente comunitária de saúde há quatro anos, conhecida na região por defender os direitos humanos.

Adélia, que abandonou os estudos na quinta série, concluiu os ensinos fundamental e médio depois dos 50 anos pensando em chegar à faculdade. Entre os sonhos da agente, o que mais ganhou força a partir da conclusão das aulas na Themis é o desejo de cursar Assistência Social.

– Quanto mais aprendizado, melhor para a comunidade e para eu ampliar os meus horizontes – acredita Adélia.

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Legislação
Durante quatro meses, em 68 horas de aulas, Adélia e as colegas estudaram temas como gênero, raça, direitos sexuais, organização do Estado e da Justiça, Lei Maria da Penha e trabalho em rede. Os encontros foram realizados aos sábados, no Postão da Cruzeiro. Referência dentro do bairro, Adélia se inscreveu no curso de promotora legal popular para ter mais conhecimentos sobre a legislação brasileira.

– Na vila, acabamos criando as nossas próprias leis, mas não sabemos se estamos dentro das regras. Agora, saberei como agir de acordo com a legislação – conta a agente.

Curso transformou a vida de Guaneci (à direita)

Assim como Adélia, a integrante da primeira turma de promotoras legais formadas pela ONG Maria Guaneci de Ávila, 58 anos, do Bairro Restinga, fez do curso uma ponte de transformação da própria vida. Cozinheira e com a terceira série do ensino fundamental, ela decidiu voltar aos estudos depois de concluir a formação.

– Era muito triste eu, uma liderança comunitária, sem entender nada nas reuniões com autoridades. Fazer o promotora legal me deu a chance de perceber a importância de voltar a estudar – revela.

Em uma década, ela concluiu os ensinos fundamental, médio e a faculdade de assistência social. Neste ano, finalizou a pós-graduação em Gestão Social e já pensa num mestrado na área. Quando fez parte da primeira turma da Themis, Maria Guaneci nem imaginava onde hoje estaria: ela faz parte da equipe técnica e do comitê gestor da ONG.

– As mulheres saem fortalecidas do curso. No meu caso, percebi que era necessário ir atrás dos meus objetivos.

Conheça o curso
* O curso de formação das promotoras populares é anual e ocorre sempre em comunidades com alto grau de vulnerabilidade social.
* É feito um mapeamento da região antes do início do curso para entender as necessidades da área.
* O conteúdo e a metodologia desenvolvidos no curso vão de acordo com as solicitações das próprias lideranças, em conformidade com suas necessidades e sonhos.
* O próximo ocorrerá em 2017, mas ainda não está definida a região.



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