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Contra a homofobia

VÍDEO: de olhos vendados, jovem desafia pedestres: "Sou gay, você me abraça ou me mata?"

De pé, o gerente de casa noturna Matheus Amaral recebeu mais de cem abraços

24/11/2016 - 18h43min

Atualizada em: 01/08/2017 - 20h39min


Ação durou duas horas na Praça Tubal Vilela, em Uberlândia (MG)

Ao som da música The Greatest, da cantora australiana Sia, cuja letra diz "Don't give up/I won't give up" (Não desista/Eu não vou desistir), o mineiro Matheus Amaral, 26 anos, editou o vídeo da ação que o tornou conhecido no país. Ele foi a uma praça de Uberlândia, a cerca de 540km de Belo Horizonte e, com os olhos vendados, se pôs ao lado de uma placa com a frase "Sou gay, você me abraça ou me mata?". O resultado deu um sopro de esperança aos homossexuais: não houve reações ruins à iniciativa.

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A ação do jovem, que é gerente de uma casa noturna na cidade, foi feita entre as 14h e as 16h de 17 de novembro, e o vídeo foi editado e publicado no mesmo dia. Até a tarde desta quinta-feira, havia superado 7 milhões de visualizações, 120 mil compartilhamentos e 100 mil interações.

– (Quando) A gente fez esse vídeo, não era para ganhar toda essa proporção. No mesmo dia, já estourou. Postei acho que às 21h de quinta e, depois, já veio um monte de gente me abraçando – conta Matheus ao Diário Gaúcho, que já estava a trabalho quando soube da repercussão.

Medo em Uberlândia

A ideia do vídeo surgiu após três homossexuais serem encontrados mortos na cidade. Segundo Matheus, os jovens combinavam encontros por aplicativos de relacionamento e, em seguida, eram roubados e mortos.

Um desses gays era Guilherme Duarte Pagotto, 23 anos. Matheus não o conhecia, mas um dos abraços que mais o emocionou estava relacionado ao jovem morto.

– Uma menina me disse que o última abraço que ela não deu no Gui, ela tava me dando naquele momento. Tive que segurar a onda e continuar – lembra.

Matheus Amaral, 26 anos, é gerente de uma casa noturna, em Uberlândia (MG)

– Eu não conhecia os meninos. Mas, todo mundo que ia lá (na boate em que trabalho), é muito amigo. Parecia um crime muito próximo. Você está na rua e pode acontecer qualquer coisa – lamenta.

Carinho das pessoas

Durante as duas horas em que permaneceu no local, recebeu mais de cem abraços. Nem todos de homossexuais, mas de pessoas que têm amigos ou parentes gays ou lésbicas.

– Teve mais mães que têm filhos gays que diziam que era muito bonito o que eu estava fazendo. Também teve muitas mulheres lésbicas.

Matheus ficou surpreso, também, com o carinho de pessoas religiosas. Lá, segundo ele, há muitos evangélicos.

– Eles me diziam: "Deus gosta de você".

Cúmplices

Naturalmente, ele teve medo da ousadia. Mas, confessa, só no começo. Levou três amigos e uma amiga. Um filmou, e os outros três ficaram de "butuca", para o caso de acontecer algo.

O responsável pela filmagem é João Caputti, 26 anos, fotógrafo. Questionado se sentiu medo, se diverte.

– Medo a gente sempre tem. A ideia era essa, correr o risco. O Matheus ainda disse: "Se alguém me bater ou algo do tipo, continua filmando". Eu brinquei e falei: "Eu vou correr!".

*Produção: Juliano Zarembski

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