Escolas em obras
Às vésperas do novo ano letivo, uma a cada três escolas estaduais da Capital precisa de obras
Escola do Lami tem prédio interditado e da Lomba do Pinheiro está com prédio pronto, mas ainda não pode ser ocupado
Às vésperas da volta às aulas na rede pública estadual, alunos de duas escolas da Capital – uma na Lomba do Pinheiro e outra no Lami –, encontrarão o mesmo cenário de privações que enfrentavam no fim do no letivo de 2016: turmas compartilhando espaços diminutos, sem ventilação adequada, com redução de turnos, em alguns casos com alteração na merenda escolar, tudo porque a estrutura dos prédios não oferece plenas condições de uso.
As escolas Maria Cristina Chiká, na Lomba do Pinheiro, e Heitor Villa Lobos, no Lami, fazem parte de um universo de 93 escolas estaduais de Porto Alegre em processo de obras – em todo o Estado, chegam a 430 instituições, totalizando investimento de R$ 98 milhões.
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– No Rio Grande do Sul, temos 2,5 mil escolas na rede, que é muito envelhecida – observa o secretário estadual da Educação, Luís Antônio Alcoba de Freitas, citando recurso liberado diretamente às equipes diretivas, para obras emergenciais, força-tarefa de engenheiros e arquitetos, como algumas medidas para amenizar o sucateamento.
Confira a situação das duas instituições, a preocupação de professores e pais com o ambiente no qual os estudantes deverão passar pelo menos os primeiros dias de um novo ano de estudos e confira a lista de escolas que passam por processo de obras na Capital.
Galpão seguirá sendo usado
Na Escola Estadual de Ensino Fundamental Heitor Villa Lobos, no Lami, as obras são esperadas com ansiedade pela comunidade escolar porque poderão reverter a interdição do prédio principal da instituição do Extremo-Sul da Capital.
Faltando poucos dias para o início do ano letivo, os pais temem que as 170 crianças do primeiro ao nono ano voltem a ter aulas em salas improvisadas porque, desde novembro de 2016, um temporal destelhou o pavilhão onde funcionavam três salas de aula, secretaria, sala dos professores, sala da direção e cozinha, e nenhuma providência foi tomada ainda pela secretaria.
De acordo com a vice-diretora Regina Maria Poitevin Pacheco, que leciona na escola há duas décadas, a equipe diretiva garante que haverá aula a partir do dia 6 de março. O galpão de costaneira que abrigou os alunos no ano passado, a biblioteca e outros espaços serão utilizados novamente, para que os estudantes não sejam prejudicados. Outra vez os turnos serão reduzidos a três horas.
– A gente tem bastante criatividade, cansamos de dar aulas no pátio, não vamos deixar os nossos alunos. Mas os professores estão cansados e chateados – lamenta Regina.
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Enquanto a Seduc não começa a reforma, os materiais no prédio interditado seguem se deteriorando. Além de classes e cadeiras das salas de aula, mobiliário da sala dos professores, instrumentos musicais e outros equipamentos foram perdidos pela ação do tempo. Um cartaz na porta, colocado pela Secretaria de Obras Públicas, informa o risco à segurança e integridade física das pessoas que utilizam o espaço.
Como não viu a mobilização de trabalhadores da construção civil atuando na Heitor Villa Lobos, a dona de casa Lurdes Sodré, 49 anos, procurou a escola para transferir o filho Vinícius Sodré Pommer, 13 anos, do nono ano, para outro colégio.
– Colocaram duas turmas no lugar de uma, não tinha luz, a merenda era só bolacha e suco. As professoras se esforçaram, mas não tem como começar outro ano letivo nessa precariedade – lamenta Lurdes.
A mãe tem razão. Sem energia elétrica, telefone e internet, boa parte do trabalho burocrático a direção vem fazendo em casa. Por causa da falta de energia, os alimentos refrigerados ficam provisoriamente no freezer de um comerciante próximo. A água gelada para amenizar o calor vinha sendo doada pelos pais de alunos. E as reuniões, feitas na cozinha. Com a cerca no entorno da escola arrebentada, a insegurança do local é outra preocupação.
O Diário Gaúcho já mostrou o drama da escola
Em 2013, o Diário Gaúcho fez uma reportagem sobre escolas que, por não possuírem autorização formal de uso dos terrenos, perdiam melhorias. Uma delas era a Heitor Villa Lobos, no Lami, está em um lote doado. A instituição chegou a figurar entre as mais de mil escolas do Estado que receberiam o Plano de Necessidades de Obras (PNO), mas foi retirada por problemas na documentação do terreno – a intenção era ampliar para oferecer também o ensino médio. O plano foi extinto antes do final do último governo.
O que diz a Seduc
A secretaria informou que o projeto da reforma já foi concluído e, atualmente, está sendo revisado pela Secretaria Estadual de Obras. O orçamento é de
R$ 163.368,55. Nesta semana, a direção da escola se reunirá com a 1ª Coordenadoria Regional de Educação (Cre) para discutir o local onde será o início das aulas.
– Vamos ter que ver uma alternativa – observa o secretário.
Luís Alcoba afirma que no ano passado foi liberado recurso para 353 escolas, valores até R$ 150 mil, diretamente para as equipes diretivas, por meio da autonomia financeira. A finalidade é resolver necessidades de obras emergenciais, mas que não precisam de projeto.
Para agilizar os casos em que as obras precisam de projetos, a secretaria de Educação fez um termo de cooperação com a secretaria de Obras Públicas e criou uma força-tarefa com oito engenheiros e arquitetos para atuação em casos mais urgentes.
– O que precisa de projeto depende de engenheiros, arquitetos, tramitação.
Na Lomba do Pinheiro, prédio novo não será usado
Frustração. Esse é o sentimento que a diretora da Escola Estadual Maria Cristina Chiká, na Lomba do Pinheiro, Ivelise Villaniva Camboim, vive desde que o prédio de três pavimentos, sonhado pela comunidade há mais de 15 anos, foi concluído no final do ano passado, mas não pode ser usado. O motivo é a falta de uma subestação de energia. Ivelise explica que é necessário aguardar a licitação para que a demanda seja atendida.
– Não temos como começar as aulas aqui. Precisamos de uma subestação que tenha cabos mais resistentes, que aguentem a demanda de energia – observa a diretora, que vem mandando ofícios e e-mails à Seduc a fim de agilizar a solução do entrave.
Enquanto no prédio há 15 salas novinhas, banheiros com acessibilidade, elevador, além de uma área coberta para prática esportiva, os 740 alunos precisarão revezar-se novamente em quatro turnos, suportar o espaço diminuto, a falta de intervalos e o calor principalmente nas salas de aula emergenciais que estão no pátio desde 2015.
Ver o belo prédio pronto sabendo que a rotina de privações vai permanecer, de acordo com a diretora, vem descontentando os pais, que pretendem organizar manifestações e integrar uma comissão para ir à Seduc buscar uma solução.
– É decepcionante ter toda essa estrutura, essa escola maravilhosa e não poder usufruir. Enquanto isso, as crianças estão num cubículo, enfrentando um calor imenso – lamenta Ivelise.
O Diário Gaúcho acompanha essa espera
Em outubro de 2014, o Diário Gaúcho estampou em sua capa do dia 8, uma manchete que resumia a alegria de uma comunidade escolar diante da notícia de que a espera de quase 15 anos estava prestes a ter fim.
O anúncio da construção de um prédio para dar fim ao improviso por conta das más condições do espaço físico havia sido feito e a expectativa pela obra era grande.
A obra teve início, foi realizada, o prédio é motivo de orgulho para a comunidade escolar, mas novamente um ano letivo se inicia em meio à precariedade.
O que diz a Seduc
O secretário Luís Alcoba afirma que Heitor Villa Lobos e Chiká estão entre as prioridades da secretaria. Ele reconhece que para um bom rendimento escolar é necessário um bom ambiente.
– Estamos correndo contra o tempo para conseguirmos atender e colocar as escolas em funcionamento. Mas tem a parte burocrática que é difícil vencer – garante.
No caso da Chiká, o secretário diz que houve divergências em relação aos pagamentos e foi necessário fazer aditivos. Há expectativa de que por volta da segunda semana de aulas o problema esteja encaminhado.
– As obras que mais nos preocupam são as que se não fizermos o mais rápido possível as escolas não podem funcionar – explica.
Escolas em processo de obra na Capital
/// Fase de contrato: Desiderio Torquato Finamor, Henrique Farjat, Porto Alegre, 1º de Maio, Dom Diogo de Souza, Dr. Gustavo Armbrust, Inácio Montanha, Jardim Vila Nova, José Feijó, Júlio de Castilhos, Odila Gay da Fonseca, Oscar Schmitt, Padre Rambo, Profª Violeta Magalhães, Prof. Otavio de Souza, Rafaela Remião, Visconde de Rio Grande
/// Fase de projeto: Cônego Paulo de Nadal, General Flores da Cunha, Brigadeiro Silva Paes, Almirante Álvaro Alberto da Motta, Cidade Jardim, Fernando Ferrari, Santa Rosa, Mané Garrincha, Infante Dom Henrique, Irmão Pedro
/// Fase de licitação: Maria José Mabilde, Prof. Elmano Lauffer Leal, Agrônomo Pedro Pereira, Brigadeiro Eduardo Gomes, Camila Furtado Alves, Ceará, Cristóvão Colombo, David Canabarro, Doutor Herophilo Carvalho de Azambuja, Dr. Oscar Tollens, Florinda Tubino Sampaio, Humaitá, Marechal Floriano Peixoto, Monsenhor Leopoldo Hoff, Paula Soares, Presidente Costa e Silva, Presidente Roosevelt, Prof. Carlos Rodrigues da Silva, Prof. Sarmento Leite, Prof. Oscar Pereira, Protásio Alves, Rafael Pinto Bandeira, Recanto da Alegria, República Argentina, Roque Gonzales, Santa Luzia, William Richard Schisler, Alberto Torres, Anita Garibaldi, Cândido José Godói, Coronel Afonso Emílio Massot, Décio Martins Costa, Dom João Becker, Dr. Carlos Barbosa Gonçalves, Dr. José Carlos Ferreira, Dr. Glicério Alves, Eng. Rodolfo Ahrons, Eng. Ildo Meneghetti, Fabíola Pinto Dornelles, Fernando Gomes, Hospital de Clínicas de Porto Alegre Centro de Referência em Educação Profissionalizante, José do Patrocínio, Olegário Mariano, Padre Réus, Paraíba, Paraná, Prof. Alcides Cunha, Profª Thereza Noronha Carvalho, Profª Marieta da Cunha Silva, Profª Marina Martins de Souza, Santos Dumont, São Caetano, Senador Ernesto Dornelles, Três de Outubro
/// Fase de execução: Tancredo Neves, Bahia, Venezuela, Aurélio Reis, Candido Portinari, Dr. Martins Costa Jr., General Flores da Cunha, Paulo da Gama, Rio Branco, Santa Rosa