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Solidariedade

Alunos de barbearia oferecem serviço voluntário a moradores de rua, idosos e crianças em abrigos

Iniciativa surgiu em prática do curso e já alcançou 18 voluntários

29/07/2017 - 06h00min

Atualizada em: 29/07/2017 - 09h32min


Schirlei Alves
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Iasmim Pintos, Ivan Kramer e Juliana Alves são os idealizadores do projeto

Seu Aristeo Alves de Oliveira, 63 anos, e os 21 colegas que moram no Lar São Francisco de Assis, em Canoas, tiveram uma tarde diferente na última sexta-feira. O jardim da casa geriátrica se transformou em um salão de beleza. O idoso natural de Cascavel, no Paraná, não tem família em Canoas, por isso, prefere morar no lar.

Vaidoso como é, fez questão de cortar o cabelo e fazer a barba com o grupo de voluntários que chegou à casa. Ele gosta de estar com boa aparência para receber as visitas, ainda que sejam parentes dos outros idosos. A distância da família não tira o sorriso de seu Oliveira, que está sempre de bem com vida.

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– Eu gosto de cortar o cabelo, fazer a barba e cortar as unhas. Quem é que não gosta de ficar bem ajeitadinho, né? A vida é muito boa! – disse em meio a sorrisos.

A satisfação de quem recebe o serviço, assim como a de seu Oliveira, é o pagamento para os Barbeiros Voluntários. A ideia de fazer o trabalho de forma gratuita em asilos, abrigos e com moradores de rua surgiu de uma prática no curso de barbearia.

Os alunos Ivan Kramer, 28, Iasmim Pintos, 20, e Juliana Alves, 32, tiveram a missão de cortar o cabelo de moradores de rua valendo nota para uma disciplina do curso. O que eles não imaginavam é que a tarefa de aula serviria de inspiração e mudaria a vida deles. O trio se uniu e decidiu continuar ofertando novo visual a quem precisa.

Seu Aristeo Alves de Oliveira, 63 anos, gostou do resultado

Agenda lotada

Quase dois meses depois, a vontade de ajudar contagiou outros 15 voluntários que se revezam na empreitada. A agenda do grupo está sempre lotada. Até o descanso do final de semana acaba sendo trocado pela satisfação em ajudar o outro. Disposição é o que não falta para a turma de jovens.

– Esse trabalho mudou o nossos dia a dia. Não é porque é morador de rua que nós vamos tratar diferente. São seres humanos e merecem ter um visual novo. Outro dia, atendi um nutricionista que falava três línguas e estava morando na rua. Cada corte de cabelo é uma história que a gente conhece – contou Kramer.

– Eles ficam felizes e agradecem. Muitas vezes, saem chorando de alegria e a gente chora junto. É uma forma de perceber que ninguém é invisível, basta querer enxergar a outra pessoa – completa Iasmin.

Iniciativa doa atenção e carinho

Os estudantes se deram conta que, além de levantar a autoestima dos idosos e dos moradores de rua, o trabalho deles é uma forma de doar atenção e carinho.

– Existem vários grupos que fazem doações de alimentos e roupas. Mas faltava alguém para prestar esse serviço de barbearia. Estamos procurando mais voluntários e queremos que nos procurem para que possamos ajudar ainda mais pessoas – disse Ivan, entusiasmado.

– Nós achamos que temos problemas, mas, ouvindo a realidade de outras pessoas percebemos que as nossas dificuldades não são nada – completou Juliana.

O grupo de voluntários visitou outras casas de idosos ao longa da sexta-feira. No domingo, eles pretendem fazer uma grande ação em frente a Catedral de Porto Alegre aos moradores de rua. Um almoço também será servido por outras organizações voluntárias. A igreja vai ceder energia elétrica para que os barbeiros possam usar os equipamentos de trabalho.

Serviço
O que: Corte de de cabelo e barbearia a moradores de rua
Onde: Catedral de Porto Alegre, Rua Duque de Caxias, 1047
Quando: 30/07/2017
Horário: a partir de 10h



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