Notícias



Habitação

Ex-moradores da Ilha do Pavão são transferidos para prédio público

As 20 famílias receberão a visita da Promotoria da Ordem Urbanística de Porto Alegre 

25/08/2017 - 17h11min

Atualizada em: 25/08/2017 - 17h11min


Aline Custódio
Aline Custódio
Enviar E-mail
Lucas se mudou para o novo lar provisório. Ele dividirá o local com mais 20 famílias

Depois de um mês perambulando por prédios abandonados de Porto Alegre, as cerca de 20 famílias da Ilha do Pavão que fugiram da violência na região e acabaram tendo as casas destruídas pela concessionária Triunfo Concepa ganharam um teto, ainda provisório. Abrigadas num prédio cedido pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, que não pode ter o endereço divulgado por questões de segurança, elas começaram a ser cadastradas pela Fasc para terem as necessidades supridas, principalmente, comida e roupas. No grupo, são mais de 50 crianças com até 12 anos de idade. Segundo a Secretaria, todos ficarão no local por tempo indeterminado.

No final de junho, parte das famílias teria sido expulsa da Ilha pelo tráfico. A outra, saiu por medo dos tiroteios diários. Com a intenção de retornarem em algum momento, deixaram os móveis e até cachorros nas casas, sob os cuidados dos vizinhos que continuaram na Ilha. Quando decidiram retornar, depararam com tratores e caminhões demolindo as casas de madeira da entrada da Pavão. Elas afirmam terem sido surpreendidas com a demolição das moradias, que começou em 15 de agosto, numa ação envolvendo a concessionária da rodovia, Triunfo Concepa, e desaprovada pelo Ministério Público. Até os postes comprados por R$ 800 para a instalação da energia elétrica haviam sido levados.

Lucas enquanto vivia no galpão abandonado

Sem ajuda do poder público, passaram a ocupar um galpão abandonado, sem água, luz ou sanitários nas margens da freeway. O pintor Lucas Souza, 30 anos, que nasceu e se criou na Ilha, foi um dos que decidiu fugir por temer pela vida dos filhos de dez e 11 anos. Na sexta-feira, ele comemorava a nova mudança. Desta vez, para um lugar com banheiro, portas, janelas e teto.

– Aqui, pelo menos, temos um teto para abrigar nossos filhos. A gente espera que a prefeitura encontre uma solução para o nosso problema – comentou, enquanto ajudava os vizinhos com a mudança do pouco que restou para cada um.Casas

Casas nas margens da BR-290 foram demolidas pela concessionária

Ao tomar conhecimento da ação, na quinta-feira passada, o promotor da Promotoria da Ordem Urbanística de Porto Alegre, Cláudio Ari Melo, condenou a decisão. Ele visitará as famílias na próxima segunda-feira para dar seguimento ao expediente que investigará a ação da concessionária.

– São famílias que viviam numa ocupação consolidada há décadas. Mesmo que não estivessem nas suas casas, havia a possibilidade do retorno. Foi uma solução radical – afirmou.

Por meio de nota, a Triunfo Concepa informou que as casas demolidas estavam vazias e que há fotos e vídeo mostrando a situação de cada uma no momento da destruição. Houve cercamento da área e placas foram instaladas indicando que não se pode utilizar o espaço. A concessionária ressaltou que houve uma reunião envolvendo atuais moradores da Ilha e representantes do Centro de Relações Institucionais e Participativo Ilhas, ligado à Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Apesar de a Triunfo Concepa afirmar que a prefeitura sabia da demolição das casas, a secretária municipal de Desenvolvimento Social, Maria de Fátima Palludo, disse desconhecer a situação.

A concessionária alega que os moradores solicitaram ajuda para a demolição das casas e para mudança para outros locais. Eles temiam que as casas fossem invadidas por outras pessoas, já que estavam ocorrendo saques nas moradias. Foram removidas 16 moradias e os entulhos que restaram após incêndios que aconteceram.



MAIS SOBRE

Últimas Notícias