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Seu problema é nosso

Idosa luta para receber bolsas coletoras do Estado

Vítima de câncer em várias partes do corpo, como estômago, útero e ovários, Marta passou por cerca de 30 cirurgias, por esta razão, necessita das bolsas de colostomia e urostomia

19/12/2017 - 13h34min

Atualizada em: 19/12/2017 - 13h34min


Dignidade é a palavra que move Marta Terezinha de Soares, 57 anos. É pela busca desta dignidade que a aposentada, moradora do bairro Menino Deus, em Porto Alegre, luta há anos para receber corretamente do Estado bolsas de colostomia e urostomia. 

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Vítima de câncer em várias partes do corpo, como estômago, útero e ovários, Marta passou por cerca de 30 cirurgias, conforme recorda. Ela já não possui mais o intestino grosso e a uretra. Por esta razão, necessita das bolsas de colostomia e urostomia. Os acessórios auxiliam no recolhimento da urina (urostomia) e das fezes (colostomia) da aposentada. 

Justiça Há alguns anos, segundo Marta, foi concedido a ela, por meio de ação judicial, o direito ao recebimento de 40 bolsas mensais — 20 para urina e outras 20 para fezes. Entretanto, desde o início deste ano, o Estado não vem cumprindo a ordem da Justiça. 

— Em um mês vem, no outro, não. Uma hora entregam seis de uma, mas nenhuma da outra. Só mandam continuar ligando para ver quando terá em estoque — relata a moradora da Capital. 

Neste mês, por exemplo, Marta recebeu apenas dez bolsas de urostomia. As de colostomia "estão sem previsão de serem entregues", conta ela. 

Em função das operações pelas quais passou e ainda em função de uma trombose que lhe atingiu uma das pernas, a aposentada tem sérias dificuldades de locomoção, que tornam ainda mais dolorosas as idas ao Centro de Saúde Santa Marta, no Centro Histórico, onde retira os acessórios. 

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— Não tenho como ir lá sempre, então fico ligando todo dia para saber se chegou — conta ela sobre a espera pelas bolsas. 

Alto custo

Enquanto não consegue receber do Estado, Marta precisa tirar do próprio bolso para comprar os equipamentos que, segundo ela, custam cerca de R$ 20 cada, considerando as opções "mais baratas". 

Além das bolsas, a aposentada também recebia do Estado uma película protetora de silicone, que era colocada entre a pele e a bolsa de colostomia. O silicone é usado para proteger o corpo de possíveis queimaduras causadas pela acidez dos resíduos intestinais. Porém, há mais de um ano, essas películas também estão em falta. 

— Não sei mais o que fazer. O Estado queria me dar só seis bolsas por mês, mas a gente precisa tomar banho, ter a nossa higiene pessoal. Não tem como ficar com uma bolsa mais de dois dias, não tem como viver somente com seis por mês — desabafa Marta. 

Unidades receberão material amanhã 

Na tarde de sextafeira, o Diário Gaúcho entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde (SES) para obter uma resposta sobre o caso de Marta.

A SES foi questionada sobre os motivos para o descumprimento da ordem judicial que determina o recebimento das bolsas por Marta. A secretaria também foi perguntada sobre os motivos de os acessórios estarem em falta no estoque e quando seria a previsão para a aposentada voltasse a receber normalmente as bolsas. 

Segundo a secretaria, "durante o segundo semestre deste ano, houve problemas no processo de compra destes materiais e consequente desabastecimento de alguns itens". 

A secretaria esclareceu que a situação foi resolvida e, a partir de amanhã, as unidades que distribuem as bolsas — a aposentada retira os acessórios no Centro de Saúde Santa Marta — poderão fazer a retirada dos materiais na Divisão de Suprimentos do Estado. Entretanto, não foi dada previsão para que a paciente já possa retirar as bolsas no centro de saúde. 

*Produção: Alberi Neto

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