Seu problema é nosso
Anos de alagamentos obrigam moradores a construir muretas em rua na Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre
Trecho de 400 metros alaga sempre que chove, e moradores dizem não ter resposta da prefeitura sobre o caso
Toda vez que chove no bairro Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, moradores da Rua Catuipe ficam ilhados, sem poderem sair de casa. Um trecho de 400 metros da via alaga completamente. Quem precisa ir trabalhar ou ir à escola, precisa atravessar a água da chuva como pode.
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O problema foi registrado no aplicativo Pelas Ruas, do Grupo RBS. Mas não é novo. O Diário Gaúcho já noticiou o assunto em 13 de agosto de 2013 — na época, a extinta Secretaria Municipal de Obras e Viação (atual Smim) afirmou que a população deveria procurar o Orçamento Participativo, a implantação de uma rede de esgoto pluvial.
De acordo com a diarista Débora Casseres, 35 anos, que mora na região há três décadas, os alagamentos acontecem desde que ela mora na região, mesmo após a instalação de dois bueiros no local. É um problema crônico: como as reclamações feitas à prefeitura não são atendidas, conta, os moradores se acostumaram com as dificuldades enfrentadas. A solução encontrada foi construir muretas para evitar que a água invada os terrenos.
— Tá horrível a situação. É um abandono, um descaso. A prefeitura vem, dá uma olhada e não faz nada. Nem Uber passa por aqui com medo de estragar o carro. Meu irmão é cadeirante aposentado; há alguns dias, tivemos de atravessar a aguaceira toda pra chegar em casa — conta Débora.
Arrependimento
A secretária executiva Fabiana Hauschild, 40 anos, mora no local há três anos. Ela decidiu se mudar de um apartamento no mesmo bairro para uma casa para ter mais espaço com a filha Fabiele, sete anos. Se arrependeu. No inverno, em que as chuvas passam a ser mais frequentes e fortes, ela é impedida de ir ao trabalho e levar a filha à escola.
Desde que se mudou, ela já abriu 19 protocolos sobre o estado da rua no telefone 156, que é a orientação padrão da prefeitura para pedidos de reparos e manutenção em vias públicas. Dezesseis desses protocolos constam como concluídos no sistema; os alagamentos e o mau estado da via, no entanto, continuam acontecendo.
— Eu vim pra cá pensando na minha filha, mas, no fim, só piorei tudo. Se eu pudesse voltar o tempo, nem teria me mudado. É um arrependimento. A sorte é que eu tenho carro, às vezes, dá pra passar devagarinho, mas tem dias que é impossível — relata a moradora.
Sem empresa para realizar as obras
Questionada, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) informou que os protocolos concluídos tratavam-se de serviços paliativos devido à "falta de uma empresa contratada para pequenas obras". Nesta semana, a Divisão de Manutenção de Águas Pluviais (Dmap) irá vistoriar o local para avaliar que obras serão necessárias para "minimizar os impactos das águas da chuva no local".