Foi das mãos de João Pedro Stork, 16 anos, que saiu o primeiro gol do treino de futsal do projeto Futebol Social, no Ginásio Municipal Celso Morbach, em São Leopoldo, na terça-feira passada. O estudante do 9º ano da Escola Paulo Beck nasceu sem os movimentos das pernas, mas, em vez de utilizar uma cadeira de rodas, optou pelo skate para se locomover e praticar o esporte.

O que poderia ser um empecilho, João transforma em energia na quadra. Nos treinos, é disputado na hora da escolha dos times.

Aos quatro anos, ele ganhou da mãe, Carmen Regina, a primeira bola. Incentivado por ela e pelo avô, Carlos, o menino começou a ensaiar seus primeiros toques ao lado do irmão Gabriel. 

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Desde de 2012, entre idas e vindas, João participa do projeto. Em cima do skate, com a mão esquerda ele dá impulso. Com a direita, trabalha a bola, faz os passes e manda para o gol. 

– É muito bom estar aqui. Não me diferenciam, muito pelo contrário. Sempre me trataram muito bem – conta o tímido João.

Inicialmente, começou no gol, mas, atualmente, joga na linha. Sua posição preferida é na frente. Em quadra, é notável o entrosamento com os outros jogadores. 

– Para mim, é muito importante jogar. Me motiva – afirma.

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Dedicação
João também já nadou e fez judô. Hoje, por falta de condições financeiras, participa apenas do futsal. Em dias ensolarados, desloca-se sozinho até o ginásio, sempre de skate. Em dias chuvosos, o avô o leva.

– Mesmo nos dias de chuva eu venho. Vou me esforçar para estar todas as terças e quintas aqui – reitera o menino, que, enquanto conversava com a reportagem, olhava ansioso para a quadra, preocupado em perder o início do treino.

Sonho de seguir carreira profissional
O sonho do João é jogar em uma equipe profissional. 

– Se tiver a oportunidade, quero crescer profissionalmente com o esporte. Para poder ajudar minha família financeiramente também – diz.

Para ele, o esporte é fundamental:

– É uma coisa muita boa, que pode levar você a ser mais forte.

João conta que é independente. Em casa, ajuda a mãe com as tarefas domésticas. O uso da cadeira de rodas é apenas em situações especiais: quando vai a lugares com grande movimento ou nos jogos do Grêmio. Para o resto, só skate:

– Quando me oferecem ajuda, digo que não precisa, sei que posso fazer.