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Com 55 anos de carreira, artista promove encontro de mulheres gaiteiras

Maria Celoi, moradora de Canoas, começou a tocar o instrumento quando tinha apenas 10 anos

12/11/2018 - 08h30min


Elana Mazon
Elana Mazon
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Júlio Cordeiro / Agencia RBS
Artista já tocou ao lado de Teixeirinha

Gaiteira há 55 anos, Maria Celoi, 65 anos, faz parte da história da música tradicionalista gaúcha. Hoje moradora do bairro Guajuviras, em Canoas, ela iniciou a carreira aos 10 anos, fazendo dupla com seu pai, Vicente Xavier de Souza, em Rio Grande, no sul do Estado.

Anos depois, trabalhou com Teixeirinha (1927 – 1985) quando Mary Terezinha, parceira de palco do músico, precisou se afastar do trabalho. Ainda formou outras duplas, seguiu carreira solo e deu aulas de música. 

Em dezembro, promoverá, pelo terceiro ano consecutivo, o Encontro de Gaiteiras, evento que reúne mulheres apaixonadas pelo instrumento.

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Início de tudo

Foi em um programa de calouros no rádio que Vicente e a filha Maria Celoi, conhecidos como Gaúcho Alegre e Gauchinha Mirim, viram a carreira da dupla decolar. Os dois tiraram primeiro lugar na atração e, dois anos depois, mudaram-se para Porto Alegre. Foi a solução encontrada para que conseguissem dar conta do volume de trabalho.

Quando Maria tinha 13 anos, Vicente ouviu no rádio que Teixeirinha, ícone da música gaúcha, estava em busca de uma substituta para Mary Terezinha, sua companheira de palco, que estava grávida.

– Fui fazer um teste e, como eu sabia todo o repertório deles, pois tocava nos meus shows, foi fácil. Na mesma hora, ele deu uma risadinha e disse: “Tá contratada, guria” – conta Maria.

Júlio Cordeiro / Agencia RBS
Aos 10 anos, Maria usava o nome Gauchinha Mirim

Internacional

Depois de um ano, Mary Terezinha voltou aos palcos, e Maria, à dupla com seu pai. Mas, por sugestão de Teixeirinha, deixou de usar o nome Gauchinha Mirim:

– Eu já tinha 14 anos. Decidi usar meu nome, mesmo, e assim sou conhecida desde então.

Nesta época, sempre que Mary precisava se ausentar, Maria era chamada. Quando tinha 21 anos, já casada, foi convidada para viajar ao Canadá, pois a parceira de Teixeirinha tinha quebrado a perna em um acidente de carro.

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– Meu então marido, Luis Fernando, foi comigo. Foi inesquecível – conta.

Desafios vencidos

Maria conta que os homens que passaram por sua vida – o pai, o marido e outros músicos com quem formou dupla ao longo da carreira – sempre tomaram conta dos assuntos burocráticos.

– Só saía para participar de um programa ou tocar em um baile – conta ela.

Com o tempo, já viúva, teve de encontrar outros meios de se sustentar. Passou a dar aulas de música e abriu um salão de beleza em Canoas. O que não falta a Maria é orgulho de sua história:

– Eu me sinto uma guerreira. Continuo tocando. Meu trabalho abriu caminho para outras gerações.

Quer participar ou conferir?

Dar visibilidade para o trabalho de mulheres que se dedicam à gaita é o objetivo de Maria Celoi com o Encontro de Gaiteiras. 

A terceira edição do evento ocorrerá em 7 de dezembro, em Cachoeirinha.

– No primeiro encontro, reunimos sete artistas. No segundo, foram cinco. São artistas incríveis. Para 2018, esperamos mais gente – diz Maria Celoi, que defende o evento como forma de divulgação para artistas:

– Sabemos que existem mais gaiteiras pelo Estado. Não é fácil de reunir, pois algumas moram no Interior ou não trabalham apenas com a música. Mas estão todas convidadas. Quem comparecer poderá se apresentar no evento, também é uma oportunidade.

Tudo sobre o evento

/// O quê: terceira edição do Encontro de Gaiteiras

/// Quando: 7 de dezembro, a partir das 21h

/// Onde: Recanto do Zezinho (Rua São João, 110, bairro Vista Alegre, em Cachoeirinha)

/// Quanto: R$ 25 (jantar)

/// Gaiteiras interessadas em participar podem entrar em contato com Maria Celoi pelo telefone (51) 99821-0930 



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