EXPLICA AÍ
O Diário Gaúcho te ajuda a entender a onda de violência que atinge o Ceará
Quem explica a situação é o repórter Rafael Divério, que acompanha a situação diretamente do Ceará
O Ceará vive, desde 2 de janeiro, uma onda de ataques realizados por facções criminosas em repúdio à posse no secretário estadual de Administração Penitenciária, Luís Mauro Albuquerque. O Diário Gaúcho convidou o repórter Rafael Divério, que está no Ceará, para explicar a situação.
O que está acontecendo no Ceará?
Desde 2 de janeiro, o Ceará vive sob uma onda de ataques contra prédios públicos, transportes coletivos, comércios e até em pontes e viadutos. Foram mais de 150 casos registrados. Até o momento, não há registro de mortos, mas um homem ficou ferido com gravidade após uma explosão. Lojas fecharam mais cedo alguns dias e a população mudou sua rotina, evitando circular pelas ruas à noite.
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Por que está acontecendo?
A violência começou após o governador Camilo Santana (PT) anunciar que Luís Mauro Albuquerque seria o secretário de Administração Penitenciária do Ceará. Ex-policial, Albuquerque adota o estilo linha-dura e ficou famoso por ser o secretário de segurança que conteve a rebelião na prisão de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, em 2017, quando presos foram mortos e mutilados. Na época, ele afastou alguns líderes das galerias e enviou outros para presídios federais, além de adotar medidas como bloquear sinal de celular e fazer pente-fino nas celas. Em seu discurso de posse no Ceará, prometeu repetir algumas ações. Contrariadas, facções iniciaram a série de ataques.
O que as autoridades estão fazendo para conter os ataques?
A Força Nacional chegou ao Ceará para socorrer a polícia militar. São 406 agentes que monitoram os alvos potenciais, como pontos turísticos e terminais rodoviários. Policiais de outros Estados, como Bahia e Piauí, também reforçam o efetivo. Até o momento, mais de 180 pessoas foram detidas. Segundo a PM cearense, 30% são adolescentes. A vigilância deve aumentar nos próximos dias, e o governador garantiu que não recuará da decisão de atuar com firmeza nas penitenciárias.