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Seu Problema é Nosso

Espera de um ano por cirurgia de catarata prejudica idosa em Porto Alegre

Helena Castro Alano, 71 anos, moradora do bairro Nonoai, na Capital, teve o diagnóstico da doença em fevereiro de 2018. Hospital prevê mais três meses de espera

07/03/2019 - 10h41min

Atualizada em: 07/03/2019 - 14h47min


Arquivo Pessoal / Arquivo pessoal
Solicitação para procedimento tem data de fevereiro do ano passado

— Eu não consigo mais ler. 

O hábito de passar alguns minutos cultivando a fé por meio dos livros não é mais possível para a dona de casa Helena Castro Alano, 71 anos, moradora do bairro Nonoai, na Capital. Em seu olho esquerdo, ela perdeu a visão devido a um problema de nascença. No outro — lesionado devido à catarata —, a idosa deixou de ter a capacidade de distinguir até objetos próximos. 

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Ela aguarda cirurgia para corrigir o problema do olho direito desde fevereiro de 2018. 

Limitações 

O problema de visão de Helena impacta também em sua mobilidade, já que a idosa não consegue observar elevações, buracos ou objetos no chão. Além disso, ela relata dificuldade em pegar ônibus e até mesmo andar à noite ou em dias chuvosos. 

— É bem difícil, não enxergo nada. Para pegar ônibus é um horror, não consigo ver o nome das linhas. Quando chove, eu não saio. Ver televisão também é difícil, tenho que chegar perto pra tentar ver a fisionomia das pessoas. Me sinto muito frustrada — relata a leitora. 

A preocupação com acidentes é uma constante na vida da família, conta o esposo de Helena, o comerciário aposentado Sílvio Alano, 75 anos. 

Comprometimento 

Ele relata o medo de quedas ou algo pior que possa acontecer com a companheira. 

— A gente tem muito cuidado. Se ela sair, pode cair e se machucar. Graças a Deus, não aconteceu nada ainda. Nós somos espíritas, e ela não pode nem mais ler sobre o tema, porque vê uma nuvem no olho. Estamos meio assustados pela demora. Já fiz uma reclamação na prefeitura. Nada tem resposta — relata Silvio. 

A catarata é uma lesão em uma parte do olho chamada cristalino. A “nuvem” relatada pelo esposo de Helena é resultado desse problema, afetando a camada superior à retina, impedindo a entrada da luz e causando a visão embaçada. O problema surge lentamente até comprometer a visão. 

Arquivo pessoal / Arquivo pessoal
Helena teve a mobilidade impactada pela "nuvem" no olho

Encaminhada 

O diagnóstico da doença veio em fevereiro de 2018, quando a idosa consultou um especialista na Unidade Básica de Saúde do IAPI, na zona norte de Porto Alegre. 

No mesmo mês, ela obteve o encaminhamento para realização de cirurgia de catarata no Hospital Banco de Olhos. Exames pré-operatórios foram feitos ao longo do mesmo ano da consulta, segundo Helena e Sílvio. No entanto, 12 meses se passaram e a idosa não foi chamada. 

— Eu estou na expectativa, mas não dão resposta nunca. Aí é só esperar. No dia da consulta perguntei para uma doutora “quando vai ser?”. Ela respondeu “vai ser esse ano, é bem ligeiro”. Mas até agora nada — informa Helena. 

Previsão de operação em até três meses 

A Secretaria Estadual de Saúde informou que, após consulta especializada regulada pelo Estado, a paciente foi encaminhada para o Hospital Banco de Olhos (HBO) em fevereiro de 2018. A partir dessa data, Helena fez o acompanhamento direto no HBO. 

Procurado pela reportagem, o hospital informou que a idosa está na fila para ser submetida ao procedimento chamado facectomia (a cirurgia de catarata). O comunicado oficial afirma que, “devido ao número de pacientes atendidos”, Helena será operada no “espaço de três meses”. 

Produção: Ásafe Bueno

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