Sapucaia do Sul
Após retirada de passarela para obras, alunos se arriscam na travessia da RS-118
Em trecho próximo a escola, guardas municipais controlam o trânsito nos horários de passagem de alunos.
Diariamente, cerca de 500 alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Afonso Guerreiro Lima, em Sapucaia do Sul, precisam atravessar a RS-118 para chegar ou sair da instituição. Até pouco mais de um ano e meio atrás, isso não era problema, já que existia uma passarela para a passagem de quem vive na região do bairro Boa Vista.
Entretanto, com a demolição da estrutura para obras na RS-118 – que está com trechos paralisados em razão de pedidos de recuperação judicial de uma das empresas que atuam no local e também por falta de repasses por parte do Estado –, caminhar onde só veículos deveriam trafegar virou rotina. Para remediar a situação, a prefeitura de Sapucaia do Sul adotou uma medida paliativa. Guardas municipais são deslocados quatro vezes ao dia para auxiliar pais e crianças na travessia da pista. Conforme o secretário municipal de Segurança e Trânsito, Arno Leonhardt, mesmo que os agentes estejam trabalhando em rodovia estadual, o serviço prestado é em benefício aos estudantes da rede municipal.
– Vale mais atuarmos assim, de forma conjunta e garantindo a segurança dos alunos do município – pontua o secretário.
Rotina
Perto do meio-dia de ontem, ao mesmo passo em que o horário de saída do colégio Guerreiro Lima se aproximava, o fluxo de pais cruzando a RS-118 em direção ao local também ia se acentuando. Buscar os filhos na escola é rotina de muitos responsáveis, que preferem não correr o risco de as crianças atravessarem a pista por conta, mesmo sob a supervisão de guardas municipais.
Por limitação de vagas, a dona de casa Valéria Rodrigues, 42 anos, teve de colocar os dois filhos – Brahyan, 10 anos, e Karol, seis anos – em turnos diferentes. Assim, precisa fazer o acompanhamento quatro vezes ao dia, pela manhã e à tarde. A obrigação virou empecilho para a ocupação dela, que era motorista de aplicativo.
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– Tinha que me deslocar por grandes distâncias. Como é uma situação que repito várias vezes ao dia, precisei parar com o trabalho – conta Valéria.
A moradora do bairro Boa Vista diz que já ligou para órgãos municipais e estaduais para questionar os prazos de reconstrução da passarela que existia no local, mas nunca obteve resposta definitiva.
Perigo no asfalto
O porteiro Patrick Antunes da Cruz, 22 anos, e sua esposa, a dona de casa Tháina Pires dos Santos, 24 anos, levam e trazem os dois filhos, Cristiano, oito anos, e Vinicius, seis anos. Conforme Tháina, a presença dos pais traz mais segurança para as crianças, já que a Guarda Municipal costuma ficar pouco tempo na pista.
Ontem, cerca de 20 minutos depois de as crianças serem liberadas, os três agentes deixaram a rodovia. Nos minutos seguintes, alguns alunos mais velhos e desacompanhados de adultos se arriscavam na travessia. Sem a guarda, pouquíssimos motoristas paravam para as crianças. Quando a oportunidade surgia, era preciso correr pelo asfalto.
Sem previsão
Conforme o secretário Arno Leonhardt, em recente agenda entre a prefeitura e o governo do Estado, membros do Executivo de Sapucaia do Sul receberam a notícia de que ainda não há previsão de a passarela ser reconstruída.
– Fomos informados apenas que a construção da passagem será tratada com prioridade pelo Estado, assim que existirem verbas para a obra – revela Arno.
Conforme o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER/RS), as passarelas antigas que existiam na RS-118 impediam o prosseguimento das obras. Por isso, elas foram retiradas. O departamento também explicou que a prefeitura de Sapucaia do Sul pediu a direção do DAER para utilizar os guardas municipais na travessia provisória.
Em nota, o órgão estadual informou que estão sendo desenvolvidos projetos para seis passarelas de pedestres na RS-118, no trecho entre Sapucaia do Sul e Gravataí. As passagens estariam situadas nos nos quilômetros 2,1; 2,6; 5,1; 10,4; 14,1 e 19,9. Entretanto, não foi dada previsão início de obras ou data de entrega das passarelas.
Em relação às obras na pista, o DAER diz que, no Lote 1 (do km 0 ao km 5), os serviços estão em andamento, mas não seguem o ritmo desejado pelo Governo do Estado. Já nos lotes 2 (do km 5 ao km 11) e 3 (do km 11 ao km 21,5, no entroncamento com a Freeway), os trabalhos estão parados por falta de recursos do Estado.