Só para moradores de rua
Como vai funcionar a alternativa provisória para quem dependida do Restaurante Popular
Depois do fechamento, organização internacional se apresentou para auxiliar a prefeitura no atendimento aos moradores de rua que ficaram sem o almoço que era servido no bairro Floresta
Veio de São Paulo a solução parcial e provisória para quem ficou sem ter onde almoçar após o fechamento do Restaurante Popular de Porto Alegre. No fim da manhã deste domingo (12), estacionou ao lado do Ginásio Tesourinha, no bairro Menino Deus, uma carreta da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA).
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O veículo, equipado com cozinha e lavanderia, atenderá provisoriamente moradores de rua que almoçavam no Restaurante Popular a partir desta segunda-feira. A ADRA fornecerá os voluntários para a preparação das refeições, enquanto a administração pública comprará com os alimentos. O serviço, porém, atenderá apenas moradores de rua.
Com o fim do contrato entre o município e a empresa Mix Refeições Corporativas, firmado em 2015, o bandejão, como era conhecido o estabelecimento com sede no bairro Floresta, teve seu último dia de funcionamento na quinta-feira passada. O local servia almoço por apenas R$ 1. A maioria dos clientes era composta por moradores de rua, pessoas em situação de vulnerabilidade social, aposentados, garis e famílias de baixa renda. O Diário Gaúcho acompanhou o caso durante a semana passada.
A prefeitura informou que novos restaurantes seriam abertos ainda neste ano, com atendimento gratuito e direcionado somente às pessoas em situação de rua. Entretanto, não havia sido apresentada uma opção para atender ao público que ficou desassistido enquanto isso. O cenário mudou no sábado, quando a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Esporte (SMDSE) confirmou a parceria com a ADRA e estabeleceu o local onde as refeições seriam servidas, uma sala do Ginásio Tesourinha.
Trajeto
O caminhão da entidade saiu de São Paulo, onde fica entre uma missão e outra, na madruga de sábado e chegou em Porto Alegre por volta das 11h deste domingo. O veículo roda o país auxiliando, principalmente, em cenários de catástrofes. Neste ano, o veículo passou pelo RS em outra ocasião, em Alegrete, na Fronteira Oeste, em razão das chuvas que atingiam a localidade. A última parada da carreta antes de vir para Porto Alegre foi em Brumadinho, Minas Gerais, após o rompimento da barragem da Vale.
Segundo o diretor regional da ADRA no Rio Grande do Sul, Landerson Serpa Antunes, a presença da entidade na Capital se dá em razão da preocupação da instituição com o funcionamento dos restaurantes populares. Segundo ele, quando a prefeitura lançou o primeiro edital para abertura de novos estabelecimentos deste tipo, a organização pensou em participar, mas desistiu em razão das condições para prestação do serviço.
— O edital era focado apenas em servir as refeições. Nós queremos um trabalho que vá além, que estabeleça um diálogo entre os moradores de rua e o poder público. Assim, ao menos, podemos apresentar opções para que eles deixem a rua — explica Landerson.
Agora, com o novo chamamento público sendo lançado, a ADRA pode ser uma das instituições a se candidatar para prestar os serviços de atendimento nos cinco restaurantes que a prefeitura promete abrir ainda neste ano. Os estabelecimentos ficarão em regiões distintas da cidade, com o objetivo descentralizar o atendimento. E, além de servir o almoço, o governo municipal quer realizar ações junto aos frequentadores para ressocializá-los.
— A ADRA vai trabalhar neste período de transição entre o fim do Restaurante Popular e os novos que vamos lançar. Entretanto, a própria instituição pode ser parceira nos novos empreendimentos — projeta Dari Pereira, Diretor-Geral de Direitos Humanos da SMDSE.
Atendimento pode durar três meses
A ideia da prefeitura é o que caminhão da ADRA atenda aos moradores de rua por, no máximo, três meses, conforme Dari. Este é o período esperado pela prefeitura para que os restaurantes estejam funcionando. Nestes novos locais, diferentemente do antigo Restaurante Popular, onde qualquer pessoa poderia almoçar pagando R$ 1, o atendimento será priorizado para os moradores de rua. Assim, os aposentados ou pessoas de baixa renda, público frequente do antigo estabelecimento, não terão acesso ao almoço.
Para almoçar no bandejão provisório, ao menos 174 moradores de rua já foram cadastrados pela prefeitura. As refeições serão servidas de segunda à sexta-feira, das 11h30 às 13h30. O responsável pelo setor de direitos humanos da SMDSE explica que os moradores de rua serão informados por equipes da prefeitura do novo local de atendimento.
— Eles veem pela imprensa, mas também iremos ao albergue municipal informá-los — garante Dari.
A localização no Ginásio Tesourinha não é fixa. Durante o tempo em que estará na Capital, a carreta da ADRA pode ser deslocada para outros pontos da cidade, caso a prefeitura ache necessário que o almoço seja servido em outros locais.