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Rodoviários planejam para quarta-feira mobilização contra projeto que acaba com a obrigatoriedade de cobradores

Ações, que serão definidas nesta terça, inicialmente não devem afetar a operação do transporte 

27/05/2019 - 19h09min

Atualizada em: 26/09/2019 - 17h14min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Jefferson Botega / Agencia RBS
Projeto não deixa claro se cobrança seria feita exclusivamente com o cartão TRI ou se motorista assumiria a função

O Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre (STETPOA) está organizando para quarta-feira (29) uma movimentação contra a proposta que determina o fim da obrigatoriedade dos cobradores nos ônibus. A intenção da classe é alertar os usuários do sistema de transporte público da Capital sobre a possibilidade de os coletivos deixarem de contar com os profissionais. 

As ações serão definidas em uma reunião marcada para esta terça-feira (28). A entidade diz que, inicialmente, as mobilizações não devem afetar a operação dos ônibus durante a quarta-feira. Entretanto, caso "a dificuldade em estabelecer um diálogo com a prefeitura permaneça", a classe não descarta a possibilidade de greve geral, paralisação ou operação-tartaruga. 

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A relação difícil entre os trabalhadores dos ônibus e a prefeitura é causada por um projeto do Executivo encaminhado à Câmara de Vereadores em 2017. O objetivo do texto é estabelecer o fim da obrigatoriedade da presença de cobradores nos coletivos.

 Inicialmente, a retirada seria nos itinerários que circulam entre 22h e 4h em dias úteis. Também em todos os domingos, feriados e dias de passe livre. Entretanto, os cobradores que pedirem demissão, forem demitidos por justa causa, aposentados, falecidos ou que tiverem suspensões no contrato de trabalho não precisariam ser substituídos. Assim, futuramente, a cobrança da passagem teria de ser feita pelo motorista ou exclusivamente pelo cartão TRI — o projeto não deixa isso claro.

Incerto

O temor dos rodoviários é que ocorram demissões depois da aprovação da lei, já que o número de cobradores necessários seria menor do que o contingente atual. Para quem está com a profissão em risco, a incerteza sobre o futuro preocupa.

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– Se acabarem (com os cobradores), eu ainda não saberia como me reinserir no mercado de trabalho. Acho que vai ser um desemprego em massa para a classe – lamenta Antônio Feijó, 25 anos, que há três anos e meio exerce a função de cobrador.

Atento ao avanço do tema na Câmara, Rafael Santos, 40 anos, se prepara para uma possível "aposentadoria forçada". Cobrador há onze anos, ele diz que busca fontes de renda alternativas. Porém, teme pelos colegas:

— Quem depende somente da renda deste trabalho irá passar por tempos difíceis. Também lamento pelos colegas motoristas, vão trabalhar em dobro.

Jefferson Botega / Agencia RBS
Rafael já busca fontes de renda alternativas

Além de exercer a cobrança das passagens, numa eventual saída dos cobradores, os motoristas também ficariam responsáveis por funções como o embarque e desembarque de cadeirantes, por exemplo.

— Imagina um ônibus saindo do Centro no horário de pico, onde o motorista precisa cobrar passagem, embarcar, desembarcar, enfim, fazer de tudo. Mesmo que seja algo para o futuro, vai ser complicado — projeto Gilmar Ventura, 51 anos, sendo 24 deles como motorista de ônibus.

Votação

A liderança do governo na Câmara informou que o projeto relacionado aos cobradores não tem previsão para ser votado. Entretanto, existe a intenção de que isso ocorra ainda neste ano, conforme a assessoria do vereador Mauro Pinheiro (REDE), líder do governo na Casa. 


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