Laços de Princesa
Projeto trabalha autoestima e solidariedade no Instituto Penal Feminino
Presas do regime semiaberto aprendem a confeccionar perucas de lã que serão doadas para crianças em tratamento contra o câncer
Com objetivo de proporcionar uma atividade criativa e ainda beneficiar crianças do Instituto do Câncer Infantil, presas do semiaberto do Instituto Penal Feminino de Porto Alegre participam, desde o início de julho, do projeto Laços de Princesa. A ideia é criar toucas e perucas inspiradas em personagens infantis e distribuir para as crianças de dois a 13 anos em tratamento contra o câncer, assim como ocorre desde 2014, nos Estados Unidos, no The Magic Yarn Project, que produz e distribui perucas inspiradas nas princesas e personagens da Disney.
Duas vezes por semana, as mulheres participam das aulas de crochê e aprendem a confeccionar os acessórios. Cerca de 15 alunas devem se formar no próximo mês. Duas delas serão escolhidas para levar as produções até o Instituto.
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— Sou a maior apoiadora delas, porque eu acredito que tudo o que vem em prol da transformação traz algum benefício. É tirar elas do ócio negativo. A cada laço, um entrelaçamento de amor — destaca Marlusa Netto, do Instituto Penal.
O tratamento de quimioterapia pode deixar o couro cabeludo das crianças sensível. Por isso, o uso das perucas de lã _ que também são laváveis _ traz mais conforto. Além disso, elas apresentam um lado lúdico para os pequenos que enfrentam a doença.
Oportunidade
Muitas alunas nunca tinham tido a chance de costurar ou fazer crochê. Conforme a professora Ceir Medina, em duas aulas já foi possível aprender a técnica. O empenho fez a produção inicial esperada pular de 20 para 50 toucas e perucas.
— Elas estão empenhadas e aprenderam muito rápido. Muitas se interessaram no curso pensando nos filhos — relata a professora.
Para adaptar as peças aos desenhos e filmes brasileiros, as alunas também fizeram perucas que lembravam outros personagens, como Emília, do Sítio do Picapau Amarelo, e a Magali, da Turma da Mônica.
— Eu já trabalho com artesanato, sei fazer um pouco de tudo, mas não sabia fazer a montagem da touca e os detalhes dela — explica Ceronita Canabarro, de 48 anos, uma das alunas.
As apenadas foram pré-selecionadas e tiveram preferência aquelas com penas maiores a serem cumpridas. Algumas já pensam em usar o aprendizado para gerar renda.
— Eu tinha vontade de aprender, mas nunca tinha tido a oportunidade. Agora que aprendi, quero fazer para os meus filhos e poder ter uma renda — disse Jaiane Ramos, de 24 anos.
Incentivo de diversos órgãos
A iniciativa é do Conselho da Comunidade para Assistência aos Apenados das Casas Prisionais Pertencentes às Jurisdições da Vara de Execuções Criminais (VEC), Vara de Execução de Penas e Medidas Alternativas de Porto Alegre (VEPMA) e da Susepe, sob coordenação da assistente social do Conselho da Comunidade, Danielle Dimare. O projeto recebeu apoio e incentivo da Diretora do Departamento de Tratamento Penal, Simone Messias Zanella, da administradora do Instituto Penal Feminino (SUSEPE), Marlusa Silveira Netto, da assistente social Paula Borges e do juiz da vara de execução de penas Luciano Losekann.
— Fizemos esse projeto pela questão social, para poder contribuir com as crianças e proporcionar uma capacitação profissional. As alunas ganharão certificado e, quem se interessar, poderá ganhar carteira de artesão — explica Danielle.
Os materiais para elaboração das perucas e toucas está sendo custeado por verbas pecuniárias destinadas pela VEPMA.