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Onde Anda Você?

Separadas por mais de meio século, irmãs se reencontram após publicação no DG

Zenóbia, 79 anos, e Olvira, 84 anos, conseguiram se reunir em um almoço histórico para parentes

09/09/2019 - 16h15min

Atualizada em: 09/09/2019 - 16h26min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Félix Zucco / Agencia RBS
Zenóbia (E) e Olvira eram só afeto, ontem

Interferir em um diálogo que demorou tantos anos anos para acontecer é algo complicado. Foi assim que a reportagem se sentiu diante das irmãs Olvira Pedroso de Freitas, 84 anos, e Zenóbia Pedroso Paulo, 79 anos, durante um almoço organizado no domingo (8), em Esteio

Assim que se viram, as duas não cessaram a conversa por minutos a fio. Abraçadas, tinham ânsia para relatar mais de meio século sem qualquer contato. Olvira chegou a dizer para a irmã que não havia dormido à noite, pensando no encontro. 

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Os olhos de Zenóbia brilharam ao rever a irmã, citando que a última lembrança que tinha dela é de quando iam juntas à escola, ainda crianças. 

Naturais de Encruzilhada do Sul, as duas foram separadas ainda meninas. Com o casamento e a mudança de um irmão para Sapucaia do Sul, Zenóbia veio a tiracolo, enviada pela mãe. Ela não lembra com clareza, mas tinha entre 12 e 15 anos. Desde então, nunca mais havia cruzado os olhos com os da irmã Olvira. 

Distantes, as duas cresceram e formaram família, mas nunca se esqueceram. 

Félix Zucco / Agencia RBS
Encontro da família

Publicação 

O desejo de Olvira em rever Zenóbia lhe fez pedir ao filho Edegar Francisco Pedroso Freitas, 49 anos, que escrevesse para a seção “Onde Anda Você?”, do DG. No pedido, Edegar escreveu pela mãe. Na pressa, calculou mal o tempo de afastamento, descrito como 35 anos. 

— Vou fazer 50 anos e não conhecia minha tia. Como a minha mãe já passou por cinco AVCs, a comunicação está mais difícil. Mas, quando conseguimos fazer o contato, a Zenóbia disse que havia saído de casa adolescente — contou. 

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Depois da divulgação no jornal, em agosto de 2018, alguns dias se passaram até haver um retorno. Em função das sequelas dos AVCs, Olvira mora com o filho em Santa Cruz do Sul, distante 100 quilômetros de Encruzilhada. Entretanto, na cidade berço da família Pedroso, foi deixada uma pista. 

— Alguém que nunca soubemos quem foi deixou o telefone da Olvira na casa de uma prima em Encruzilhada. Ela me passou e fi z a ligação. Foi incrível! Fizemos uma chamada de vídeo, quando se reviram pela primeira vez — conta Edegar. 

Questões de saúde adiaram encontro 

Para Zenóbia, o reencontro foi a materialização de noites em claro: 

— Tinha dias em que eu ia deitar e ficava tentando lembrar da família, de todos os irmãos. Sentia muita saudade dela, pois éramos próximas na infância. 

Mesmo com algumas limitações de mobilidade causadas pelos AVCs, Olvira falou bastante durante o almoço de ontem. Além de relatar a ansiedade para rever a irmã, deixou claro para a família o desejo por um novo encontro em breve. 

— A próxima visita será quando eles forem até Santa Cruz do Sul — disse ela. 

Motivação 

O tempo de quase um ano entre a publicação no jornal e o encontro das duas vertentes das famílias Pedroso foi motivado por alguns problemas. O quinto AVC de Olvira lhe deixou algum tempo no hospital. Para Zenóbia, um câncer de mama custou meses de tratamento, que ainda segue. Depois da cirurgia na área afetada, ela passará por sessões de radioterapia. 

Félix Zucco / Agencia RBS
Edegar, filho de Zenóbia, escreveu para a seção "Onde Anda Você?"

Para Elisonir Pedroso Paulo, 50 anos, filho de Zenóbia, a notícia de que a irmã estava viva lhe deu forças para seguir na luta contra o câncer: 

— Ela passou pelo tratamento animada com a ideia de que reencontraria a irmã. Essa notícia a ajudou a ser mais forte num momento tão complicado. 

Em princípio, a irmã que vive em Esteio seria levada até Santa Cruz. Depois, os planos mudaram, e Edegar trouxe a mãe a Esteio, onde a família da irmã mais nova vive atualmente. Para as irmãs, seus filhos, netos e demais parentes, o almoço de domingo foi certamente o primeiro encontro de outros que pretendem fazer. 



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