SAÚDE PÚBLICA
Após centralização, triplica número de ultrassonografias e ecografias realizadas nos postos de saúde de Porto Alegre
Exames que eram feitos em bairros passaram a ser oferecidos na Unidade de Saúde Santa Marta, no Centro Histórico. Atendimento foi repassado a entidade civil
Uma mudança no serviço de ecografias e ultrassonografias de Porto Alegre tem trazido resultados positivos para pacientes e prefeitura. O atendimento, que até seis meses atrás era realizado de maneira descentralizada e por servidores públicos, foi remodelado. Os ecógrafos espalhados pela cidade foram concentrados no mesmo lugar, o terceiro andar da Unidade de Saúde Santa Marta, no Centro Histórico. E o trabalho que era feito por profissionais da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) foi repassado a uma entidade civil. Apenas um aparelho seguiu sob os cuidados da prefeitura. É o que funciona no Centro de Saúde IAPI.
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Com isso, houve aumento considerável no número de exames realizados mensalmente. Neste ano, apenas entre abril e agosto, tempo em que o trabalho foi centralizado no Santa Marta, a média de exames mensais subiu para 1.101.
Neste mesmo período do ano passado, a média de solicitações atendidas estava em 362 – uma alta de 204%. Em todo o ano passado, foram feitos, em média, 356 atendimentos mensais.
Há seis meses, o pontapé inicial da operação focou nas duas especialidades que tinham as maiores filas, conforme o secretário: ultrassonografias do abdômen e transvaginais, além da ecografia de mamas. Comparando dados de setembro do ano passado com o mesmo período deste ano, houve diminuição de duas filas. Porém, a demanda por ecografias de mama aumentou 39,6% – de cerca de 8,6 mil para mais de 12 mil solicitações.
Quando a prefeitura de Porto Alegre contratualizou o serviço, conforme o Diário Gaúcho mostrou em março deste ano, a intenção era que o número de atendimentos chegasse aos 2 mil por mês. Conforme o secretário-adjunto da SMS, Natan Katz, essa meta deve ser atingida até o final do ano. Assim, as filas com tempo de espera mais longo devem apresentar maior diminuição no número de pessoas aguardando.
O secretário-adjunto explica os fatores para que o número ainda não tenha sido alcançado. Já são oferecidos os 2 mil agendamentos por mês, mas não são todos realizados em razão do não comparecimento de pacientes, que chega a quase 50% da agenda. Uma das razões é o sistema de agendamento de exames defasado e o antigo método de atendimento, que tinha uma média de realizações de poucos exames por mês. Com isso, a fila de espera por ecografias e ultrassonografias – que chegou a ultrapassar as 40 mil solicitações em setembro de 2018 – tornou-se um dos maiores gargalos da prefeitura:
– Além desta mudança, com o repasse do serviço a uma entidade, estamos criando um novo sistema de marcações de consultas. Ainda não temos os dados definitivos, mas acreditamos que a fila deva ter caído para cerca de 30 mil solicitações.
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Natan explica que, como as solicitações ficavam muito tempo aguardando, há casos de pacientes que fizeram os exames em clínicas particulares ou até não necessitam mais do procedimento, causando as faltas. No novo sistema, que será lançado em novembro, a comunicação com os pacientes será facilitada, garantindo um número maior de comparecimento aos exames.
Pacientes citam demora, mas elogiam atendimento
O Diário foi ao espaço onde os exames estão sendo realizados, no Centro. Coordenadora do trabalho, a radiologista Daniela Ezequiel Minuzzi explica que o tempo de espera varia entre os usuários:
– Algumas pessoas solicitam o exame e vêm aqui em menos de um mês. Mas, como a fila era bem extensa, existem casos bem antigos também.
O motorista Daniel da Silva, 49 anos, nem lembrava que tinha sido encaminhado para uma ultrassonografia do abdômen. O pedido foi feito há um ano, em uma unidade de saúde do bairro Cristal, na Zona Sul, onde ele vive. Mesmo sendo chamado um bom tempo depois da requisição, Daniel não deixou de comparecer. Ela recorda que a mãe faleceu esperando pelo mesmo exame.
– Me ligaram para marcar e fazia três anos que ela tinha falecido. Então, agora que está chamando mais rápido, não vou deixar de comparecer – explica Daniel.
Moradora do Centro Histórico, a técnica da enfermagem Márcia Padilha, 38 anos, esperou pouco menos de um ano pelo atendimento. Ela elogiou a qualidade do servido prestado no Santa Marta, ponderou apenas que gostaria de mais agilidade.
– Depois deste exame, vou tentar solicitar uma ultrassonografia do abdômen, espero que não demore tanto – torce Márcia.