Seu Problema é Nosso
Paciente precisa de encaminhamento ao especialista para tratamento de doença rara
Maria de Lourdes Arnold da Silva, moradora de Gravataí, é portadora de acromegalia e precisa passar por exames e análise médica para manter a estabilidade hormonal
Dores no corpo e indisposição para fazer as tarefas são sintomas frequentes na rotina da cabeleireira desempregada Maria de Lourdes Arnold da Silva, 55 anos. Moradora de Gravataí, ela é portadora de acromegalia — uma doença crônica provocada por excesso de produção do hormônio do crescimento na vida adulta, ocasionando o aumento do tamanho de mãos, pés e outras partes do corpo.
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Para tratar o problema, Maria já foi submetida a duas cirurgias, nos anos de 1999 e 2006, para a retirada de tumores na hipófise — glândula localizada na parte inferior do cérebro —, cujo aparecimento está relacionado com a produção de hormônios em excesso.
Sem cura
Contudo, não houve a cura, sendo necessário manter tratamento complementar a base de medicamentos. Desde então, ela tem recebido acompanhamento médico no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA).
— Sempre consultei com o médico endocrinologista para controle dos meus hormônios e para pegar as receitas dos medicamentos que preciso. Mas minha última consulta foi há cerca de sete meses. Além disso, a acromegalia deixa sequelas, como o desgaste dos ossos, dores no corpo, início de trombose e reumatismo — lamenta Maria de Lourdes.
Ela explica que, durante o atendimento com o médico, foi informada de que precisaria retornar ao posto de saúde da sua região para a retirada de um encaminhamento para consulta com especialista. Dessa forma, ela poderia voltar ao HCPA para a continuação do tratamento.
Dores
Sem entender o processo pelo qual teria de passar, Maria foi até a Unidade Básica de Saúde São Judas Tadeu, em Gravataí, e solicitou o encaminhamento. Contudo, desde 12 de abril deste ano, aguarda pela marcação do atendimento com o especialista.
— Minhas consultas eram de seis em seis meses, sempre me trataram lá. O médico até se mostrou chateado em não poder me acompanhar nesse período, enquanto espero a marcação. É como se eu tivesse um prazo para obter tratamento. Só que a minha doença não tem cura, então, não entendo. O problema é que minhas dores só aumentam. Preciso muito do acompanhamento médico – afirma a paciente.
Conforme Maria, o Estado fornece os medicamentos, mas, para tentar manter a estabilidade hormonal, ela precisa passar por exames e análise médica.
Não há previsão
Procurado pela reportagem, o Hospital de Clínicas afirma que “agiu em conformidade com os regramentos da Central de Regulação, que determina que os pacientes precisam ter um código da Central de Marcação de Consultas Especializadas (CMCE)”. Sendo assim, o Clínicas confirmou que Maria de Lourdes foi orientada sobre como proceder e que “o encaminhamento para o HCPA, para a continuidade do seu atendimento, deverá ser realizado através da Unidade Básica de Saúde”. Segundo a assessoria do hospital, foi exigido este código de pacientes mais antigos. Para alguns, ele foi gerado de forma automática. Porém, em outros casos, como o de Maria de Lourdes, foi solicitado o retorno ao posto de saúde.
Em contato com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), a assessoria explicou que o serviço da secretaria é encaminhar os pacientes à primeira consulta com o especialista, não havendo interferência posterior no tratamento iniciado pela instituição hospitalar. Em relação ao novo pedido, a SES afirma que ainda não foi solicitado pelo município.
A reportagem questionou a Secretaria Municipal de Saúde de Gravataí sobre o envio da solicitação de consulta ao Estado e o motivo da demora para o pedido entrar na Central de Regulação. Entretanto, não recebeu resposta até o fechamento desta matéria, às 17h de ontem.
Produção: Caroline Tidra