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Artigo de luxo

Alta no preço da carne faz vendas caírem e consumidores adaptarem cardápio: confira dicas para substituir o produto

Explicação para o aumento está no aumento das exportações para a China, que atingiu em cheio o bolso dos brasileiros

03/12/2019 - 05h00min


Jéssica Britto
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Fernando Gomes / Agencia RBS
Consumidor pesquisa e busca alternativas

Está na hora de tirar a gordurinha extra da carne, e não estamos falando aqui de saúde ou dando dicas para uma alimentação mais saudável. A questão é que, com o preço disparando nos açougues e mercados, o consumidor está freando o consumo da proteína. 

A explicação para o aumento é resultado da globalização e dos expressivos números de consumidores na China. Com o alargamento do volume destinado ao país asiático para garantir o abastecimento do mercado interno, especialmente em função do surto de peste suína, ampliou-se a demanda por todos os tipos de carne. O reflexo atingiu em cheio o bolso do brasileiro. 

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Atento, o consumidor começou a pesquisar e a avaliar melhor as compras. Na tarde de ontem, o servidor público José Eduardo de Leon, 65 anos, analisava balcão a balcão dos açougues do Mercado Público.

– Subiu bastante mesmo. Vou diminuir um pouco a quantidade, mas é difícil ficar sem o churrasco do fim de semana – garante.

Por vezes portadores das más notícias aos consumidores, os açougueiros servem de termômetro sobre o comportamento dos clientes. Conforme o vendedor Anderson Souza, 34 anos, os preços subiram de forma subsistente e hoje devem ter novo reajuste. O filé mignon que custava, em média, R$ 43 o quilo, agora está R$ 59 o quilo. A picanha, que estava a R$ 44,90 o quilo, ontem custava R$ 61,70 o quilo em açougues do Mercado. Até os cortes de segunda tiveram reajuste – a carne moída de segunda, por exemplo, pulou de R$ 13,99 para R$ 19,20 o quilo.

– As pessoas reclamam, muitas têm deixado de comprar. Outras compram menos, mas compensam comprando frango, porco – explica Anderson.

Ovo 

Felipe Garcia, funcionário de um açougue no Mercado Público, disse que, nas últimas duas semanas, as vendas caíram cerca de 30%.

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– Ainda saem todos os tipos de cortes, mas numa quantidade menor – frisa.

O garçom Rafael da Silva, 28 anos, morador do bairro Santa Tereza, em Porto Alegre, costuma comprar a carne para o mês todo. Agora, revê as prioridades.

– Sempre compro chuleta de porco e gado, bacon, agulha, frango... Gasto cerca de R$ 250 só nisso. Para mim, tem que ter carne no prato todo dia. Mas, desse jeito, vou ter que aprender a comer ovo no lugar da carne mesmo – diverte-se Rafael, enquanto fazia compras com a esposa Stefanie Carvalho, de 20 anos. 

Fernando Gomes / Agencia RBS
Casal terá de rever prioridades

Para encher o congelador

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE) e a Associação dos Permissionários do Mercado Público promovem, entre os dias 9 e 14 de dezembro, a 1ª edição do Festival de Carnes do Mercado Público Central. Sete bancas oferecerão descontos de até 20% nos preços da carne. A expectativa é de que o volume de comercialização cresça em até 30 toneladas na comparação com uma semana comum. 

De acordo com os organizadores, a ideia é oferecer alternativas aos consumidores e, ao mesmo tempo, fortalecer o segmento no Mercado. As bancas participantes serão Costelão do Mercado, Santo Ângelo, Açougue Rodeio, Banca A, San Remo, Big Beef e Ildo Pozzebom LTDA.

Substituições que compensam

/// Cortes de segunda não possuem prejuízos nutricionais, de qualidade, textura e sabor em relação aos de primeira. Basta caprichar no modo de preparo. Para as carnes de segunda, é necessário usar tempo longo de cozimento, baixas temperaturas e umidade. 

/// Para termos uma alimentação diversificada e equilibrada, combinando alimentos capazes de fornecer as necessidades diárias de proteínas e todos os aminoácidos essenciais, sem riscos ou deficiência, é imprescindível que façamos escolhas adequadas. 

/// Dentre elas, podemos citar: a combinação arroz e feijão. O arroz contém metionina e o feijão, lisina – aminoácidos essenciais ao nosso organismo. Leguminosas, como grão-de-bico, todos os tipos de feijões, ervilha, lentilha e soja, são ótimas fontes de proteína vegetal, vitaminas e minerais, como o ferro. 

/// Frango e peixe contêm essencialmente os mesmos nutrientes da carne vermelha, porém para alguns, menores proporções de ferro e quantidades menores de colesterol e gordura saturada. 

/// O ovo, importante fonte de proteínas, vitaminas, minerais e ômegas 3 e 6. Leite e derivados, vegetais verde escuros e quinoa são ótimas escolhas também.

Fonte: Lidiane Borges Dias de Moraes, mestre e doutora em Ciência e Tecnologia Agroindustrial pela UFPel. Professora Titular do IFRS Campus Vacaria.



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