SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Fila de espera para obter aparelho auditivo em Porto Alegre ultrapassa os três anos
De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, mais de 3 mil solicitações do gênero aguardam atendimento na Capital
Na Capital, a espera por um aparelho auditivo e por reabilitação auditiva via Sistema Único de Saúde (SUS) ultrapassa os três anos. Conforme os dados da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Porto Alegre, atualmente, 3.643 solicitações aguardam um chamado na especialidade de reabilitação auditiva para adultos. As informações estão na lista de espera por consultas especializadas, atualizada mensalmente pelo município. Os números são de novembro, mês mais recente com dados divulgados.
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A reabilitação auditiva concentra pacientes que já tiveram algum tipo de perda de audição diagnosticada em uma consulta prévia na rede pública e que, agora, em boa parte, aguardam a entrega de um aparelho auditivo que lhes permita ouvir novamente com clareza.
Esse extenso número de solicitações, por consequência, resulta também num longo tempo de espera por atendimento. Conforme a lista mais recente, o tempo médio de espera para casos gerais (não prioritários) é de 1.123 dias – cerca de três anos e um mês.
Ainda chama a atenção que, nesta especialidade, diferentemente de outras da lista, o tempo de espera para os casos considerados prioritários é ainda maior do que em casos gerais. Na lista de novembro, são 1.279 dias – três anos e meio – de espera média em situações sinalizadas como prioritárias.
A fila da reabilitação auditiva é uma das poucas que vai na contramão da redução de atendimentos esperando por chamado. Em novembro de 2018, a fila municipal do SUS tinha 80.288 solicitações divididas nas mais de 160 especialidades atendidas em Porto Alegre. No mesmo mês deste ano, são 39.820 pedidos de atendimento cadastrados – redução de 50,4%. No mesmo período, a fila da reabilitação auditiva para adultos diminuiu apenas 1,2% – de 3.688 solicitações em 2018 para 3.643 neste ano.
A redução quase nula nas demandas pode ser explicada pela baixa oferta por parte do município. Durante o último ano, mensalmente, enquanto uma média de 76 solicitações eram adicionadas à fila, eram oferecidos 31 atendimentos no período. Ou seja, a oferta não cobre nem o crescimento natural da fila, já que as solicitações nunca param de chegar.
Solicitações bem acima da capacidade de atendimento
Responsável pela coordenadoria de Regulação Ambulatorial da Secretaria Municipal da Saúde, Fabiane Mastalir ressalta que a lista de espera da especialidade concentra demandas antigas. Segundo ela, o município tem trabalhado para qualificar o atendimento e diminuir o tempo de espera, principalmente, para os casos considerados prioritários.
A coordenadora também explica que a reabilitação auditiva tem a particularidade de continuar recebendo o paciente mesmo após a entrega de um aparelho auditivo, por exemplo. Isso porque são necessários retornos para ajustes e manutenções.
Com isso, o número de consultas novas – com pacientes não atendidos anteriormente – fica ainda mais reduzido.
– É uma demanda que está sendo reprimida há um bom tempo. O número de solicitações é bem acima do que a gente tem capacidade de atender. Nossos esforços estão direcionados para equilibrar isso – projeta Fabiane.
Hospital Santa Ana passou a oferecer a modalidade
Nos últimos dois meses, a média de oferta de consultas especializadas na área de reabilitação auditiva subiu – foram 73 consultas ofertadas em novembro, ante 27 ofertadas em setembro. A razão é a entrada de mais uma entidade responsável por receber pacientes desta área.
Trata-se do Hospital Santa Ana, administrado pela Associação Educadora São Carlos (Aesc), mantenedora do Hospital Mãe de Deus. A instituição foi criada em 2018 com o objetivo de ser uma retaguarda para outras instituições da Capital.
Com atendimento 100% SUS, o Santa Ana recebe pacientes apenas por encaminhamento mediado pela SMS. São leitos de enfermaria, Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e psiquiatria.
Além disso, a instituição conta com ambulatório para reabilitação auditiva e, por isso, incrementou a oferta da prefeitura nesta área. Conforme a coordenadora de Regulação Ambulatorial da SMS, Fabiane Mastalir, a habilitação de entidades capacitadas para prestar o serviço é um processo complicado.
Atualmente, além do Hospital Santa Ana, a prefeitura tem contrato com ambulatórios de reabilitação auditiva no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e no Hospital Conceição.
– Além de buscar novos prestadores de serviço, estamos tentando aumentar a oferta junto às instituições com as quais já trabalhamos – explica Fabiane.
Mesmo com o acréscimo do Hospital Santa Ana, efeitos práticos na fila levam cerca de seis meses para começarem a ser sentidos, avalia a SMS.