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Infraestrutura ruim

Passageiros e trabalhadores reivindicam melhorias na rodoviária de São Leopoldo

Após 20 anos sob concessão, prefeitura prevê licitação emergencial para selecionar um novo administrador para o local

06/01/2020 - 05h00min


Jéssica Britto
jessica.britto@diariogaucho.com.br
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Lauro Alves / Agencia RBS
Queda no movimento dificulta interesse de empresas

Se a falta de segurança é a maior reclamação entre os passageiros que circulam pela Rodoviária de São Leopoldo, chamam a atenção também os problemas estruturais no entorno. O asfalto por onde passam os ônibus tem buracos e, na ampla estrutura do prédio, há pilares danificados, banheiros sujos e violados e rachaduras. 

Espécie de guardião da rodoviária, o vendedor ambulante Pedro César, 60 anos, o Pedro Sorveteiro, faz questão de mostrar os problemas da estação. A segurança, segundo ele, é a questão mais urgente a ser resolvida.

— A rodoviária só tem vigilante das 7h às 19h, depois desse horário, vira uma bagunça. Tem gente pedindo dinheiro, ameaçando os passageiros, taxista que já foi assaltado. Tem um posto da Brigada Militar, mas ninguém fica ali. A Guarda Municipal uma hora e outra que aparece — revela o vendedor, que há 50 anos atua no local.

Taxista há 11 anos, Maurício Lopes, 42 anos, confirma que a situação é realmente preocupante. Ele mesmo já foi assaltado no ponto.

— É muito pedinte. Uma vez fui ao banheiro e fui abordado lá dentro. Estavam armados e me pediram o celular, mas quando se deram conta de que eu era um taxista da rodoviária, eles desistiram — conta.

Lauro Alves / Agencia RBS
Banheiros são considerados inseguros

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Pouco atrativa

A rodoviária ficou sob concessão por 20 anos (de 1995 a 2015) e a prefeitura prorrogou o contrato até 2017. Há dois anos, a empresa deixou a administração e, hoje, quem cuida é a própria prefeitura. 

Segundo a assessoria de imprensa, há cerca de 20 anos a corporação deixou o posto, mas a BM faz rondas diárias na região. Além disso, a Guarda Municipal mantém efetivo com rondas diurnas e noturnas.

Diversas lojas estão fechadas e, as que se mantêm abertas, sobrevivem com dificuldades, segundo o relato dos próprios locatários. 

Conforme os comerciantes, o ponto já não é mais atrativo. Paulo Mendel, 64 anos, é dono de uma das bancas da rodoviária. Ele diz que paga aluguel e condomínio pela loja, mas nenhuma melhoria é empregada na estação, nem mesmo antes, quando estava terceirizada.

— Há algum tempo nós é que nos reunimos para arrecadar dinheiro para fazer uma pintura. Hoje, o que a gente recolhe vai para água, luz e limpeza. Mas esse ainda não é o maior problema. O pior é a falta de pessoas circulando na rodoviária. A prefeitura flexibilizou a circulação dos ônibus dentro da cidade e muitos passageiros não descem aqui (na estação) para descerem nas paradas. Atualmente, não chega a duas mil pessoas passando por dia. Quem vai se interessar em administrar? — questiona o vendedor, há 22 anos no prédio.

Justiça determina licitação

Lauro Alves / Agencia RBS
Pilares em estado corrosivo

O Tribunal de Justiça determinou, no início de novembro, que a prefeitura realizasse a licitação para nova concessão de uso do imóvel no prazo de 90 dias. A decisão partiu de uma ação popular, onde o proponente defendia que a empresa que administrou o imóvel por todos os anos não realizou benfeitorias na estação como estabelecia o acordo, tornando a prefeitura omissa em relação às obrigações assumidas. No entender da Justiça, além da falta de manutenção, o município não poderia ter prorrogado a concessão por mais dois anos, como feito em 2015. A sentença foi proferida pelo Juiz de Direito José A. P. Piccoli.

A prefeitura informa que apresentou projeto para nova concessão da rodoviária e não houve interesse de nenhuma empresa. Agora, está abrindo licitação emergencial para contratação de empresa para manutenção e consertos que garantam a segurança dos frequentadores. 

— A situação é feia, os banheiros, por exemplo, que não são pagos, são um horror. Não me sinto segura de ir, só vou em uma situação de necessidade — relata a aposentada Elisabet Chagas, 64 anos, que costuma usar a rodoviária para viagens até Montenegro.

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