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Família do Sarandi vai da costura até o desfile no envolvimento com Carnaval

Conheça a história dos Santos, envolvidos com a escola Império da Zona Norte desde a confecção de roupas até na hora de ir para a Avenida no Complexo Cultural do Porto Seco

24/02/2020 - 05h00min

Atualizada em: 24/02/2020 - 05h00min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Tadeu Vilani / Agencia RBS
Neste ano, Sônia costura para seis alas da Império da Zona Norte e uma da União da Vila do IAPI

Para quem só acompanha o Carnaval, as próximas duas semanas serão de ansiedade. Agora, imagine para quem também está envolvido na produção do que vai para a Avenida do Complexo Cultural do Porto Seco nos dias 6 e 7 de março, daqui menos de 15 dias. É o caso de uma família do bairro Sarandi, na zona norte de Porto Alegre

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Lá, a expectativa pelo sucesso da escola de samba Império da Zona Norte — a preferida da turma — ultrapassa a de uma torcida. O que vai para o desfile passa diretamente pelas mãos de costureiras habilidosas da família, que também vão estar na Avenida daqui a duas semanas.

A arte de costurar não é recente na família, como recorda Sônia Maria dos Santos Lopes, 60 anos, que fez a vida entre linhas e agulhas. Dedicada ao ofício do corte e da costura, ela aposentou-se nesta profissão. Hoje, costura no pequeno ateliê instalado na casa que pertencia à sua mãe, Sueli Fabrício dos Santos — falecida aos 86 anos, em 2008. Foi neste mesmo recanto que, desde guria, Sônia via a mãe trabalhar com os fios e tecidos. Vez que outra, em algum fevereiro, apareciam serviços relacionados ao Carnaval para dona Sueli.

A frequência dos serviços aumentou, assim como o envolvimento da família com as agremiações — em especial, a Império da Zona Norte. Para Sônia, o trabalho virou costume anual há cerca de 25 anos. Desde esta época, além de simpatizar, torcer e trabalhar para o Carnaval, a turma tem até uma cadeira cativa nos desfiles da Império: a Ala da Família.

— E não será diferente neste ano, devemos reunir cerca de 50 pessoas na nossa ala — projeta Sônia.

Trabalhos entram na madrugada

Tadeu Vilani / Agencia RBS
Sônia (E) e a irmã Janaína, durante os trabalhos

Agora que o prazo para os desfiles se esgota, o trabalho se intensifica no ateliê de Sônia. Mesmo morando no bairro Parque dos Maias, ela permanece no Sarandi nesta época do ano. Para dar conta de entregar cerca de mil figurinos que irão compor seis alas da Império da Zona Norte, a rotina é corrida.

— Começamos a costurar há cerca de dez dias. Daqui para frente, terão dias em que vamos madrugada adentro trabalhando, dormiremos um pouco e já estaremos de pé às 6h novamente — conta Sônia. 

Nestes 25 anos em que trabalha frequentemente com o Carnaval, a família do bairro Sarandi já costurou para praticamente todas as escolas de samba do Grupo Ouro _ sendo responsável desde uma ala aqui até o desfile todo acolá. 

Em 2020, a turma não irá se espraiar tanto. Na área de trabalho de Sônia, além das seis alas do Império, também serão produzidas roupas para uma ala da União da Vila do IAPI. Mas a costureira garante, trabalho demais não incomoda, aliás, faz até falta:

— No ano em que não teve Carnaval bateu um saudade dessa função de preparar as roupas para os desfiles.

Irmãs também auxiliam na confecção

Tadeu Vilani / Agencia RBS
Sônia, Janaína e Iara trabalham com a costura durante o Carnaval

Além do ateliê de Sônia, existem outros espaços de produção carnavalesca montados na residência da família Santos. O terreno onde a mãe viveu, no bairro Sarandi, abriga outras três irmãs, que também se envolvem com a costura em tempos de folia. 

Uma delas é a rodoviária Janaína Pacheco, 56 anos. Enquanto Sônia domina a tesoura, cortando habilmente os tecidos que irão compor parte das alas da Império da Zona Norte, Janaína comanda a máquina de costura, transformando os pedaços em roupas completas. 

Quem também se envolve com a turma é Iara Marcelino, 70 anos. Assim, como a irmã Sônia, ela é costureira aposentada. O quarteto é completado pela doméstica Maria Emília Pacheco, 58 anos. 

Nesta turma, a agulha e a linha vieram de uma geração anterior. Mas, se depender delas, o futuro da costura carnavalesca também já está garantido.

— As filhas e sobrinhas já nos ajudam, seguimos adiante para manter essa cultura viva — comemora Janaína.

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