Transporte Público
Prometidos para fevereiro, ônibus novos da Carris ficam para junho, mas número cresce
Um ano depois do lançamento do edital, empresa pública fará nova licitação para comprar 97 veículos – inicialmente eram 87
Está cada vez mais longo o trajeto da Carris para chegar à compra dos ônibus novos. O processo de aquisição de 87 coletivos – iniciado no dia 28 de fevereiro do ano passado, quando foi lançado o edital de licitação – perdeu a validade no último dia 31 de janeiro. E, agora, a projeção de que os coletivos chegariam em fevereiro de 2020 – feita pela então diretora-presidente Helen Machado ao Diário Gaúcho no final de outubro – foi revista.
Um novo edital será lançado na sexta-feira, dia 14. Os R$ 40 milhões para aquisição dos carros ainda esperam a avaliação final da Caixa Econômica Federal para serem liberados. Depois, com a verba numa mão e as propostas do edital na outra – se houver interessados –, a Carris poderá partir para assinatura dos contratos de compra das carrocerias e chassis. Se isso ocorrer até março, os ônibus novos podem começar a circular ainda no primeiro semestre,em junho. A diferença entre as duas licitações deve ficar na quantidade de coletivos adquiridos: serão 97, 10 a mais do que o projetado em 2019.
Saúde financeira
Helen Machado deixou a direção da Carris em dezembro, após ser convidada para assumir um cargo na iniciativa privada. Quem ficou com o posto foi Cesar Griguc, que até então era diretor-administrativo financeiro da companhia. Diretamente envolvido com o processo de aquisição dos coletivos, Cesar seguiu com esta demanda sob sua tutela. Conforme o administrador, o que mais emperrou o andamento do processo foram as questões legais envolvendo a obtenção de crédito junto à Caixa.
No ano passado, quando a Carris lançou seu edital, a expectativa era conseguir dinheiro para custear os novos ônibus por conta própria. Isso porque a empresa acreditava que a notável melhora de sua saúde financeira– o déficit diminuiu 74% entre 2016 e 2018, indo de R$ 74 milhões para R$ 19 milhões –, cooperaria para obtenção de crédito no mercado.
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Condição
Porém, a Caixa topou financiar os R$ 40 milhões para aquisição dos coletivos somente com a condição de que a prefeitura fosse garantidora dos valores, uma espécie de fiador. Para essa manobra, seria necessário a Câmara de Vereadores aprovar uma lei que autorizasse o município a ser “fiador” da Carris. Isso só ocorreu em novembro.
– Enviamos a lei aprovada para a Caixa. Isso tramitou lá e depois nos enviaram a minuta do contrato de financiamento, em meados de dezembro. Então, entraram mais etapas que não tínhamos previsto. O financiamento precisou passar por avaliação do Tesouro Nacional para aprovação da garantia da prefeitura – recorda Cesar, que explica os passos seguintes do processo:
– A Caixa fez uma espécie de dossiê, para verificar se as etapas do processo foram cumpridas e estão adequadas. Liberado isso, falta uma última etapa, que não é diretamente ligada conosco. O Conselho Monetário Nacional tem de fazer a liberação de crédito, permitindo aos entes públicos no país fazerem operações. Isso deve ocorrer até março, que é a nossa expectativa para assinar o contrato de financiamento.
Vida útil no fim
Neste mesmo período, também deve ser homologada a nova licitação. Como o processo atrasou, além dos 87 ônibus que precisam ser trocados neste ano, a Carris tem outros 42 que também vão ter de parar de rodar já no ano que vem.
Por isso, a empresa resolveu adiantar a compra de 10 destes veículos no novo pregão público. Assim, serão adquiridos 97 coletivos em 2020. Para quitação, os R$ 40 milhões que vêm da Caixa devem representar 90% da compra. Os outros 10% precisam ser aplicados pela Carris, o que deve representar cerca de R$ 4 milhões.
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Data-limite
Conforme o diretor-presidente, os 87 veículos com vida útil já próxima dos 14 anos – limite de uso determinado por lei municipal – ainda podem circular até o final de maio. Assim, quando os carros começarem a ser substituídos, a data-limite estará estourando. É a última chance de a Carris concluir, dentro da regularidade, o processo de renovação iniciado no ano passado, prometido para outubro, depois adiado para fevereiro e, agora, projetado para junho.
Medidas vão além da renovação
A gestão que iniciou em 2017 e conclui seu trabalho em 2020 estabeleceu algumas metas quando assumiu a Carris. A principal era zerar o déficit da empresa, que era de R$ 74 milhões em 2016. Para Cesar Griguc, o ano deve fechar com o caixa equilibrado, mas o déficit ainda aparecerá no balanço.
Depois disso, a renovação da frota era a outra prioridade a ser alcançada. Mas um ponto – não menos importante –já está sendo concretizado. A construção de um novo posto de combustíveis dentro da empresa, praticamente concluído e aguardando inauguração.
A estrutura foi construída por uma empresa licitada e não teve custo para Carris, já que é um contrapartida para abastecer a frota que consome cerca de 1 milhão de litros de diesel por mês. O local possibilita unificar abastecimento, controles do consumo de combustível, limpeza dos veículos e reaproveitamento da água utilizada, tudo no mesmo espaço.
O novo ponto vai possibilitar uma ampliação de 30% na capacidade de atender o abastecimento da frota de 347 veículos.