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Covid-19

Cinco razões para você ficar em casa se tiver mais de 60 anos

Idosos correm risco até 74 vezes maior de morrer devido ao coronavírus em comparação a adolescentes

25/03/2020 - 21h23min


Marcelo Gonzatto
Marcelo Gonzatto
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Se você tem pelo menos 60 anos, já deve ter visto e passado por muita coisa. Mas, nas últimas semanas, uma ameaça jamais vista pelas últimas gerações está exigindo um esforço igualmente inédito. No caso dos idosos, o sacrifício requisitado é permanecer até segunda ordem bem fechado dentro de casa.

Não é exagero nem uma forma de subestimar a capacidade física dessa faixa etária. Todas as informações científicas disponíveis até o momento asseguram que a doença provocada pelo recém-surgido coronavírus é especialmente violenta contra os mais velhos: os sintomas tendem a ser mais severos, e o risco de morrer chega a ser 74 vezes maior do que o da faixa etária de 10 a 19 anos, por exemplo – embora o fato de ser jovem não garanta imunidade contra a covid-19 nem proteja por completo de eventuais complicações.

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Mudar de hábitos nunca é fácil, ainda mais quando já se viveu bastante e alguns comportamentos já fazem parte do jeito de ser. Mas deixe de lado as correntes repassadas por WhatsApp ou vídeos gravados por pessoas sem qualificação. Acredite nos cientistas e profissionais da saúde que estão lutando para salvar vidas enquanto enfrentamos esse momento difícil: por algum tempo, fique dentro de casa. Se você ainda não está completamente convencido, listamos a seguir algumas das principais razões para esperar um pouco mais antes de voltar à rua.

1) Idosos são os que mais morrem

O principal motivo para você não sair de casa é o fato de o coronavírus ser especialmente perigoso para pessoas mais velhas. Não há dúvida em relação a isso. Todos os dados disponíveis mostram que pessoas com 60 anos ou mais são as que sofrem as consequências mais sérias da covid-19 – incluindo o risco de morrer. Um dos motivos é uma característica natural do vírus: uma vez que entra no organismo, costuma se dirigir rapidamente aos pulmões. Isso pode causar problemas graves mesmo em pessoas mais jovens. Elas também podem parar em uma UTI e até necessitar de um aparelho que ajuda a respirar (a chamada ventilação mecânica). Mas a chance de conseguirem escapar é maior do que a de um idoso.

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— Se o paciente é jovem, ele pode ir para o respirador, o ciclo da doença é de 10 a 14 dias, e depois disso ele tem uma boa chance de se recuperar. Já o idoso tem pouca reserva para os seus órgãos funcionarem. Pode descompensar o coração, os rins, principalmente se tiver outros problemas de saúde — alerta o geriatra João Senger, presidente da seção gaúcha da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

 2) Envelhecimento reduz a imunidade

O coronavírus é um adversário perigoso para a terceira idade não apenas por suas próprias características, mas pelo fato de que os idosos têm, em geral, uma capacidade imunológica mais reduzida para fazer frente a infecções. Por esse motivo, gripes costumam evoluir mais facilmente para uma pneumonia entre pessoas mais velhas do que entre jovens.

— Entre os idosos, a resposta imunológica tente a ficar mais comprometida. Em caso de infecção, o risco de desenvolver uma doença mais grave é maior — afirma a médica infectologista Marina Rodrigues.

Segundo a especialista, não há uma razão única para esse fenômeno. É uma das tantas funções do organismo que tendem a sofrer as consequências da passagem do tempo.

— Todo o metabolismo, todas as funções fisiológicas sofrem alterações (com a idade). A resposta do sistema imunológico, como um todo, vai se tornando menos competente — sustenta Marina.

Por isso, é fundamental prevenir as contaminações em vez de tentar tratá-las depois.

3) Doenças associadas aumentam o perigo

Outra constatação que profissionais da saúde já fizeram nos primeiros meses de luta contra a covid-19 é que o vírus é especialmente feroz contra quem já apresenta outras doenças associadas, como diabetes, hipertensão ou problemas cardiovasculares. Esse tipo de comprometimento é geralmente mais comum em idosos – o que também amplifica o risco de agravamento por uma eventual contaminação do coronavírus. Um levantamento realizado na China demonstra que o risco de morte de um paciente de covid-19 sem qualquer outra doença associada (o que se chama de comorbidade) fica próximo de 0,9%. Quando a pessoa com o vírus tem uma doença cardiovascular, por exemplo, esse risco aumenta em mais de 10 vezes: chega a 10,5% dos casos.

— Se um idoso já tem diabetes ou pressão alta, facilmente pode acabar descompensando e agravando a condição de saúde — garante o geriatra João Senger.

4) O vírus pode estar em qualquer lugar

Ficar em casa, apesar da aparente redundância, é ficar em casa. Não é a mesma coisa do que dar uma volta rápida pela quadra, ir à padaria na esquina ou sair do apartamento para caminhar pelos corredores ou áreas comuns do edifício. Por que é tão importante ficar dentro de casa? Por uma razão simples: o risco de contrair o coronavírus não está apenas no contato próximo com outras pessoas. Já se sabe que esse micro-organismo é capaz de sobreviver por horas ou mesmo por vários dias em determinadas superfícies, como plástico. Então, se você sai de casa mesmo que seja para um rápido passeio, já está se expondo a um risco. O vírus pode estar na maçaneta ou nos pegadores das portas, no botão do elevador, em um corrimão, em praticamente qualquer superfície. Por isso, a medida mais prudente é permanecer no interior da residência durante esse período. Lembre que a quarentena é temporária e, por mais desagradável que seja, ainda é melhor do que uma UTI de hospital.

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5) Você pode ajudar outras pessoas

Pessoas mais velhas não são apenas vítimas, mas também têm um papel importante a cumprir no esforço social para barrar o avanço do coronavírus. Quando alguém se infecta com o vírus da covid-19, além de colocar em risco a própria saúde, ameaça a do restante da população ao também se transformar em possível fonte de contaminação. Estima-se que o nível de transmissão desse novo vírus seja de pelo menos 2,5, ou seja, cada pessoa infectada passa o micro-organismo adiante, em média, para outras duas a três pessoas. É bem mais do que a média do vírus influenza, que provoca a gripe e fica em cerca de 1,5. Por isso, o chamado isolamento social é considerado uma medida extrema, mas fundamental para reduzir o ritmo de contágio, não sobrecarregar o sistema de saúde e poupar a vida de milhares de pessoas. Ao evitar sair à rua, você também está contribuindo.





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