Segunda parcela
Mesmo com mudança no pagamento do auxílio emergencial, presidente da Caixa admite: "Haverá filas"
Ideia é ter mais de um dia de distanciamento entre a liberação do valor para os nascidos em cada mês
O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, confirmou, na manhã desta quinta-feira (7), que haverá mudanças na forma de pagamento da segunda parcela do auxílio emergencial de R$ 600. Sem antecipar o calendário, ele informou que a ideia é espaçar ainda mais o calendário para organizar o fluxo de deslocamento da população às agências. Mas admite que se espera reduzir as filas, não extingui-las.
Até agora, 50 milhões de pessoas receberam o valor em 20 dias no maior programa de transferência de renda do país. Os pagamentos foram feitos à medida em que a Dataprev ia analisando os cadastros de quem fazia a solicitação.
Para a segunda parcela, uma nova forma de organização é prevista pela Caixa:
— Não tínhamos a organização do mês e aniversário porque, se fôssemos esperar a análise de todos, demoraria muito. Nossa escolha foi acelerar o pagamento por causa da necessidade da população. Agora, faremos uma organização por data de nascimento. Primeiro janeiro, depois fevereiro, e assim por diante. O objetivo é dar mais de um dia entre o pagamento de um mês para o outro mês. Não posso dar o detalhe, porque precisamos ter uma conversa com o ministro Onyx (Lorenzoni) e com o presidente (Jair) Bolsonaro — disse Guimarães, em entrevista ao Gaúcha Atualidade.
Com mais de um dia de distanciamento entre a liberação dos nascidos em cada mês, o objetivo é evitar problemas e aglomerações. No pagamento da primeira parcela, muitas pessoas iam às agências apenas para obter informações, mesmo sem ter direito a receber naquela data.
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Mesmo com as mudanças, o presidente admite que haverá filas:
— Nos dias em que vamos realizar os pagamentos, teremos filas. A diferença é que agora teremos mais informação. As pessoas não sabiam mexer nem no aplicativo. Faremos uma grande campanha, mas já deixamos claro: nas datas de pagamento, teremos movimentação muito grande do lado de fora das agências. Mas garantimos o pagamento no mesmo dia. Com tranquilidade, esperamos que as filas sejam reduzidas.
Segundo Guimarães, cerca de 20 milhões de pessoas que receberam os valores são consideradas a parcela da população "mais carente dentre os mais carentes". A ida deste grupo às agências demandou maior tempo de atendimento:
— As pessoas que nunca tiveram contas tinham uma dificuldade muito grande em retirar dinheiro do caixa eletrônico. Tivemos um gargalo, mas ele foi praticamente zerado. São 4,2 mil agências. Certamente você vai ter umas 50 ou 100 com movimento maior.
Melhora no atendimento
Para melhorar o auxílio à população, a Caixa passou a abrir as agências duas horas mais cedo, a partir das 8h, e também em sábados e feriados, de acordo com o planejamento. Além disso, dois aplicativos foram criados: o Auxílio Emergencial, para a solicitação do valor, e o Caixa Tem, para o recebimento.
Conforme Guimarães, o segundo app teve 82 milhões de downloads e foi um dos mais baixados no mundo nos últimos dias. O aplicativo está passando por melhorias.
A parceria com prefeituras também tem ajudado na redução de filas. A partir do apoio, os funcionários do Executivo municipal ajudam a sinalizar e organizar as pessoas do lado de fora das agências, além de disponibilizar impressoras para a triagem.
— Temos mais de 500 prefeituras ajudando a Caixa na parte de fora das agências. Mesmo que você tenha fila, as pessoas não sofrem tanto no sol e, agora, no frio.
Erros
A demora na liberação do auxílio nos primeiros dias passou, em grande parte, pelo cadastro incorreto de informações. O presidente da Caixa citou alguns erros comuns na hora da solicitação:
— A pessoa marca como chefe da família, mas não incluiu o dependente. Ou o dependente fez um outro cadastro. Há também os casos de pessoas que não informaram o sexo. Outro problema é o dado incorreto do CPF ou data de nascimento de familiar. Este é o campeão.
A avaliação é de que o processo de abertura de conta já foi simplificado ao extremo — e, mais do que isso, poderia possibilitar o acesso de pessoas mal-intencionadas. O fato de o pagamento ter sido organizado em 20 dias também contribuiu para a falta de informações:
— Faltou informação. E faltou porque foi muito rápido. Mas já vivemos esta primeira fase, e acreditamos que a próxima será melhor.
Até agora, o pagamento foi liberado para 50 milhões de brasileiros. Do total de inscritos, que chega a quase 100 milhões, 26 milhões não têm direito de receber e 12 milhões têm inconsistências no cadastro. Eles passarão por reanálise e, se for o caso, terão o dinheiro liberado.
A Dataprev ainda tem um lote de 6 milhões de inscritos em análise. Assim que a empresa de tecnologia fizer a liberação, a Caixa fará o pagamento dos valores a quem tem direito em até dois dias úteis.
Ouça, na íntegra, a entrevista com o presidente da Caixa, Pedro Guimarães