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"Parada solidária": projeto promove doações de livros e alimentos em ponto de ônibus de Guaíba

Itens podem ser retirados por quem passa pelo local. Álcool gel fica disponível para que a higienização seja feita, antes e depois do manuseio. 

30/06/2020 - 08h00min


Arquivo pessoal / Arquivo pessoal

Esperar pelo ônibus tornou-se uma atividade um pouco mais prazerosa para quem aguarda o coletivo no ponto localizado na Rua Sia Alice, em frente ao número 291, no bairro Bom Fim, em Guaíba. Isso porque, pensando naqueles que, mesmo durante a pandemia da covid-19, precisam continuar utilizando o transporte público, religiosas da congregação Irmãs de São José — com sede em frente ao terminal —, adotaram a instalação, dando início ao projeto batizado de "Parada Solidária".

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Desde o começo de junho, as freiras depositam, diariamente, livros, frutas e verduras no local, que ficam disponíveis para retirada de quem passa por ali. A iniciativa foi bem aceita pela comunidade da região, e é vista pelas organizadoras como uma forma de aproximar e transmitir um pouco de carinho a quem frequenta o ponto de ônibus, ainda que em tempos de distanciamento físico. 

— Tínhamos alguns livros que estávamos recebendo em doação, outros que separamos da nossa própria biblioteca, então fomos selecionando para pôr lá. Já as frutas vêm das árvores que cultivamos aqui mesmo e as verduras estão sendo doadas por grupos de oração da cidade de Nova Roma do Sul, que tem se mobilizado para nos ajudar, em um gesto muito bonito. É importante que a gente possa abrir o nosso coração, sendo solidárias, e que as pessoas possam se abrir a esses gestos também. O mundo precisa disso neste momento, pois isso nos traz esperança — relata a idealizadora do projeto, irmã Laura Gavazzoni, 73 anos.    

Corrente solidária

Além de fomentar o acesso a cultura e proporcionar um momento de distração para quem espera pela chegada dos coletivos — que, no geral, têm demorado mais durante este período —, o objetivo principal da ação é incentivar a solidariedade. Para as religiosas, responsáveis, também, pela manutenção do projeto Projari — que há mais de 30 anos oferece atividades educacionais, oficinas e cursos profissionalizantes à comunidade de Guaíba —, qualquer atitude em prol do bem comum é válida, seja ela pequena ou grandiosa.

— Certo dia colocamos na parada livros sobre plantas medicinais e, na manhã seguinte, alguém deixou ali uma caixinha cheia dessas plantas para quem quisesse pegar. Ou seja, já está virando uma corrente. Por esses dias, também, alguém comentou que o ônibus parou aqui na parada para que o pessoal pudesse descer e se servir dos livros e das frutas, e parece que até o motorista desceu e se serviu. Em outra ocasião, um senhor que recolhe recicláveis estava receoso em pegar um livro porque não sabia ler, mas levou para que a neta lesse para ele. Essas coisas nos enchem de entusiasmo e esperança, é uma alegria poder partilhar o saber e o sabor — relembra irmã Laura, garantindo que, mesmo após a pandemia, a "Parada Solidária" deve continuar a todo vapor:

— Sabemos que nossa vida não será a mesma, pois a gente vai se acostumando ao que está acontecendo e se adaptando ao "novo normal". Mas estamos esperançosas de que a pandemia chegue ao fim e a solidariedade continue, passando também a fazer parte desse nosso "novo normal".

Cuidados para evitar contaminação

Apesar de não serem a principal via de transmissão do novo coronavírus, o contato com superfícies e objetos não desinfetadas pode oferecer risco de contaminação — uma vez que estejam contaminados pelo vírus, capaz de sobreviver por determinado tempo na superfície de diferentes tipos de materiais. Pensando nisso, uma série de medidas foram adotadas pelas idealizadoras do projeto a fim que a distribuição dos itens na "Parada Solidária" possa ocorrer de forma segura.

Arquivo pessoal / Arquivo pessoal

Antes de serem colocados no ponto de ônibus, os livros, frutas e verduras passam por higienização, sendo dispensados na parada pelas próprias religiosas — em isolamento —, que utilizam máscara e luvas durante o ato. Além disso, há álcool gel disponível para uso no local. A orientação, então, é que o desinfetante seja utilizado por todos que forem retirar algum dos itens disponíveis, antes e depois do manuseio. 

À noite, o que não foi retirado é recolhido pelas religiosas e disponibilizado novamente no dia seguinte, após ser higienizado. 

Como ajudar

/// Você pode contribuir com a iniciativa da Parada Solidária por meio da doação de livros — em bom estado — e também de alimentos. Para doar, entre em contato com as Irmãs de São José por meio do telefone (51) 3403-2197.

/// As religiosas também necessitam da doação de alimentos, cestas básicas e agasalhos. Cestas e agasalhos são distribuídos às famílias dos atendidos no projeto Projari — a maioria em situação de vulnerabilidade social —, enquanto os alimentos avulsos são utilizados na produção de marmitas, também destinadas a essas famílias. 

/// Para conhecer melhor o trabalho social realizado pelas religiosas, acesse www.projari.org ou acompanhe pelo Facebook, em bit.ly/projariguaiba.

Produção: Camila Bengo



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