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Produto coringa

Consumo de ovo ganha força durante pandemia, mas procura faz preços subirem

Apesar da alta atual, pico no valor do produto foi em abril

17/07/2020 - 05h00min

Atualizada em: 17/07/2020 - 05h00min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Marco Favero / Agencia RBS

Fiel companheiro dos pratos brasileiros, seja em horas boas ou ruins, o ovo voltou a ter seus dias de destaque nestes tempos de pandemia. A razão é que, com a alta nos preços de outros alimentos, como a carne, por exemplo, a saída é encontrar opções. E nesta busca o ovo é polivalente, seja como base de diversas receitas ou também como fonte de proteína quando preparado sozinho. 

Mas, mesmo sendo um alimento barato em comparação à carne, o aumento por sua procura fez o ovo ter saltos de preço, principalmente, nos meses de março e abril. Ainda assim, conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP), entre janeiro e julho deste ano, o preço segue em alta. No caso dos ovos brancos, o valor foi de R$ 73,70 para R$ 89,04 – variação de 20,8%. Nos caso dos ovos vermelhos, a elevação foi de R$ 83,24 para R$ 109,89 – alta de 32%. Os números levam em conta as caixas com 30 dúzias comercializadas em Bastos (SP), uma referência do setor, e são pesquisados semanalmente.

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No caso dos ovos brancos, o preço mais alto registrado pelo Cepea/USP no ano foi na segunda semana de abril, quando a caixa com 30 dúzias chegou aos R$ 116,85. No caso do tipo vermelho, o pico de preço de 2020 foi registrado na mesma semana, mas o valor chegou aos R$ 137,87. Com isso, é possível perceber que, mesmo estando mais caro do que no começo do ano, o ovo já exigiu ainda mais do bolso do consumidor durante o ano.

Na mesa

Na mesa dos gaúchos, o produto é ainda mais tradicional. Conforme José Eduardo dos Santos, diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), nós somos os maiores consumidores do produto no Brasil, comendo, em média, 257 ovos por habitante ao ano – acima da média brasileira, que é de 230 ovos. 

Os números ainda se referem ao ano passado. No Estado, a Asgav incentiva o setor por meio do programa OvosRS e também ações de marketing que impulsionam o consumo do alimento. O representante do setor explica porque o preço passou por uma elevação maior nos meses de março e abril e começou a baixar depois disso.

– Com a pandemia, naqueles meses, a população, ainda assustada sobre o que iria acontecer, se jogou nas compras. E focou em alimentos dos quais podem ser feitas outras coisas, como o ovo, que é muito versátil. Isso impactou na logística de abastecimento. Em pouco tempo, tivemos que correr para suprir o espaço nas gôndolas, que já estava defasado pelos problemas da estiagem que prejudicou as safras de milho e soja, encarecendo o custo da ração para os frangos. Tudo isso fez o preço subir, é oferta e procura. Porém, com o passar dos meses e as pessoas se acostumando ao “novo normal”, o consumo foi equilibrando novamente, assim como o preço – diz o diretor da Asgav.

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José ainda projeta o crescimento do setor nos próximos meses:

– Os ovos não têm característica de importação, dependemos muito do mercado interno. Conseguimos regularizar a logística e isso melhorou o preço. Mas teve uma queda recente em razão de vários estabelecimentos estarem fechando de novo. Isso deve se alterar nos próximos meses, pois a população voltará a se abastecer, até por ter de cozinhar mais em casa. Isso vai equilibrar o preço e manter o consumo aquecido.

Comerciantes notam tendência

Quem trabalha lidando diretamente com o público também sente os efeitos do aumento no consumo do ovo. Proprietários de um mercado com 15 anos de atuação no bairro Cristal, na Zona Sul, o casal Thayrine Knoll e Evaldir Ramalho notou a guinada no interesse pelo item. Compras em grandes quantidades e promoções influenciam na venda, mas Thayrine ressalta que o apelo pelo produto está claramente intensificado.

– Recentemente, compramos 3 mil ovos, que foram vendidos em dois dias. Fizemos preço promocional para as bandejas com 30 unidades e maioria dos clientes comprou uma bandeja inteira – recorda ela.

Joel Cerutti mantém um minimercado no bairro Partenon há quase 10 anos. Com a pandemia, também sentiu a mudança no perfil de consumo. Mesmo com redução no movimento, os ovos, em especial, estão entre os itens que só melhoraram seus índices de saída:

– O povo vai ficando sem grana. E com a alta no preço da carne, aumenta o consumo de ovos.


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