Receita de criatividade
Família de Gravataí cria padaria móvel para manter a renda durante a crise
Jana, 37 anos, produz as delícias, que são entregues pelo marido, Ronaldo, 38
Foi da internet que veio a inspiração para o novo negócio de Janaína Lemes Basques, 37 anos, moradora da Vila Neiva, em Gravataí: uma padaria móvel. Jana, como é conhecida, é auxiliar de serviços gerais, mas não tem emprego formal há mais de um ano.
Já há alguns anos, ela aumentava a renda produzindo e vendendo pães caseiros e outras delícias pelas redondezas da casa onde vive com o marido, o pedreiro Ronaldo Garcia Rodrigues, 38 anos, e os três filhos, Larissa, 18 anos, Melissa, 16, e Ronaldo Júnior, 13. Em 2020, decidiu expandir a produção e passar a fornecer salgados para eventos. Já tinha duas festas marcadas quando a pandemia fez com que o trabalho paralisasse.
– Voltei a produzir os pães e algumas outras coisas. Há dois meses, o Ronaldo também ficou sem trabalho. Eu estou sempre na internet procurando receitas novas. Foi quando eu vi a ideia da padaria móvel. Falei pro meu marido: isso não existe aqui, podemos tentar – conta a empreendedora.
Foi aí que o carro da família, uma Parati, virou padaria. Também na internet, Jana procurou um locutor e encomendou uma espécie de jingle, que anuncia, junto a uma música animada: “Atenção, atenção, freguesia! Olha a novidade! É a padaria móvel passando aqui na sua rua. Tem produtos caseiros de qualidade para o seu café. Faça um sinal que paramos para você”. No interior do veículo, vão, além do tradicional pão caseiro, cucas, salgados variados, cueca virada e até pizza.
Nas primeiras semanas, Jana anunciava, pelas redes sociais, qual seria a rota do dia – geralmente, no entorno do bairro onde a família vive – e os clientes escolhiam as compras direto do carro. Com o passar do tempo e a clientela crescendo – e também para evitar que a produção sobrasse –, ela passou a aceitar encomendas pelo WhatsApp. Agora, quase tudo o que é produzido já tem destino certo antes mesmo de chegar ao veículo.
União
Na casa da Vila Neiva, todo mundo ajuda. Jana procura receitas, testa, ajusta o “cardápio” e é responsável pela produção. Ronaldo, além de motorista, é quem recebe os pagamentos. As duas meninas se revezam para ajudar nas entregas, assim, o pai não precisa lidar com dinheiro e com os alimentos ao mesmo tempo – tudo é feito com o máximo de proteção, sempre usando máscaras e aventais. E Ronaldo Júnior auxilia a mãe com a limpeza da cozinha, depois da produção.
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– É um trabalho em família. Os clientes gostam. Nunca tive reclamações. E estamos conseguindo pagar as contas com o trabalho. É muito gratificante ver algo que tu planejou dar certo – diz Jana.
Ronaldo também está animado:
– Pra nós, está sendo uma bênção. Com a pandemia, o serviço de pedreiro escasseou. Eu já ajudava a entregar os pães que a Jana produzia, quando era necessário. Mas, agora, estamos focados nisso.
Vendas também pela manhã
No começo, Jana produzia pela manhã e os pães saíam para as vendas no final da tarde. Desde a semana passada, a família ampliou a produção e, agora, também faz entregas pela manhã, o que exige que a responsável pelas delícias levante bem cedo:
– Agora, estou começando às 5h. Os produtos saem bem novinhos. A cueca virada, por exemplo, não pode faltar, é uma das preferidas dos clientes. Eu faço de tudo, mas em pouca quantidade, que é para não sobrar e ficar sempre fresquinho. Já o meu filho torce para que sobre, assim, ele também pode aproveitar (risos) – finaliza Jana.