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Seu Problema é Nosso

Tio do Lanche, em Esteio, doa cachorros-quentes para pessoas em situação de rua

Todas as sextas-feiras, Milton faz os lanches para doá-los no centro da cidade

05/08/2020 - 12h08min

Atualizada em: 05/08/2020 - 17h43min


arquivo pessoal / arquivo pessoal
Milton garante que os cachorros-quentes para doação são recheados do mesmo jeito que os vendidos

De segunda a quinta-feira, das 14h às 22h, o Tio do Lanche, como é conhecido o comerciante Milton Cezar Menezes Vinas, 39 anos, dirige seu carro até a frente de um supermercado, na Avenida 24 de agosto, em Esteio, para vender cachorro-quente. Nas sextas-feiras, ele muda de local, e mudam os consumidores, também: Milton doa seus lanches a pessoas em situação de rua no centro da cidade, na Avenida Presidente Vargas. Ele garante: 

– O tio é generoso, o lanche que eu dou é exatamente igual ao que eu faço para vender. Os ingredientes e a quantidade de recheio são os mesmos. 

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E é assim, doando lanches, às vezes com suco ou café, que o Tio do Lanche diz se sentir feliz. Pretendendo seguir com a ação voluntária, ele precisa de doações. 

Rio de Janeiro 

A história de Milton com as vendas começou muito cedo, acompanhando a venda de alimentos coloniais com sua mãe, em Rosário do Sul e em Gravataí, até os seus 14 anos. Em 2014, já adulto, mudo-se com a esposa para o Rio de Janeiro. Lá, comprou uma bicicleta com bagageiro, adaptou com caixas térmicas e passou a vender sanduíches e sucos no centro da cidade. E, de acordo com ele, foi aí que a vontade de ajudar começou: 

– Lá, tive contato com muitas pessoas que passavam necessidade, mas gostavam da minha comida. Alguns dias, compravam o lanche, em outros, chegavam até mim e diziam que estavam sem dinheiro, mas com fome. Eu entregava o sanduíche com um copo de suco e dizia: “Pode não ter dinheiro, mas vai comer”. 

arquivo pessoal / arquivo pessoal

Esteio 

Porém, devido a problemas familiares, precisou voltar com a esposa ao Rio Grande do Sul, sem sua bicicleta. Tentou trabalhar de carteira assinada, mas não conseguia se sustentar com os salários ofertados e resolveu voltar a vender lanches. 

Comprou uma bicicleta usada, equipou-a, como fez no Rio, e começou a vender cachorro-quente. No fim de 2019, conseguiu comprar um carro, que também foi adaptado às vendas. Agora, as doações acontecem toda as sextas-feiras, no centro de Esteio, onde entrega, em média, 30 lanches por dia. Mas há exceções: 

– Durante a semana, o pessoal vem pedir cachorro-quente. Nem sempre posso ajudar e quero evitar aglomerações. Então, combinei para passarem aqui e, se eu chamar, é porque posso entregar. 

 “Me vejo neles”, afirma Milton 

Milton explica que faz o possível para ajudar quem precisa porque já esteve em uma situação financeira ruim: 

– Já passei por muita dificuldade nesta vida. Também vi pessoas comendo algumas coisas em praças de alimentação, fiquei com vontade mas não tinha dinheiro para comprar. Então, quando vejo alguém que está passando por coisas parecidas, tendo ajudar, porque me vejo neles. 

Há pouco tempo, Milton resolveu compartilhar fotos de suas doações nas redes sociais para que, segundo ele, mais pessoas tenham a ideia de ajudar o próximo. Após as publicações, o Tio do Lanche começou a receber gorjeta de alguns clientes como forma de incentivo para continuar com as doações. Além disso, um vizinho soube da ação de Milton e o ajudou com R$ 200. 

– Com o apoio dele, consegui produzir cem cachorros-quentes para entregar. Foi muito bom! – pontua Milton. 

 CONTRIBUA COM O TIO DO LANCHE 

/// Milton está aceitando preferencialmente doações de alimentos para produzir os lanches. /// Interessados devem entrar em contato pelo telefone (51) 98616-8891, com Janaína, esposa de Milton, ou (51) 98565-0665 com o próprio Tio do Lanche. 

Produção: Thayná Souza

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