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Retomada na Capital

Em dia de ampliação das atividades presenciais, 76% das escolas municipais seguem fechadas em Porto Alegre

No bairro Cavalhada, instituição com 397 matriculados recebeu apenas uma aluna na manhã desta segunda-feira

19/10/2020 - 20h48min


Tiago Boff
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Tiago Boff / Agencia RBS
Na Escola Neusa Goulart Brizola, no bairro Cavalhada, apenas uma aluna foi levada pelos pais

A partir desta segunda-feira (19), 306 escolas públicas de competência do município de Porto Alegre, sejam elas municipais ou comunitárias — quando o Executivo garante acesso gratuito a instituições particulares —, estão autorizadas a reabrir. O calendário permite a retomada de atividades presenciais para alunos do Ensino Fundamental 1 (primeiro ao quinto ano), da educação especial e do ensino para jovens e adultos (EJA).

De acordo com a Secretaria Municipal da Educação (Smed), a adesão foi menor no Ensino Fundamental, com seis dos 56 colégios municipais tendo algum tipo de atividade de alunos ou professores em adaptação. Já na rede de Educação Infantil, 18 das 43 escolas estão abertas.

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O impacto, segundo a prefeitura, é de 27,5 mil alunos que não tiveram acesso à instituição de ensino. Os números referentes às escolas comunitárias ainda não foram contabilizados.

A movimentação de estudantes, apesar de 24% dos colégios abrirem os portões, foi baixa nos locais visitados pela reportagem  na manhã desta segunda-feira. Na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Neusa Goulart Brizola, no bairro Cavalhada, apenas uma aluna das séries iniciais de alfabetização foi levada pelos pais — a instituição tem 397 matriculados.

Desde o portão, a sinalização no piso era visível na escola, com setas apontando a direção de entrada e de saída. Cones dividiam o corredor de circulação, e cartazes para orientação foram instalados.

Tiago Boff / Agencia RBS
Na Escola Professor Elyseu Paglioli, no bairro Cristal, pegadas foram pintadas no piso

Pintura no chão também foi uma das principais adaptações da Escola Municipal Especial de Ensino Fundamental (Emeef) Professor Elyseu Paglioli, no bairro Cristal. Com cerca de 150 estudantes, a ideia da direção foi pintar pegadas pelo caminho, explicando de forma didática o percurso. Mesmo com a iniciativa, a diretora Carla Chassot teme pelo reinício e, por isso, o colégio segue sem atividades.

— Nossos alunos todos têm alguma deficiência intelectual. Vamos voltar somente com a segurança total — avalia. 

A data de retorno na instituição depende da chegada dos equipamentos de proteção individual (EPI) adquiridos, ainda sem prazo certo para ocorrer. Máscaras extras e um termômetro estão entre as compras que ainda não foram entregues.

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Entre os acolhidos na escola há desde bebês até jovens de 21 anos, atendimento definido pela diretora como uma prestação de serviço à comunidade. Por serem todos do grupo de risco, de acordo com a docente, 90% dos pais demonstraram desejo de manter os filhos em casa. A falta de profissionais também preocupa.

— Somos 30, e nove, quase um terço, estão fora por aposentadoria ou por ser do grupo de risco. A cozinheira está afastada com suspeita (de coronavírus), até que saia o resultado — conta. 

Também no Cristal, a Emef José Loureiro da Silva estava com os portões fechados com cadeados. No pátio, um servidor cortava a grama, mas nenhum aluno ou professor foi visto. Um cartaz colado na grade informava que uma assembleia realizada em 24 de setembro decidiu por manter as atividades suspensas, por falta de condições sanitárias e de estrutura física adequada para receber a comunidade escolar.

Já no bairro Medianeira, os quase 800 alunos da Escola Municipal de Ensino Médio (Emef) Emílio Meyer também não têm prazo para voltar a conviver presencialmente. Apesar de já terem sido instalados totens com álcool gel e adesivos que orientam o sentido a caminhar sem esbarrar no fluxo contrário, o colégio também aguarda pela chegada de EPI. A instituição tem alunos em todos os níveis, do Infantil ao Ensino Médio.

Duas semanas após ser autorizada a reabrir, a Escola Municipal de Ensino Infantil Tio Barnabé permanece apenas com expediente interno. O motivo, informa a diretora Marta Castro, é que três profissionais tiveram exames confirmados para coronavírus.

— O secretário (da Educação) ordenou a volta, mas pedimos para reconsiderar, por segurança — afirma.

Localizada no bairro Azenha, a escolinha tem 122 alunos até os seis anos de idade. A readequação do quadro de servidores, afetado por afastamentos, contará com contratações emergências, segundo o secretário da Educação, Adriano Naves de Brito.


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