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Após chuva forte, comunidade do Cantagalo, em Viamão, pede melhorias

A água da chuva transformou as ruas em rios, impossibilitando a circulação de veículos. Mesmo após a estiagem, moradores enfrentam condições precárias em estradas

25/02/2021 - 13h05min

Atualizada em: 25/02/2021 - 13h06min


Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Em dias de chuvarada, ruas se parecem com rios

Moradores do Cantagalo, localidade na zona rural de Viamão, há anos enfrentam problemas de infraestrutura, que ficam mais visíveis em períodos de chuva. A principal reclamação da comunidade é a ausência do poder público em relação a melhorias e manutenção periódica na região.  

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Há cerca de 10 dias, uma chuva forte causou estragos nas vias. Conforme relatos dos moradores e vídeos que foram gravados, a água da chuva transformou as ruas do Cantagalo em rios, impossibilitando a circulação de veículos. Mesmo após a estiagem, a situação não melhora. Segundo a administradora da Ong Brechó Solidário e moradora da região, Kassia do Amaral Santos, 32 anos, leva aproximadamente cinco dias para que o barro das estradas fique firme novamente.  

– Em uma hora, a chuva causou danos a moradores. Teve gente que perdeu tudo dentro de casa. E todos os anos é assim. Além do barro, crateras se abrem nas estradas, ficam na altura da coxa. Não é apenas a água da chuva, tem esgoto no aguaceiro, pois aqui não temos saneamento básico. O povo protocola pedidos com urgência, precisa ser feito logo – explica a moradora, que nasceu e foi criada no Cantagalo.  

Precariedade

As más condições das vias, principalmente nas estradas Anielo Feula e Barreto Viana, e nos becos do Cervo e da Brasília, afetam não só a circulação de moradores, mas também de ônibus, polícia e ambulância. 

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Buracos dificultam o acesso da polícia

– Nossa região se tornou alvo de bandidos e devido às estradas, que estão do jeito que estão, eles têm tempo de escapar antes de a polícia chegar – afirma Kassia.  

Diversos protocolos de solicitações de patrolamento e ensaibramento das ruas do Cantagalo foram registrados por meio da Câmara Municipal. No entanto, segundo a moradora, o motivo da demora para atendimento, justificado pela Secretaria de Obras, é a falta de material. A previsão passada a ela foi de 30 dias. 

– Essa situação vem se arrastando há anos. E os moradores pagam os impostos, são trabalhadores honestos, crianças com deficiências e idosos. Não tem como esperar esse tempo – afirma Kassia. 

Conforme a administradora, a água da chuva segue um fluxo, mas não há galerias ou valetas para escoá-la de maneira que não entre nos pátios:

– Canos pequenos não dão conta. Parece que sempre ficamos com o que sobra, não temos atenção da prefeitura do município. Por isso, buscamos as redes sociais, a mídia, para atingir um fluxo maior de pessoas – explica Kassia. 

Falta de CEPs e de transporte

Além da precariedade das vias, Kassia salienta que a comunidade do Cantagalo luta há anos para ter CEPs em ruas:

– Temos que contar com amigos que moram em outros pontos para receber encomendas. Mesmo que tudo seja regularizado, não temos CEP em diversas ruas. 

Durante a pandemia e sem manutenção nas estradas, os moradores levam até duas horas para chegar no centro do município. Para quem não tem carro, a situação é ainda mais difícil, pois a oferta de ônibus é limitada a três horários. Segundo Kassia, profissionais que precisam se descolocar esperam embaixo de árvores, pois os pontos de parada não têm abrigos. 

– Há muitos anos, tinha mais uma linha de ônibus que passava aqui e ia até Porto Alegre. No entanto, perdemos esse ônibus. Acredito que tenha relação com a falta de manutenção da estrada. Hoje, nós podemos contar com três horários durante a semana e nenhum no fim de semana. Se quebrar o carro, não tem como sair – afirma a moradora.  

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Prefeitura garante agir  assim que tiver material

A Secretaria de Obras e Serviços Públicos de Viamão afirmou que, em visita ao local, o secretário da pasta “constatou que a obra para a solução dos alagamentos das vias é grande e precisa de um estudo hídrico e geomorfológico, pois existem várias vertentes no local”. Segundo o órgão, “a obra entrará para o cronograma e, assim que houver o material, começará”. 

Sobre as condições das vias, conforme pedido de moradores via protocolos, a secretaria informou que será feito o patrolamento “para amenizar os estragos da última chuva, mas ainda não há uma data definida para isso”. Também afirmou que não há previsão de pavimentação no Cantagalo. 

Em relação à oferta de ônibus na região, a Empresa Pública de Trânsito de Viamão (EPTV) informou que “está de acordo com o estudo do fluxo de passageiros por linha, no caso centro de Viamão-Cantagalo-Praia das Pombas” e que “o serviço da linha metropolitana, que levava até o centro de Porto Alegre foi suspenso, conforme decisão da Metroplan”.

A reportagem questionou se havia planos de incremento nas linhas. A EPTV alegou que “continuará a fazer o levantamento do fluxo de passageiros na linha para estudar a possibilidade”. 

CEP

Conforme a prefeitura, o endereçamento da comunidade com o registro de CEP é de responsabilidade dos Correios. A assessoria dos Correios explicou que, “geralmente, distritos e zonas rurais possuem um CEP único utilizado em toda a região, e não um CEP para cada via”.

De acordo com a divisão territorial dos municípios, usada pelos Correios para fazer o trabalho de Codificação Postal, a região do Cantagalo  faz parte do Distrito Municipal de Itapuã. Segundo o órgão, “esse distrito de Viamão possui um CEP geral – 94750-000 – que deve ser utilizado por todos os moradores da região”.

Produção: Caroline Tidra 

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