Seu Problema é Nosso
Após chuva forte, comunidade do Cantagalo, em Viamão, pede melhorias
A água da chuva transformou as ruas em rios, impossibilitando a circulação de veículos. Mesmo após a estiagem, moradores enfrentam condições precárias em estradas
Moradores do Cantagalo, localidade na zona rural de Viamão, há anos enfrentam problemas de infraestrutura, que ficam mais visíveis em períodos de chuva. A principal reclamação da comunidade é a ausência do poder público em relação a melhorias e manutenção periódica na região.
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Há cerca de 10 dias, uma chuva forte causou estragos nas vias. Conforme relatos dos moradores e vídeos que foram gravados, a água da chuva transformou as ruas do Cantagalo em rios, impossibilitando a circulação de veículos. Mesmo após a estiagem, a situação não melhora. Segundo a administradora da Ong Brechó Solidário e moradora da região, Kassia do Amaral Santos, 32 anos, leva aproximadamente cinco dias para que o barro das estradas fique firme novamente.
– Em uma hora, a chuva causou danos a moradores. Teve gente que perdeu tudo dentro de casa. E todos os anos é assim. Além do barro, crateras se abrem nas estradas, ficam na altura da coxa. Não é apenas a água da chuva, tem esgoto no aguaceiro, pois aqui não temos saneamento básico. O povo protocola pedidos com urgência, precisa ser feito logo – explica a moradora, que nasceu e foi criada no Cantagalo.
Precariedade
As más condições das vias, principalmente nas estradas Anielo Feula e Barreto Viana, e nos becos do Cervo e da Brasília, afetam não só a circulação de moradores, mas também de ônibus, polícia e ambulância.
– Nossa região se tornou alvo de bandidos e devido às estradas, que estão do jeito que estão, eles têm tempo de escapar antes de a polícia chegar – afirma Kassia.
Diversos protocolos de solicitações de patrolamento e ensaibramento das ruas do Cantagalo foram registrados por meio da Câmara Municipal. No entanto, segundo a moradora, o motivo da demora para atendimento, justificado pela Secretaria de Obras, é a falta de material. A previsão passada a ela foi de 30 dias.
– Essa situação vem se arrastando há anos. E os moradores pagam os impostos, são trabalhadores honestos, crianças com deficiências e idosos. Não tem como esperar esse tempo – afirma Kassia.
Conforme a administradora, a água da chuva segue um fluxo, mas não há galerias ou valetas para escoá-la de maneira que não entre nos pátios:
– Canos pequenos não dão conta. Parece que sempre ficamos com o que sobra, não temos atenção da prefeitura do município. Por isso, buscamos as redes sociais, a mídia, para atingir um fluxo maior de pessoas – explica Kassia.
Falta de CEPs e de transporte
Além da precariedade das vias, Kassia salienta que a comunidade do Cantagalo luta há anos para ter CEPs em ruas:
– Temos que contar com amigos que moram em outros pontos para receber encomendas. Mesmo que tudo seja regularizado, não temos CEP em diversas ruas.
Durante a pandemia e sem manutenção nas estradas, os moradores levam até duas horas para chegar no centro do município. Para quem não tem carro, a situação é ainda mais difícil, pois a oferta de ônibus é limitada a três horários. Segundo Kassia, profissionais que precisam se descolocar esperam embaixo de árvores, pois os pontos de parada não têm abrigos.
– Há muitos anos, tinha mais uma linha de ônibus que passava aqui e ia até Porto Alegre. No entanto, perdemos esse ônibus. Acredito que tenha relação com a falta de manutenção da estrada. Hoje, nós podemos contar com três horários durante a semana e nenhum no fim de semana. Se quebrar o carro, não tem como sair – afirma a moradora.
Prefeitura garante agir assim que tiver material
A Secretaria de Obras e Serviços Públicos de Viamão afirmou que, em visita ao local, o secretário da pasta “constatou que a obra para a solução dos alagamentos das vias é grande e precisa de um estudo hídrico e geomorfológico, pois existem várias vertentes no local”. Segundo o órgão, “a obra entrará para o cronograma e, assim que houver o material, começará”.
Sobre as condições das vias, conforme pedido de moradores via protocolos, a secretaria informou que será feito o patrolamento “para amenizar os estragos da última chuva, mas ainda não há uma data definida para isso”. Também afirmou que não há previsão de pavimentação no Cantagalo.
Em relação à oferta de ônibus na região, a Empresa Pública de Trânsito de Viamão (EPTV) informou que “está de acordo com o estudo do fluxo de passageiros por linha, no caso centro de Viamão-Cantagalo-Praia das Pombas” e que “o serviço da linha metropolitana, que levava até o centro de Porto Alegre foi suspenso, conforme decisão da Metroplan”.
A reportagem questionou se havia planos de incremento nas linhas. A EPTV alegou que “continuará a fazer o levantamento do fluxo de passageiros na linha para estudar a possibilidade”.
CEP
Conforme a prefeitura, o endereçamento da comunidade com o registro de CEP é de responsabilidade dos Correios. A assessoria dos Correios explicou que, “geralmente, distritos e zonas rurais possuem um CEP único utilizado em toda a região, e não um CEP para cada via”.
De acordo com a divisão territorial dos municípios, usada pelos Correios para fazer o trabalho de Codificação Postal, a região do Cantagalo faz parte do Distrito Municipal de Itapuã. Segundo o órgão, “esse distrito de Viamão possui um CEP geral – 94750-000 – que deve ser utilizado por todos os moradores da região”.
Produção: Caroline Tidra