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Cadê a solução?

Na zona rural de Viamão, moradores enfrentam condições precárias em estradas

Na comunidade do Cantagalo, no distrito de Itapuã, a principal reclamação é a demora no atendimento e fala de investimento em valas para escoar a chuva

29/05/2021 - 05h00min

Atualizada em: 29/05/2021 - 05h00min


Mateus Bruxel / Agencia RBS
Kassia não consegue desviar de buracos no Beco do Cervo

Com a maior extensão territorial da Região Metropolitana, Viamão tem cerca de 70% de sua área correspondente à zona rural. Mesmo que a maior parte da população viva em zona urbana, moradores dos distritos mais afastados reivindicam a assistência da prefeitura para melhorar sua qualidade de vida.

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Em outras edições, o Diário Gaúcho mostrou os problemas de infraestrutura, que ficam latentes em períodos de chuva. As estradas são tomadas por barro e, quando a água vai embora, os buracos surgem. Na comunidade do Cantagalo, no distrito de Itapuã, a principal reclamação é a demora no atendimento das demandas das estradas, especificamente, no patrolamento e no investimento em valas para escoar a água.

A reportagem circulou pelas estradas Anielo Feula, Barreto Viana, Beco do Cervo e Beco da Brasília. Segundo Kassia do Amaral Santos, 33 anos, que administra a ong Brechó Solidário e é produtora rural, as condições da estradas afetam não só a circulação de moradores, mas também de ônibus, polícia e ambulâncias. Há cerca de 20 dias, a prefeitura patrolou e fez o ensaibramento de alguns trajetos, porém, a situação encontrada não parecia resolvida.

“Uni duni tê”

Em cima da moto, Kassia faz entregas de seus produtos orgânicos por todo o Cantagalo. Por vezes, um buraco se torna obstáculo para a chegada ao destino. Ela recorda que já passou por crateras que alcançavam os joelhos. Outros comerciantes e cooperativas também convivem com a dificuldade de acesso, principalmente, ao receber mercadorias.

Mateus Bruxel / Agencia RBS
Beco da Brasília é muito irregular

Na entrada do Beco da Brasília, uma ponte coberta por terra está desgastada em uma das laterais. Segundo a moradora, embaixo dela passam tubulações antigas. A vegetação esconde o risco de motoristas ficarem presos no buraco que se abre no solo.

Mesmo sem ter chovido, o Beco do Cervo tinha pontos de acúmulo de água em buracos. Kassia brincou com a reportagem, dizendo que, para escolher o lado do buraco onde iria passar, precisava fazer “Uni duni tê” e acelerar.

Moradora do distrito desde que nasceu, ela conta que os problemas são antigos e que buscou várias formas de chamar a atenção do poder municipal. Ela protocolou solicitações por meio da Câmara Municipal, fez publicações em redes sociais, além de contar com a ajuda de vereadores.

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– O problema na região foi vivido pelos meus pais e por mim. O que eu não quero é que meus filhos também enfrentem a mesma situação – afirma.

À espera de valas para o escoamento da água

A dona de casa Marilene Abrão da Silva, 46 anos, sabe bem como é ter a casa tomada pela água. Ela mora abaixo no nível da Estrada Anielo Feula. Sem canaletas, a água encontra caminho dentro de propriedades e por açudes.

Mateus Bruxel / Agencia RBS
Estrada Anielo Feula

– Desce aqui na rua como um córrego, teve até peixe na estrada. Em uma das vezes, pesei o lodo que retirei de dentro de casa, deu mais de um quilo. A água danificou móveis, como o sofá e a geladeira – recorda.

Além da preocupação sobre a chuva durante o inverno, por demorar mais para a água secar, ela afirma que o esgoto da região também invade seu pátio junto com a correnteza.

De acordo com Kassia, circula a informação de que, se os moradores pagarem pelo material, a prefeitura faria as valetas. No entanto, mesmo com a boa vontade dos moradores, eles não têm recursos, conforme Kassia:

– Vamos ajeitando como dá, na solidariedade de ajudar os vizinhos. Mas, os moradores daqui não têm condições financeiras, ainda mais durante a pandemia, em que muitos foram afetados. Um dos moradores cedeu espaço do seu terreno para a construção de uma parada, mas não tem como arcar com a valeta.

Na última reportagem, em fevereiro, o secretário da pasta de Obras e Serviços Públicos “constatou que a obra para a solução dos alagamentos das vias é grande e precisa de um estudo hídrico e geomorfológico, pois existem várias vertentes no local”.  

Sem prazo para soluções definitivas

Conforme o engenheiro Nilton Magalhães, da Secretaria Geral de governo, os estudos hídrico e geomorfológico não têm previsão de serem realizados, “pois demandam tempo e equipe técnica especializada”.

A canalização por meio de galerias e tubulações necessita de um levantamento em propriedades privadas que a água percorre. Por isso, a solução definitiva para a canalização não tem qualquer perspectiva.

Enquanto isso, segundo a pasta, são feitos trabalhos paliativos de manutenção para tratar situações urgentes. A previsão de retomada dos serviços no Cantagalo é na primeira quinzena de junho, com ações emergenciais como valas, patrolamento, roçada e colocação de saibro.

A prefeitura foi questionada sobre o valor que é previsto para investimento na zona rural, além de problemas com maquinários e uma estimativa do quanto em material é gasto nas manutenções. Em resposta, apenas informou que foi utilizado cerca de “400 metros cúbicos de saibro”, sem mais detalhes do quanto em recursos é direcionado em materiais para a região.

MEIA PROMESSA

/// A prefeitura se comprometeu em realizar serviços emergenciais, como valas, patrolamento, roçada e ensaibramento. A previsão é que iniciem na primeira quinzena de junho.

/// Não há perspectiva para início de estudo hídrico e geomorfológico para uma solução definitiva sobre os alagamentos.

Produção: Caroline Tidra

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