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Iniciativa promove a construção de fogões campeiros em ocupações de Porto Alegre

Com o gás em alta, população pode preparar os alimentos nas cozinhas comunitárias

11/08/2021 - 05h00min

Atualizada em: 11/08/2021 - 14h22min


Alexandre Rodrigues
Alexandre Rodrigues
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Anselmo Cunha / Agencia RBS
Thais e Lúcia passaram a utilizar o equipamento instalado em ocupação

Receber comida, mas não poder cozinhar. Essa foi a principal questão que levou a Associação Feira Rua da Praia (Asferap), em parceria com o Conselho Regional pela Moradia Popular (CRMP) e o Projeto Sopão, a idealizar a construção de cozinhas comunitárias e fogão campeiro em ocupações de Porto Alegre. A inciativa teve como ponto de partida o contato direto das entidades com os moradores por meio da arrecadação e entrega de alimentos. 

— Primeiramente, surgiu a ideia de fazer um fogão campeiro grande, no qual todos pudessem se reunir ali, com distanciamento, e cozinhar comunitariamente, botar suas panelas para fazer um feijão, arroz ou massa quando tem — afirma o representante da Asferap, Juliano Fripp. _ Aí a gente pensou: "só um fogão não vai dar, precisamos de uma cozinha, um lugar coberto." Então, armamos o projeto, que é a cozinha comunitária, com a mínima infraestrutura possível — completa. 

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Pandemia, desemprego e preço do gás foram os principais fatores que, nos últimos meses, complicaram a vida das mais de cem famílias que recebiam as ajudas. Com a realidade em mente, foi dada largada à construção da primeira cozinha (bancada com dinheiro de vaquinhas solidárias), oficialmente aberta na manhã da última quinta-feira, na ocupação Jardim Império, zona norte da Capital. A ajuda de voluntários colocando a mão na massa contribuiu para que a obra fosse concluída em pouco mais de oito semanas. O espaço de aproximadamente 40 metros quadrados ficará aberto diariamente em dois turnos, das 10h às 13h e das 17h às 20h. O regulamento interno especifica que é necessário levar os próprios utensílios, além de ajudar a manter a limpeza. 

Anselmo Cunha / Agencia RBS
Lúcia foi uma das primeiras a utilizar a estrutura

— Vamos usar bastante o fogão. Nós e toda a comunidade — comemora a moradora da ocupação Thaís Regina Silveira. Ela e a companheira, Lúcia Silva, residem no local há mais de cinco anos e, mesmo optando por comprar um botijão de gás menor (de 2kg , o "liquinho") para casa, enfrentavam dificuldades devido ao encarecimento do item. Elas foram uma das primeiras pessoas a desfrutar do recém-inaugurado espaço.

— Já estamos preparando uma polenta temperada com galinha — comentou Lúcia enquanto esperava a iguaria chegar ao ponto.

No estilo da Fronteira

Nei Severino Gomes, também morador da ocupação, estava empolgado com a novidade. Sentado ao lado do fogão campeiro, ele esperava pacientemente o arroz com linguiça ficar pronto. 

— É parecido com a época em que eu morava na Fronteira. Costumava cozinhar assim — relembra o aposentado, que reside sozinho em uma casa simples, de quarto e sala, construída a próprio punho. 

O pequeno ambiente conta com fogão elétrico, mas sem o principal, o gás. Para suprir a necessidade, Nei fez um fogão improvido no chão do pátio, onde gosta de passar boa parte do tempo. No entanto, quando chove, fica impossibilitado de preparar comida. 

Anselmo Cunha / Agencia RBS
Arroz com linguiça preparado pelo aposentado Nei Severino Gomes

Mais cozinhas comunitárias em Porto Alegre sairão do papel nos próximos meses. É o que garante Juliano:

—  Estamos construindo duas, uma na ocupação São Luiz e outra na Vida Nova.

Interessados em contribuir com a iniciativa podem entrar em contato pelos telefones (51) 98130-8788 e (51) 99101-6732. 



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