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Cesta básica de Porto Alegre tem queda no preço pela primeira vez em nove meses

Com queda de 0,83% na comparação entre outubro e novembro, conjunto de alimentos apresentou redução que não ocorria desde março deste ano

08/12/2021 - 05h00min


Alberi Neto
Alberi Neto
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André Ávila / Agencia RBS
Batata e tomate são os alimentos com maior baixa

Os produtos in natura influenciaram na queda de preço da cesta básica de Porto Alegre no último mês. Relatório divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) ontem, mostrou que o conjunto de 13 itens ficou 0,83% mais barato em novembro, quando comparado com o levantamento de outubro. Essa é a segunda vez no ano que a cesta básica apresenta queda de preço. O fato não ocorria desde março, quando houve queda de 1,47% na soma dos alimentos.

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Segundo o Dieese, o relatório divulgado mensalmente divide os itens em três setores: produtos in natura, semielaborados e industrializados. A primeira categoria, que inclui feijão, batata, tomate e banana, reduziu 3,02% os preços. Os semielaborados — carne, leite e arroz — reduziram 0,16%. Enquanto isso, os industrializados subiram 0,76%. Neste setor, entram farinha de trigo, pão, açúcar, óleo de soja, manteiga e café. 

O grão torrado que é bebida quente tradicionalíssima dos brasileiros, aliás, foi o item que mais subiu de valor entre todos da cesta básica no último mês. O salto foi de 10,02% na comparação de novembro com outubro. Só em 2021, o café acumula alta de 51,52%, ficando atrás apenas do açúcar (alta de 59,93% neste ano) e do tomate, que está 53,72% mais caro do que em janeiro.

Na Capital, entre os 13 itens que compõem a cesta básica, sete ficaram mais caros na comparação mensal. Além do café, tiveram acréscimo de preço óleo de soja, açúcar, manteiga, farinha de trigo, carne e banana. No outro lado, seis ficaram mais baratos: batata, tomate, leite, pão, feijão e arroz.

Economista-chefe do Dieese no Rio Grande do Sul, Daniela Sandi explica que a alta do café está ligada ao fato de o produto ser uma commodity cotada no mercado global, com preços futuros em alta. Em seu relatório, o Dieese aponta que "a preocupação com o clima, ou seja, com impactos da geada na safra 2022/2023, repercutiu nos preços do café, tanto no mercado futuro quanto no varejo".

— Recentemente, o indicador CEPEA/ESALQ do café arábica tipo 6, posto na capital paulista, fechou a R$ 1.466,92 a saca de 60 kg. É o maior patamar real desde 20 de dezembro de 1999 e novo recorde nominal da série histórica do Cepea, iniciada em 1996. E a expectativa é de preços ainda maiores  — projeta Daniela.

André Ávila / Agencia RBS
O café foi o item que mais subiu de valor entre todos da cesta básica no último mês

Principais responsáveis por baixar o preço da cesta em novembro, a batata (queda de 4,99%) e o tomate (queda de 4,62%), apresentaram essa queda de valor em razão da melhora na oferta dos produtos ao mercado. A colheita da safra da batata e o aumento das temperaturas, acerando a maturação do tomate, explicam um pouco desse incremento na oferta, conforme a economista do Dieese:

— É início da safra de verão e intensificação da colheita em alguns Estados, então, aumenta a oferta.

Aumentos acumulados são superiores a inflação do período 

No acumulado de 2021, a cesta básica de Porto Alegre está 11,31% mais cara. A inflação de novembro ainda não foi divulgada pelo IBGE, mas o acumulado do país até outubro é menor do que o índice da cesta básica. O IPCA, que mede a inflação do país, estava em 8,24% neste ano, conforme o último levantamento publicado com dados de outubro. Em 12 meses, a cesta da Capital ficou 11,07% mais cara — a inflação no mesmo período, até outubro, é de 10,67%. 

Em reais, o conjunto de fechou novembro custando R$ 685,32, o que representa 67,35% do salário mínimo. O Dieese estima qual seria o salário mínimo necessário para uma família brasileira. No relatório mais recente, o valor era R$ 5.969,17, mais de cinco vezes o salário mínimo atual, de R$ 1.100.

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