Uma década de atuação no bairro São José, em Porto Alegre, atendimento a 150 famílias carentes e recentemente premiada na categoria Referência Educacional no prêmio Líderes e Vencedores, que valoriza lideranças da comunidade gaúcha e é promovido pela Assembleia Legislativa e pela Federasul. Tudo isso não foi suficiente para que o Coletivo Autônomo Morro da Cruz conseguisse apoio financeiro para manter as suas atividades a pleno. E, neste fim de ano, a ONG dá a pior notícia: a iniciativa será encerrada por falta de investimentos.
Sem perspectiva de como manter as ações, a vice-presidente da ONG, Nira Martins Pereira, 56 anos, conta que foi preciso avisar as famílias sobre o encerramento das atividades. Hoje, o principal projeto do grupo, que aposta na educação como base para o desenvolvimento humano, é o Integração Social. Nele, explica a psicóloga Luísa Puricelli Pires, 34 anos, aulas de capoeira, contação de histórias e música, dentre outras, permitem que os pequenos tenham acesso a uma grande variedade de estímulos, o que colabora para seu desenvolvimento.
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– Crianças vistas como um problema por serem agressivas são diferentes na ONG. Temos todo um acompanhamento individualizado com elas, que conseguem construir vínculos e amizades aqui – afirma.
Durante a pandemia, o contato com as 150 famílias foi mantido e reforçado com o oferecimento de assistência psicológica e doação de alimentos. Nos últimos meses, a quantidade de oficinas já havia diminuído pela falta de recursos.
O espaço acolhe as crianças enquanto os pais estão no trabalho. Por isso, Nira defende que o local assume importante demanda de assistência social.
– Se fecharmos, 55 crianças não terão onde ficar. Onde os pais irão colocá-las? Queríamos que isso fosse visto como uma política pública. Precisamos de ajuda, pois estamos fazendo um trabalho que é reconhecido dentro e fora da comunidade – desabafa a vice.
Para manter o ONG, que conta com voluntários e contratados, é preciso cerca de R$ 15 mil mensais. Entre as alternativas para suprir esse custo, o Coletivo promoveu uma campanha de apadrinhamento das crianças, porém, sem adesão. Hoje, foca na solidariedade para manter um fio de esperança de dar continuidade à sua relevante jornada.
Produção: Émerson Santos