Avanço da Ômicron
RS registra 50 mortes por covid-19 em um dia; média de óbitos é a maior dos últimos dois meses
Apesar da alta, óbitos não crescem na velocidade do aumento de casos. Para especialistas, vacinação é responsável por conter hospitalizações e mortes por covid-19
O Rio Grande do Sul registrou, nesta terça-feira (25), mais 50 mortes por covid-19, no intervalo de 24 horas. Com a atualização desses dados, sobe para 21,4 a média móvel diária de casos – maior valor desde 23 de novembro.
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O cálculo de média diária é usada por especialistas e governos para avaliar o comportamento dos dados da pandemia, visto que em alguns dias da semana há mais inclusões de dados no sistema do que em outros.
— Este aumento de mortes era esperado. Mesmo com a vacina, que gera muita proteção. Quando a gente tem um número tão grande de infectados como agora, ainda que seja uma proporção pequena que morrerá, são muitos óbitos. A gente chegou a ter 30 óbitos por covid-19 na semana e, agora, a gente registra 50 em único dia — afirma Suzi Camey, professora de epidemiologia e estatística da UFRGS.
A integrante do comitê científico que auxilia o governo do Estado na análise da pandemia também destaca que parte das mortes que estão sendo registradas neste momento poderiam ser evitadas se todas as pessoas estivessem vacinadas e se medidas para conter o contágio fossem adotadas.
— Isso testa nossos limites de tolerância. O quanto a gente é capaz de aceitar de óbitos que talvez fossem evitados. Boa parte dessas mortes seria evitável pelo uso da vacina e outras seriam poderiam ser evitáveis se houvesse a tentativa de não disseminar tanto o vírus — acrescenta Suzi.
O índice atual, mesmo com a alta das últimas semanas, é melhor do que todos os outros picos anteriores da pandemia. A título de comparação, a média diária de mortes por covid-19 na primeira onda, no inverno de 2020, chegou a 60,1. No pior momento da pandemia, a média diária de óbitos pela doença foi de 302,6. Isto é, as internações e os óbitos estão subindo após a explosão de contágio provocada pela variante Ômicron, mas a alta é menos intensa do que nas ondas anteriores.
— Dificilmente a gente vai chegar no Rio Grande do Sul a números de mortes como em março ou abril do ano passado. Agora, acho que existe uma certa dessensibilização em relação a se acostumar com número grande de óbitos — afirma Suzi.
Curva de novos casos segue em patamar recorde
Nesta terça-feira, o Estado também registrou mais 19.635 casos em 24 horas. Isso deixa em 16.075,1 a média diária de casos. Desde o dia 14 de janeiro, a média de novas infecções está no maior patamar da série histórica.
A estudiosa alerta que os números de novos casos certamente é maior do que o registrado. Além de ser um dado tradicionalmente subnotificado ao longo da pandemia, é especialmente prejudicado em momentos de explosão de contágio e dificuldade de testagem.
— Sobre casos, há incerteza neste momento. É tão grande a necessidade de testes por dia que podemos ter atingido um limite de testagem. Temos relatos de pessoas que vão no posto e desistem de esperar para serem atendidas. Outro fenômeno que acontece é uma na família testar positivo e as demais nem testarem, já iniciarem o isolamento — relata a epidemiologista.
O número de internações também tem aumentado no Rio Grande do Sul, em decorrência do aumento vertiginoso de casos. Nesta semana, o Estado voltou a conviver com mais de mil pessoas com covid-19 hospitalizadas em leitos clínicos, e vive cenário semelhante, nesse quesito, à primeira onda, do inverno de 2020.
Em UTIs, portanto em situação grave, são 432 pessoas com covid-19 internadas, nesta terça-feira (25). O número é inferior a todos os picos anteriores da pandemia.