Há vagas
Entidade promove profissionalização para adolescentes em situação de vulnerabilidade social
Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente (MDCA) busca construir banco de currículos para seleção de estudantes às vagas ofertadas por empresas parceiras
A busca pelo primeiro emprego pode ser desafiadora para adolescentes que desejam ingressar no mercado de trabalho. Assim, buscar capacitação pode se tornar um diferencial na hora da seleção. E o programa Jovem Aprendiz, que tem por objetivo aliar o desenvolvimento profissional com a continuidade dos estudos dos participantes, é uma das possibilidades disponíveis para este público. Pensando nisso, há 10 anos o Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente (MDCA), instituição social de Porto Alegre, mantém o Programa Adolescente Aprendiz, que colabora para a inclusão de pessoas de 15 anos no mercado do trabalho.
A falta de experiências profissionais em um período de crise financeira, cenário que o país enfrenta hoje, pode se tornar um ponto importante no momento da seleção. Por isso, o programa Jovem Aprendiz tem papel decisivo na formação destes estudantes.
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Ao ser contratado, o aprendiz irá realizar uma formação técnico-profissional em uma entidade qualificadora que irá prepará-lo para as atividades que exercerá na empresa. E é esta a função que a MDCA desenvolve.
A pedagoga Vitória Santanna, 26 anos, é uma das professoras do programa. Ela explica que, antes de serem direcionados para as empresas onde irão atuar, os estudantes selecionados passam por uma formação de 80 horas na organização. Neste período, que dura em média um mês e meio, recebem orientações sobre áreas como cidadania, matemática financeira e português instrumental, sendo uma preparação para o início do trabalho.
Após este primeiro momento, os adolescentes passam quatro dias na empresa e um dia da semana na entidade.
– É um programa muito qualificado, que busca fazer essa preparação e acompanhamento do adolescente durante todo o tempo de contrato – comenta a pedagoga.
Oportunidade
Atualmente, a MDCA possui 105 aprendizes em seu programa. Eles são contratados, através de parcerias, por empresas como o Banco do Brasil, Banrisul e Telefônica Vivo. Para ingressar no processo seletivo da instituição, é necessário cumprir alguns requisitos, como ter frequência escolar igual ou superior a 75%, e ter, no máximo, 15 anos e 10 meses, dentre outros critérios (ver quadro ao lado). Mas, um perfil fundamental para o programa, que visa a inclusão social, é o de adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
– Fazer estágio com 16 anos me possibilitou ingressar na universidade, pois me trouxe conhecimento e possibilitou que eu conhecesse pessoas e ambientes que me ajudaram a chegar no Ensino Superior. Eu sinto que esse movimento também acontece dentro do nosso projeto – fala Vitória, ao citar que a formação que proporcionam aos estudantes busca dar a eles conhecimentos não apenas para a área profissional, mas também para suas trajetórias de vida. Assim, são estimulados a desenvolver autonomia e responsabilidade financeira, por exemplo.
Legislação
Por lei, empresas de médio e grande porte precisam ter, no mínimo, 5% de suas vagas destinadas a aprendizes, e, no máximo, 15% para funções que precisam de formação específica. Sabendo da importância do primeiro emprego, Vitória faz um apelo aos contratantes: que busquem projetos sociais sem fins lucrativos, como o MDCA, que têm como objetivo principal investir no desenvolvimento dos estudantes.
Produção: Émerson Santos