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Em Canoas, famílias relatam demora na realização do teste da orelhinha 

Exame é importante  para constatar problemas auditivos em recém-nascidos

01/02/2022 - 12h31min


Diogo Sallaberry / Agencia RBS
Teste é rápido, fácil e indolor

O teste da orelhinha, também conhecido como exame de Emissões Otoacústicas Evocadas, é o método utilizado para constatar problemas auditivos em recém-nascidos. De acordo com a fonoaudióloga do Hospital Santa Casa de Porto Alegre, Stefanie Kuhn Benvenutti o teste é rápido, seguro e indolor. 

– Com esse teste é possível identificar diversos problema auditivos de maneira precoce – comenta a profissional.

Apesar de ser um exame obrigatório e garantido pela Lei Federal nº 12.303/2010, de forma gratuita, moradoras de Canoas alegam estar enfrentando dificuldades para acessar o serviço. 

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Atraso

Atualmente, de acordo com a prefeitura de Canoas, o exame é oferecido no Hospital Universitário (HU) da cidade. A atendente Emily Vargas Bueno, 22 anos, é mãe de Enzo Gabriel Bueno da Rosa, três anos. A moradora do bairro Mathias Velho conta que até hoje aguarda a ligação para que seja possível agendar o teste do filho. Ela explica que quando o menino nasceu, em 2018, ele  ficou internado durante três meses:

– Eles iriam realizar o teste naquela época, mas acabaram não fazendo. A informação que tive é que ligariam para agendar o exame.

Mas, mesmo sem ter trocado o número de telefone, a atendente afirma que não recebeu a ligação.

Direito

A fonoaudióloga do Hospital de Clínicas de Porto Alegre Denise Saute Kochhann, explica que a Triagem Auditiva Neonatal faz parte do programa de Saúde Auditiva. A prática se tornou obrigatória em todas as maternidades do país e serve para identificar precocemente alterações auditivas. 

–Todos os bebês que nascem devem realizar esse procedimento. Preferencialmente, antes da alta hospitalar. 

Segundo a profissional, as equipes realizam primeiro o procedimento de Emissões Otoacústicas Evocadas. Se for um bebê sem indicadores de risco para deficiência auditiva, geralmente, os testes param por aí. Caso não se obtenha uma resposta satisfatória, ou seja, se o teste apresentar falhas, ele deverá ser repetido depois de um período. 

A dona de casa Catiele Silva de Abreu, 33 anos, conta que também aguarda para que o filho Rafael Silva Oliveira, seis meses, realize o teste no Hospital Universitário de Canoas. Ela explica que foi ao hospital, no mínimo, quatro vezes para obter informações sobre o funcionamento do equipamento. Mas não conseguiu agendar o exame:

– Gastamos passagens e tempo. Quando chegamos lá é sempre a mesma desculpa. 

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Alternativa: Pagar o exame

A pintora Dilene Alves da Chaga, 41 anos, é avó de Henry Pereira da Chaga, seis meses. Ela conta que a família aguardou a realização do teste até os cinco meses do neto. Devido à demora, optaram por pagar o exame no sistema particular. Ela conta que desde o primeiro mês de vida da criança tentam realizar o exame pelo SUS. Mas, assim como as mães entrevistadas para a reportagem, diz ter sido informada pelo HU que o equipamento estava estragado.

– Eu consegui pagar particular. Mas e se eu não conseguisse? Quantas mães não conseguem? É um exame relativamente caro – desabafa a avó.

Ela registrou uma reclamação no hospital e também compareceu duas vezes na ouvidoria da prefeitura de Canoas para pedir informações sobre quando o aparelho seria consertado. Mas, até o momento, não recebeu nenhum retorno. Nem da ouvidoria nem do hospital: 

– Para mim isso que está ocorrendo é uma lesão dos direitos do meu neto. Se o pessoal do hospital tivesse pelo menos entrado em contato conosco para informar que estavam verificando a situação. Mas nunca fizeram contato.

Uma das formas de garantir que as crianças realizem o teste, afirma Denise, é investindo em busca ativa. Para isso, um trabalho em parceria com a assistência social do hospital pode garantir o eficiência do contato com as famílias.

– É um trabalho em equipe para garantir o acesso de todos –  explica a fonoaudióloga.

Equipamento  foi consertado

Conforme informações da assessoria de imprensa do Hospital Universitário de Canoas, o equipamento esteve com problemas durante alguns meses, mas os atendimentos foram retomados na semana passada. “De acordo com a coordenadora da Saúde Auditiva do HU, Rejane Bergmann, a demanda reprimida também já está sendo atendida, por agendamento, através dos números de telefone fornecidos pelos responsáveis”.  O hospital afirmou ainda que “existe dificuldade, em muitas ocasiões, pois as ligações não são atendidas”. Por isso, o HU disponibiliza o número (51) 3478-8190 para aqueles que precisarem agendar.

Quanto à comunicação sobre o não funcionamento do equipamento, o hospital afirma ter informado a Secretaria Municipal de Saúde via memorando. “Não sabemos dizer de que forma isso foi passado pela SMS à população. Durante o período em que esteve estragado, as mãe que tinham alta eram avisadas”.  Até a publicação desta matéria, a Secretaria Municipal de Saúde de Canoas não havia enviado a resposta sobre como ocorreu a comunicação para a comunidade.

Produção: Kênia Fialho



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