Consumo
Cesta básica de Porto Alegre sobe 6,34% em abril e chega a R$ 780
Conforme o levantamento do Dieese, conjunto de alimentos essenciais ficou R$ 97,96 mais caro desde que o ano começou
Já não é mais uma novidade o aumento dos valores nas prateleiras e gôndolas do mercado. No mês de abril, novamente, a cesta básica de Porto Alegre registrou alta e passou a custar R$ 780,86. Só em 2022, a cesta básica já subiu quase R$ 100 se comparada com o valor que estava em dezembro de 2021 – R$ 682,90 –, alta acumulada de 14,34%. Conforme o levantamento mensal do Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgado na semana passada, o reajuste em abril foi de 6,34%.
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A pesquisa leva em conta o preço médio de 13 itens que compõem o conjunto essencial para uma família. Entre os alimentos presentes na cesta básica, somente um teve diminuição de preço em abril, a banana, com queda de 4,41%. O açúcar se manteve estável.
Os outros 11 produtos da cesta tiveram altas e o mais caro segue sendo o tomate, com reajuste de 25,79%. No ano, a fruta já soma inflação de 36,72% e em 12 meses, o índice sobe para 95,62%.
– É um conjunto de fatores impactando os alimentos, não só o clima, mas também a forte demanda internacional e o dólar. Isso tudo aumenta os custos de produção e encarece no mercado interno. E como o governo abandonou os principais instrumentos que poderiam amenizar e levar a uma melhora, que seriam os estoques reguladores, por exemplo, hoje estamos pagando os alimentos em dólar – explica a economista-chefe do Dieese-RS, Daniela Sandi.
Depois do tomate, aparece a batata. O item saltou 14,63% entre março e abril. Só em 2022, a inflação da batata foi de 20,37%. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o acúmulo é de 41,76%. De acordo com o Dieese, as chuvas e a alta da demanda na Semana Santa provocaram redução na oferta, o que elevou o preço no varejo.
Em terceiro destaque das altas, está o leite, que é um dos produtos essenciais para a alimentação, principalmente, de crianças, com acréscimo de 13,46%. No acumulado de 12 meses, o leite ficou 32,5% mais caro.
Os dois únicos produtos que ficaram mais baratos, em um ano, foram a dupla feijão e arroz. Mas isso não é uma demonstração de melhora, visto que na pandemia esses itens tiveram elevação, como salienta Daniela:
– Por mais que tenha desacelerado a alta em alguns produtos, o custo de vida segue muito acelerado e o salário não consegue acompanhar.
Maior comprometimento do salário
O patamar acima dos R$ 700 vem desde março, quando a cesta ultrapassou o valor pela primeira vez na série histórica do Dieese, que acompanha a variação desde o início do Plano Real, em 1994. O comprometimento do salário mínimo, em abril, com a cesta básica foi ainda maior e chegou a 69,65%. Atualmente, o salário mínimo no país é de R$ 1.212. O levantamento do Dieese também informa qual seria o salário mínimo necessário para o sustento de uma família no país. Em abril, o valor foi de R$ 6.754,33, ou 5,57 vezes o mínimo em vigor.
– É o maior comprometimento do salário desde 2005. Uma forma de medir o poder de compra é olhar para a cesta básica. Então, se for pensar no orçamento familiar não sobra quase nada. Hoje, o botijão de gás passa dos R$ 100 e, logo mais, a alimentação iguala ao salário. Como faz para o trabalhador se sustentar com os outros itens dentro desse orçamento? A maior pressão ficou nesses produtos essenciais e que têm um impacto maior na população de baixa renda – afirma Daniela.