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Peso no bolso

Inflação desacelera na Grande Porto Alegre; tomate, cenoura e energia elétrica estão entre as maiores quedas de preços em maio

Passagem aérea e alguns alimentos puxaram indicador para cima. Mesmo com perda de ritmo, inflação segue elevada na região no acumulado do ano e em 12 meses

09/06/2022 - 21h17min


Anderson Aires
Anderson Aires
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Félix Zucco / Agencia RBS
Tomate apresentou maior queda geral de preços

Mesmo com nova alta no mês, a inflação apresentou perda de ritmo na Região Metropolitana. Em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou avanço de 0,47% na Grande Porto Alegre, o que mostra desaceleração em relação ao mês anterior, que anotou alta de 1,13%. 

Os grupos de alimentação, habitação e transporte têm participação importante nesse movimento de desaceleração, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (9). Tomate, energia elétrica residencial e combustíveis estão entre os itens que apresentaram as maiores quedas, levando em conta apenas a variação geral no IPCA de maio.  

A perda de ritmo no índice geral significa crescimento menor no IPCA, mas não queda. Mesmo com a desaceleração em maio, a inflação na Grande Porto Alegre acumula alta de 3,14% no ano e de 10,79% em 12 meses. 

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Tomate, cenoura, repolho e alface carregam as maiores quedas em maio dentro do grupo de produtos alimentícios. Esses itens também ocupam o topo do ranking geral. O movimento é parecido na média nacional. O gerente do IPCA, Pedro Kislanov, afirma que aspectos sazonais ligados a questões climáticas ajudam a explicar esse cenário:  

— Agora começamos o período de outono-inverno, que é mais seco e permite aumentar a oferta de alimentos e reduzir os preços. Outro fator é que os preços de alguns alimentos, como a cenoura, subiram muito (nos meses anteriores), o que faz com que a base de comparação seja muito alta.  

Dos nove grupos pesquisados no IPCA, apenas habitação registrou queda na Região Metropolitana em maio. Dentro desse segmento, a energia elétrica residencial tem destaque, com recuo de 10,09% no mês. 

O IBGE avalia que a queda ocorre diante da redução nas contas de energia pelo segundo mês seguido por causa da mudança de bandeira tarifária. Em abril, terminou a cobrança extra de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos da bandeira Escassez Hídrica.  

Por outro lado, as passagens aéreas e alguns alimentos, como cebola, manga e morango, ajudaram a manter o IPCA em alta no mês de maio.  

O economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), afirma que esse efeito da transição de outono para inverno ajuda a explicar a diferença de preços entre alguns itens na cesta de alimentos dentro da inflação. Braz afirma que a grande âncora do IPCA em maio no país foi a energia elétrica por causa do peso da conta de luz no orçamento das famílias. 

— A energia compromete 4,5% do orçamento familiar. Para cada um ponto percentual de recuo, o IPCA encolhe 0,05 ponto percentual. Então, se a gente não tivesse essa queda, o IPCA teria um incremento de quase 0,4 ponto percentual acima do que foi registrado em maio — explica Braz. 

O economista do FGV Ibre destaca que a inflação deverá seguir persistindo nos próximos meses, mas com desaceleração no segundo semestre. No entanto, ele destaca que alguns fatores, como os efeitos da covid-19 na China, da guerra na Ucrânia, do aumento de juros nos Estados Unidos e das eleições no Brasil na economia, mantêm ambiente de risco. 

— Então, são quatro efeitos que turvam um pouco o nosso cenário de inflação. Essa incerteza dificulta a previsão de inflação mesmo no curto prazo — salienta.

Principais resultados em maio na região metropolitana de Porto Alegre

Alimentos 

Maiores altas 

  • Cebola: 28,65% 
  • Manga: 13,78% 
  • Morango: 13,24% 
  • Batata-inglesa: 10,46% 
  • Ovo de galinha: 10,3% 

Maiores quedas 

  • Mamão: -8,55% 
  • Alface: -12,04% 
  • Repolho: -12,7% 
  • Cenoura: -13,25% 
  • Tomate: -18,85% 

Não alimentícios 

Maiores altas 

  • Passagem aérea: 16,67% 
  • Seguro voluntário de veículo: 8,58% 
  • Flores naturais: 7,88% 
  • Correio: 5,51% 
  • Ônibus intermunicipal: 5,39% 

Maiores quedas 

  • Perfume: -1,56% 
  • Televisor: -1,73% 
  • Pacote turístico: -2,52% 
  • Ar-condicionado: -2,96% 
  • Energia elétrica residencial: -10,09% 

Fonte: IBGE


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