Peso no bolso
Inflação desacelera na Grande Porto Alegre; tomate, cenoura e energia elétrica estão entre as maiores quedas de preços em maio
Passagem aérea e alguns alimentos puxaram indicador para cima. Mesmo com perda de ritmo, inflação segue elevada na região no acumulado do ano e em 12 meses
Mesmo com nova alta no mês, a inflação apresentou perda de ritmo na Região Metropolitana. Em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou avanço de 0,47% na Grande Porto Alegre, o que mostra desaceleração em relação ao mês anterior, que anotou alta de 1,13%.
Os grupos de alimentação, habitação e transporte têm participação importante nesse movimento de desaceleração, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (9). Tomate, energia elétrica residencial e combustíveis estão entre os itens que apresentaram as maiores quedas, levando em conta apenas a variação geral no IPCA de maio.
A perda de ritmo no índice geral significa crescimento menor no IPCA, mas não queda. Mesmo com a desaceleração em maio, a inflação na Grande Porto Alegre acumula alta de 3,14% no ano e de 10,79% em 12 meses.
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Tomate, cenoura, repolho e alface carregam as maiores quedas em maio dentro do grupo de produtos alimentícios. Esses itens também ocupam o topo do ranking geral. O movimento é parecido na média nacional. O gerente do IPCA, Pedro Kislanov, afirma que aspectos sazonais ligados a questões climáticas ajudam a explicar esse cenário:
— Agora começamos o período de outono-inverno, que é mais seco e permite aumentar a oferta de alimentos e reduzir os preços. Outro fator é que os preços de alguns alimentos, como a cenoura, subiram muito (nos meses anteriores), o que faz com que a base de comparação seja muito alta.
Dos nove grupos pesquisados no IPCA, apenas habitação registrou queda na Região Metropolitana em maio. Dentro desse segmento, a energia elétrica residencial tem destaque, com recuo de 10,09% no mês.
O IBGE avalia que a queda ocorre diante da redução nas contas de energia pelo segundo mês seguido por causa da mudança de bandeira tarifária. Em abril, terminou a cobrança extra de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos da bandeira Escassez Hídrica.
Por outro lado, as passagens aéreas e alguns alimentos, como cebola, manga e morango, ajudaram a manter o IPCA em alta no mês de maio.
O economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), afirma que esse efeito da transição de outono para inverno ajuda a explicar a diferença de preços entre alguns itens na cesta de alimentos dentro da inflação. Braz afirma que a grande âncora do IPCA em maio no país foi a energia elétrica por causa do peso da conta de luz no orçamento das famílias.
— A energia compromete 4,5% do orçamento familiar. Para cada um ponto percentual de recuo, o IPCA encolhe 0,05 ponto percentual. Então, se a gente não tivesse essa queda, o IPCA teria um incremento de quase 0,4 ponto percentual acima do que foi registrado em maio — explica Braz.
O economista do FGV Ibre destaca que a inflação deverá seguir persistindo nos próximos meses, mas com desaceleração no segundo semestre. No entanto, ele destaca que alguns fatores, como os efeitos da covid-19 na China, da guerra na Ucrânia, do aumento de juros nos Estados Unidos e das eleições no Brasil na economia, mantêm ambiente de risco.
— Então, são quatro efeitos que turvam um pouco o nosso cenário de inflação. Essa incerteza dificulta a previsão de inflação mesmo no curto prazo — salienta.
Principais resultados em maio na região metropolitana de Porto Alegre
Alimentos
Maiores altas
- Cebola: 28,65%
- Manga: 13,78%
- Morango: 13,24%
- Batata-inglesa: 10,46%
- Ovo de galinha: 10,3%
Maiores quedas
- Mamão: -8,55%
- Alface: -12,04%
- Repolho: -12,7%
- Cenoura: -13,25%
- Tomate: -18,85%
Não alimentícios
Maiores altas
- Passagem aérea: 16,67%
- Seguro voluntário de veículo: 8,58%
- Flores naturais: 7,88%
- Correio: 5,51%
- Ônibus intermunicipal: 5,39%
Maiores quedas
- Perfume: -1,56%
- Televisor: -1,73%
- Pacote turístico: -2,52%
- Ar-condicionado: -2,96%
- Energia elétrica residencial: -10,09%
Fonte: IBGE