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Alta nos preços de itens de limpeza faz consumidores criarem estratégias para economizar

Em 12 meses, artigos de higiene acumulam alta de 11% na Grande Porto Alegre

23/09/2022 - 05h00min

Atualizada em: 23/09/2022 - 05h00min


Caroline Tidra
Caroline Tidra
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André Ávila / Agencia RBS
Mariani Alós pesquisa muito e troca algumas marcas de produtos para economizar

Deixar a casa limpa também ficou mais caro neste ano. Até agosto, produtos de limpeza acumularam alta de 13,33% no Brasil, que corresponde ao triplo da inflação do período conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já na Grande Porto Alegre, o grupo de artigos de limpeza teve 8,87% de aumento. Mesmo que menor se comparado ao patamar nacional, os consumidores sentiram no bolso e precisaram alterar os critérios na hora das compras. 

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–  Vou semanalmente ao mercado e tudo subiu significantemente neste ano. Então, optei por trocar de marca em alguns produtos. Senti pesar mais no amaciante para roupas e no xampu – afirma a doceira Katiane Sampaio, 40 anos, moradora de Viamão. 

Para a dona de casa, Débora Fontoura de Lima, 36 anos, de Esteio, a alta foi mais sentida nos produtos de higiene pessoal:

– Acho que o xampu foi impactante. Normalmente custava em torno de R$ 15, R$ 18, agora não se encontra abaixo dos R$ 25, xampu e condicionador. 

Como foi percebido pelas consumidoras, itens de higiene pessoal apresentam alta de 8,81%. De janeiro a agosto, na Grande Porto Alegre, o preço médio dos sabonetes disparou 12,72% e produtos para cabelo, 10,35%. 

No mesmo período, entre artigos de limpeza, o sabão em pó, por exemplo, aumentou 12,72%, amaciantes e alvejantes, 12,14%, e os detergentes, 9,6%. A mudança de preços na prateleira do mercado impacta não só no bolso, mas na pele. 

– Temos (a família) problema de sensibilidade na pele, e com o aumento dos valores vamos experimentando outras marcas, mas nem sempre dá certo. Outra coisa que eu percebi foi a mudança na gramatura dos produtos. A gente compra achando que não subiram o preço, mas há a redução na quantidade – relata Katiane. 

Donas de casa trocam em redes sociais dicas quando o assunto é economizar. Moradora de Gravataí, a auxiliar de escritório Mariani Alós, 24 anos, conta que sentiu na rotina a alta do valor do sabão em pó. Segundo Mariani, são muitas lavagens na semana, devido ao uso de uniformes de trabalho, dela e do marido, além de roupas do dia a dia da filha. 

– Eu pesquiso muito e moro em uma região privilegiada, que tem cinco ou seis mercados por perto. Estou sempre cuidando nas redes sociais e nos folhetos que deixam na frente de casa, então vejo onde está mais barato e, se a promoção está boa, compro em quantidade – explica a auxiliar. 

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Nas compras de itens de higiene pessoal, ela também optou por trocar de marcas e até procurar por itens de higiene pessoal fora dos supermercados:

– Deixei de usar de mercado (xampus e sabonetes) para comprar de revistas de cosméticos, pois está compensando pegar de uma revendedora que, às vezes, compra com desconto. No mercado, já vi a mais de R$ 4 uma barra de sabonete. 

Além do trabalho fora de casa, Mariani compartilha um pouco da sua rotina e dicas para cuidados do lar na sua página no Instagram. Entre as estratégias, ela aposta nas misturas caseiras para o maior rendimento dos produtos, como a adição de vinagre no detergente e também uma mistura de sabões ralados para lavar os panos de prato. Para exemplificar, ela detalha uma das maneiras de economizar produtos na limpeza do box de banheiro:

– O banho deixa o box gorduroso, tanto pela sujeira do dia a dia com pelos produtos de cabelo. Aí quando vou limpar, uso uma esponja de aço e passo pelo box seco. A esponja vai ficando branca e tirando a sujeira. 

Setor deve estabilizar até o final do ano

A alta nos preços dos produtos de limpeza, perceptível ao consumidor, é reflexo de elementos que afetaram o custo de produção, conforme explica Paulo Engler, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional (Abipla):

– De fato, no começo desse ano tivemos um aumento significativo do preço do produto de limpeza na gôndola. Isso é um reflexo direto do final do ano passado, em que tivemos preço do diesel muito elevado, a energia elétrica, a variação do dólar. Esses três componentes juntos fazem que o custo de produção suba fortemente. 

De acordo com o diretor da Abipla, em 2021, os artigos de limpeza acumularam alta de preços bem menores que a inflação, medida pelo IPCA, período impactado pela pandemia em que não havia espaço para repassar preço, pois o consumidor seguia com sua despesa mensal comprometida. Por isso, só em 2022, com a normalização dos serviços, há uma reposição da margem, que segundo Engler, garante a saúde financeira das empresas. Segundo o diretor da Abipla, o setor está otimista para a segunda metade de 2022 com tendência de estabilização do custo de produção e consequentemente o repasse ao consumidor.

– Já é percebida na vida cotidiana uma queda no preço da energia elétrica e o preço dos combustíveis também está caindo. O dólar está estabilizado abaixo do patamar do ano passado, não tem variado com força, e as cadeias produtivas mundiais voltaram a funcionar normalmente. A tendência é de que o produto de limpeza, na nossa visão, já tenha batido no teto e não suba mais até o final do ano. Vai encontrar a variação da inflação até dezembro – afirma Engler. 

Alerta sobre misturas caseiras

Não é incomum que donas de casa utilizem de soluções caseiras para o maior rendimento do produto. Como, por exemplo, o acréscimo de vinagre ao detergente ou a mistura de produtos com bicabornato. Por isso, a Abipla e o Conselho Federal de Química (CFQ) alertam sobre os riscos das receitas caseiras de produtos de limpeza. Nos sites das entidades são disponibilizadas informações em cartilhas para evitar que uma mistura de produtos represente perigo à saúde física e danos materiais. 

– É imprescindível que as recomendações de uso e manuseio do rótulo sejam sempre respeitadas. As pessoas não devem se deixar levar por receitas ditas milagrosas, cujas misturas não se conhece o real efeito potencial, em médio e longo prazos – reforça Engler.

Segundo Wagner Contrera, conselheiro federal do CFQ, misturas indevidas podem ocorrer reações químicas indesejáveis:

– Desde a ineficácia na limpeza, especialmente, em tempos de covid-19, até possíveis riscos à saúde das pessoas, como a formação de gases tóxicos.

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