Seu Problema é Nosso
Após três meses, moradores de Canoas voltam a ter água
Corsan regulou o sistema de válvulas da rede que atende a Vila União, no bairro Olaria, normalizando o abastecimento
Após três meses com abastecimento precário, moradores das ruas Tereza Alexandre Souza, Jeferson Cabral Duarte, José Luís Konzen e Alberto Rodrigues de Oliveira, na Vila União, bairro Olaria, em Canoas, voltaram a ter água. O líquido vital voltou a escorrer durante o dia pelas torneiras e chuveiros das quase 20 famílias que vivem na localidade.
Em novembro, o Diário Gaúcho contou que, devido aos problemas de fornecimento de água, a comunidade precisava realizar atividades domésticas e tomar banho durante as madrugadas, porque esse era o único horário que o líquido aparecia, à míngua.
– No dia seguinte à reportagem, a água apareceu aqui no bairro e, até agora, não foi embora – comemora Vitor Farias, 59 anos, presidente da Associação Independente União do Bairro Olaria e morador da área há 32 anos.
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No calorão, um bom refresco
A normalização da situação trouxe alívio para a comunidade, principalmente em meio às altas temperaturas. Se antes a dona de casa Katia Cinara Duarte, 48 anos, precisava esperar até a madrugada para tomar um banho após um dia quente, agora aproveita para se refrescar na piscina que montou no pátio de casa e que encheu depois que a água reapareceu.
– As crianças brincam aí, aproveitam a piscina no calorão. Ainda bem que a água voltou. Nessa temperatura, é quase impossível viver sem – analisa Katia, que divide o pátio com a mãe, a irmã e os sobrinhos.
Banhos de chuveiro retomados
O sentimento de tranquilidade também é vivido pela bombeira civil Isabel Cristina dos Santos, 45 anos, que não precisa mais passar noites em claro para colocar a limpeza da casa em dia e encher baldes de água para os banhos do pai, o caminhoneiro aposentado Anildo dos Santos, 70 anos.
Após fraturar o fêmur devido a um câncer na coxa esquerda, Anildo se locomove com uma cadeira de rodas e usa uma higiênica para os seus banhos. Quando estava sem água, com o apoio da filha, era de canequinha que se higienizava.
– Agora melhorou bastante, conseguimos ligar o chuveiro nos banhos, o que os facilita e os deixa mais rápidos. Também não precisamos mais esquentar água no fogão e usar canecas – afirma Isabel.
Uma cerimônia bem perfumada
Depois de encarar o seu casamento civil tomando banho de canequinha de madrugada, Caren Farias Costa, 39 anos, aproveitou o casamento na igreja, em 3 de dezembro, para subir ao altar com Gilson dos Santos Soares, 40 anos, bonita e perfumada:
– No civil, não consegui me arrumar. Não tive a oportunidade que toda noiva tem. Dessa vez, consegui me arrumar com tranquilidade e tomar banho com calma para ir ao casamento.
O casal de autônomos, juntos há 23 anos, tem três filhos e um neto.
Precaução e receio pelo futuro
Apesar da normalização do abastecimento datar um mês e os moradores estarem aliviados momentaneamente, quando questionados, confessam que não se surpreenderiam com futuras faltas de água. Por isso, mantêm um estoque de água.
– Deixamos os galões cheios no cantinho da casa. Na verdade, fazer isso já virou um hábito. Vai que falta de novo? É melhor prevenir – explica Nilce de Almeida, 57 anos, confeiteira aposentada, que adquiriu o hábito após viver três meses com água aos pingos, tendo que cuidar da irmã, Lisete Almeida de Freitas, 71 anos, que está acamada desde que sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) no ano passado.
Corsan regulou o sistema de válvulas da rede
A Corsan disse à reportagem, em nota, que, depois de descartar a possibilidade de um vazamento invisível na região, verificou que havia uma fuga de água em Cachoeirinha, no limite com Canoas. Moradores da região teriam instalado redes particulares de água e ligado-as irregularmente ao sistema de abastecimento da Corsan. A Companhia regulou o sistema de válvulas da rede, o que resultou na retomada do fornecimento normal para os moradores da Vila União.
Produção: Júlia Ozorio