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Campanha arrecada material escolar para estudantes de famílias de recicladores de lixo em Caxias 

Ao menos 10 reciclagens precisam de doações para crianças e adolescentes 

08/02/2023 - 08h00min


Aline Ecker
Aline Ecker
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Neimar de Cesero / Agencia RBS
Soraya (E), Arthur e Iara usaram material escolar retirado da reciclagem em 2022

Com a proximidade do começo de um novo ano letivo, as famílias de recicladores de lixo de Caxias do Sul precisam de doações de material escolar para as crianças e adolescentes. A solidariedade pode mudar a vida dos estudantes que, muitas vezes, reutilizam materiais que são colocados no lixo e os reaproveitam para que possam ir para a escola.

A campanha das associações de reciclagem quer arrecadar materiais novos ou usados, como borrachas, apontadores, lápis de cor, giz de cera, cadernos, canetas e canetinhas. As crianças também precisam de mochilas.

O presidente da Associação de Recicladores Centenário, Adroaldo Flores, é um dos organizadores da ação. Ele ressalta que, em média, de 10 a 15 crianças de ao menos 10 reciclagens estão em idade escolar. 

— Com as doações, os recicladores não precisam comprar o material e é um gasto a menos, especialmente no começo do ano. Sempre tem dívidas, contas parceladas e a renda é baixa. Então, é muito importante conseguir essa ajuda. 

Ajuda é essencial

Uma das famílias que será beneficiada é a da recicladora Tatiane Champe Correa, 39 anos, presidente da Associação de Recicladores Girassol. Moradora do Vila Ipê, ela precisa de doação para as filhas Janaína, 16, e Iara, nove. Ela ressalta que a ajuda da comunidade é essencial para as famílias que possuem crianças na escola. 

— Temos 11 crianças em idade escolar, filhos das associadas aqui na Girassol. Elas precisam de todo o material escolar, inclusive mochilas. Nós até aproveitamos muito do que vem no seletivo, como lápis, colas, apontadores e alguns cadernos, que arrancamos as folhas escritas e levamos para as crianças aproveitarem em sala de aula. 

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A irmã dela, Tainara Champe Correa, 27, também era recicladora. Ela é mãe de Artur, 10, Soraya, seis, e Lorenzo, de um ano e 10 meses. Mas como o caçula ainda não está na escolinha, precisou parar de trabalhar. As irmãs contam que os primos Iara e Arthur repartem o material com outras crianças de famílias que vivem em vulnerabilidade social. 

— Acredito que tudo que se pede na lista escolar seja necessário para eles, pois se sentem muito felizes em começar o ano letivo com todo o material e a mochila. A auto estima fica muito em alta e a capacidade deles é bem maior, assim como a vontade de aprender aumenta quando eles têm todo o material.  Todas as crianças são muito caprichosas e espero que todas as pessoas se sensibilizem em ajudar — pede Tatiane. 

A irmã reforça o pedido pelas doações:

— Está tudo muito caro. O caderno mais simples está uns R$ 20. Estou sem trabalhar e só meu marido tem salário. Se conseguirmos os materiais, ajudará muito. 

Tímidas, as crianças contam que gostariam de materiais novos. Em um dos anos, o pequeno Arthur limpou todos os lápis encontrados no lixo para pode usar. O material sujo com cola. 

— Ajudamos os nossos colegas que não têm material. Seria bem legal ter tudo novinho —  empolga-se.

A prima Soraya concorda. 

— Até mochila — fala, sem esconder o sorriso. 

Crianças esperam por doações 

Neimar De Cesero / Agencia RBS
Filhos dos associados e associadas da Associação Santa Rita no bairro Planalto também vão ser beneficiados

Os filhos das associadas e associados da Associação Santa Rita de Recicladores, no bairro Planalto, também serão beneficiados pelas doações. A presidente Eliana Paim Borges é mãe de Felipe Borges dos Santos, 11, e avó de Brayan Borges dos Passos, cinco, sendo que a filha dela também é recicladora. Outras 12 crianças ou adolescentes estão em idade escolar e precisam de material escolar. São elas: Laura e Alana, cinco; Maria Eduarda, seis; Davi, sete; Nícolas, Raquel e Caíque, oito; Pedro e Ana Luíza, nove; Raíssa, 10; Allison, 12; e Vitória, 16. 

— Muitas mães estão sozinhas para sustentar as casas e os filhos, tem que pagar aluguel e o salário é pouco, porque não se consegue comprar tudo. Com essa ajuda, sobra para outras coisas, para comprar um sorvete para crianças no final do semana, um leite, um biscoito. Todas vão ficar muito felizes porque vai sobrar para outras coisas — destaca a presidente. 

Ela afirma ainda que este tipo de campanha ajuda a sensibilizar e conscientizar a comunidade, que nem sempre percebe que há pessoas que vivem do lixo. 

— Às vezes muita gente é invisível para a sociedade. A maioria das pessoas leva o lixo seletivo na lixeira e acham que acaba ali, mas ele tem um caminho importante para percorrer e chegar até nós —ressalta Eliana. 

Como ajudar

/// Os materiais podem ser doados até o dia 15 de fevereiro.

/// Quem tiver interesse em ajudar, pode entrar em contato com Adroaldo, pelo telefone (54) 99200-1410.



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