Seu Problema é Nosso
Entre cadeiras de rodas e alimentos, Jorge pede apoio para seguir com trabalho social
Morador da zona norte da Capital conserta cadeiras para doar ou emprestar e busca doações de cestas básicas para distribuir na região
A solidariedade toma conta de uma casa no bairro Mário Quintana, zona norte da Capital. Ali mora Jorge Luiz Lopes da Silva, 63 anos, que trabalha com consertos de cadeiras de rodas e camas hospitalares. Além do serviço pago, ele reúne cadeiras de rodas em más condições, as restaura e doa ou empresta a quem precisa. Também troca os itens por cestas básicas — alimentos que destina principalmente a moradores do bairro e dos arredores.
Sua história foi contada pelo DG em 2020 e o garantiu uma leva de doações. Agora, Jorge busca um novo apoio (veja detalhes no quadro abaixo).
— Tenho, na minha casa, hoje, umas 80 cadeiras de rodas para consertar. Só que é caro recuperar tudo isso. Então, vou recuperando aos poucos, com o dinheiro que vai entrando no meu serviço — explica.
Ele também coleta tampinhas plásticas, vende-as e, com o dinheiro, compra cestas básicas e caixas de leite. Hoje, tenta doar em torno de 15 cestas por mês, mas deseja aumentar esse número.
Todo o trabalho social realizado lhe rendeu um apelido: Jorge do Bem.
LEIA MAIS
Escolinha de futebol gratuita forma talentos em Guaíba
Esgoto segue causando transtornos no bairro Fátima, em Canoas
Patinadoras querem competir no Paraguai
Dedicação
Os consertos começaram em 2018, quando Jorge ainda era caminhoneiro e estava em um projeto social. O grupo recebia cadeiras de rodas para doar, mas Jorge percebia que muitas chegavam estragadas e acabavam indo fora porque não havia quem as consertasse.
— Comecei, aos pouquinhos, na minha garagem, na casa em que eu morava antes, a arrumar as cadeiras para repassar para o pessoal como doação — lembra.
Em 2020, passou a atuar profissionalmente nos consertos. Mas o lado solidário se manteve forte. A maioria das cadeiras que recebe hoje vem de lares de idosos que atende. Jorge restaura e vende algumas — com parte do valor, paga gasolina ou compra cestas básicas e itens para as cadeiras que serão doadas ou emprestadas.
Por conta da distância, ele lamenta não conseguir buscar algumas, às vezes:
— Se eu tivesse ajuda de combustível, todas as cadeiras eu buscaria. Tenho espaço para guardar.
Um ciclo de solidariedade
Pelas contas de Jorge, são cerca de 300 cadeiras recuperadas por ano, entre as de uso cotidiano e as de banho. As doadas ou emprestadas têm garantia: se estragar, é só levar de volta que ele as recupera. Além disso, procura conhecer a pessoa e avaliar a necessidade que ela tem do item antes de entregá-lo.
A rotina de Jorge mistura os consertos pagos e aqueles solidários, seja nos dias úteis, seja no fim de semana.
— Tem gente que é desassistido de tudo que é jeito, de tudo que é de lado, então, se eu não fizer isso por eles, é complicado. Tem gente que vem aqui no meu portão pedir alimentos — conta.
A ideia de trocar cadeiras por cestas básicas surgiu quando começou a faltar alimentos para ajudar as famílias do entorno. Hoje, o empresário Rubens Ungaretti, 51 anos, dono de um hospital e clínica veterinários em Porto Alegre, além de uma pet shop, têm feito essa troca com Jorge. Nos estabelecimentos, há também pontos de coleta de tampinhas.
Juntar esses itens é algo que a dona de casa Magda Rosi Barbosa, 57 anos, moradora do bairro Jardim Carvalho, na Capital, também faz. E o ciclo de solidariedade se mantém: ela é uma das que recebem cestas básicas. Mas não é só isso: devido ao diabetes, Magda perdeu parte das pernas e também utiliza uma cadeira reformada por Jorge.
Veja como é possível contribuir
/// Cestas básicas
/// Cadeiras de rodas e para banho
/// Materiais para consertos das cadeiras (como rodas, tintas, pneus e produtos antiferrugem) ou valores para comprar as peças necessárias
/// Tampinhas plásticas
Tem algo para doar? Então, entre em contato com Jorge pelo telefone (51) 99286-8884.
Produção: Isadora Garcia