Seu Problema é Nosso
Com brigadeiros, doações e afeto, coletivo ajuda mães em Porto Alegre
Anjos da Be atende em torno de 90 famílias, a maioria moradora do bairro Restinga e com mães solo, mulheres que cuidam sozinhas dos filhos
Em Porto Alegre, um grupo tem unido forças para ajudar principalmente mães solo, ou seja, aquelas que cuidam sozinhas dos filhos. É o coletivo Anjos da Be. Segundo a criadora da iniciativa, Cinthya Py, 31 anos, em torno de 90 famílias são atendidas. A maioria mora no bairro Restinga, no Extremo Sul, e tem o desemprego como realidade.
O coletivo está com duas campanhas abertas: uma para a Páscoa e outra para a conquista de uma sede e realização de um curso profissionalizante. O grupo aceita, ainda, doações de alimentos, valores e roupas, principalmente de inverno (veja abaixo como ajudar).
Cinthya também faz brigadeiros, e três mães ajudam nas vendas. Uma parte do valor arrecadado fica com elas. Outra fica com o coletivo, para a compra de alimentos e a reposição dos ingredientes dos doces.
— Essas mães vêm e pegam uma quantia (de brigadeiros) para vender nas ruas. Elas vão batendo de porta em porta e vendem. Anunciam nas redes delas também — explica Cinthya, que é moradora do bairro Hípica e se divide entre os doces e a loja de roupas da qual é proprietária.
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Motivação
Cinthya já ajudava algumas famílias por conta própria, mas, em 2021, decidiu dar forma a um coletivo.
— Eu sou mãe solo, então, para mim, é um negócio muito importante ajudá-las a se reerguer e a encontrar um caminho.
A vontade de conhecer mais de perto quem precisava de auxílio também foi um dos motivos. Hoje, além de Cinthya, o coletivo é formado por duas amigas e uma prima dela. As quatro acompanham as famílias. Elas também ajudam a fazer currículos.
Sonhos
Conquistar uma sede é uma das metas do Anjos da Be e, junto a isso, a criadora do grupo conta que quer capacitar as mulheres. Um primeiro curso, de manicure e pedicure, está no horizonte, mas é necessário um local para realizá-lo.
— Em vez de pagar um lugar para conseguirmos dar o curso, queremos dar tudo dentro da sede. Lá, conseguimos guardar os alimentos, as roupas, atender as famílias, dar refeição, fazer todo o atendimento — sonha Cinthya.
No momento, as ações e organizações costumam ser feitas nas casas das integrantes. A ideia seria alugar um espaço, de preferência, no bairro Restinga, para facilitar o deslocamento das mulheres atendidas. A sede serviria também para os encontros mensais que são feitos entre elas, com o objetivo de conversar e desabafar. Segundo Cinthya, muitas têm filhos ainda pequenos, estão se separando, foram deixadas pelos maridos ou até já sofreram algum tipo de violência.
Be também teve seus "anjos"
Além de financeiro, um apoio emocional foi também o que Cinthya recebeu anos atrás para tocar sua vida. Ao passar por uma separação na época, com uma filha de dois anos (a Be, que agora tem 11) e sem emprego, ela precisou de auxílio. Hoje, tenta retribuir.
— Pessoas muito boas nos ajudaram, anjos mesmo — conta, entregando o motivo de o nome do coletivo ser Anjos da Be.
Em uma das campanhas recentes — de material escolar —, uma das mães auxiliadas foi Nayana Cristina Pereira Farias, 33 anos, do bairro Serraria. Ela e o marido estão desempregados e têm seis filhos. Quatro deles precisavam de itens para o dia a dia na escola. Nayana viu sobre o coletivo nas redes sociais e foi atrás:
— Elas foram anjos quando eu mais precisei. Eu só tenho a agradecer.
Como ajudar
/// Para a Páscoa, o coletivo recebe doces (como balas e pirulitos) até o próximo dia 7 (sexta-feira). Os itens serão doados a cerca de 140 crianças de famílias atendidas — dependendo da quantidade arrecadada, as doações também podem chegar até as cerca de 50 crianças que estão na lista de espera do coletivo.
/// Para ajudar na campanha de Páscoa ou com algum outro item, contribua via Pix, com a chave sendo o e-mail anjosdabe@gmail.com, ou combine a entrega pelo Instagram (@coletivoanjosdabe) ou pelo facebook.com/anjosdabe.
/// Para tornar o sonho da sede e dos cursos realidade, é possível apoiar pelo site vakinha.com.br/vaquinha/verba-para-nossa-sede-e-curso-profissionalizante.
Produção: Isadora Garcia