Papo Reto
Manoel Soares rumo à África
Colunista escreve no Diário Gaúcho aos sábados
Amigos, estou embarcando neste sábado para o continente africano. Entre os negros africanizados, brincamos que essas viagens são para visitar a “mãe”.
Eu vou especificamente para Angola. Vou ficar na capital, Luanda. Angola é o sétimo país mais populoso do continente africano. Como também foi colonizado por Portugal, tem como língua principal o português, e isso nos aproxima muito, até porque foi dali também que Portugal tirou mão de obra para sustentar sua indústria da escravização.
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Geralmente, quando ouvimos falar de África, vem uma ideia de dor e tristeza, mas isso não é por acaso, gente: a força do povo africano foi substituída por imagens de povo triste e sofrido. É importante lembrar que, em 1884, rolou uma conferência em Berlim, na Alemanha, onde países europeus se juntaram para definir como dividiriam a invasão ao continente africano. É como se ricos ladrões se unissem para combinar quem iria roubar o que dos africanos. Nessa conferência, foi demarcado qual país iria explorar determinadas áreas do continente.
É como se seus vizinhos ricos achassem que você não é inteligente o suficiente para cuidar de sua casa e decidissem que a iriam tomar de você; então, se reúnem para decidir quem fica com qual cômodo. Agora, imaginem que, além de invadirem sua casa, decidissem que você iria ser escravizado – pois é, esse foi o cenário. Nesse roubo e destruição de cultura que eles chamaram de Neocolonização, houve africanos que cederam à pressão. Imaginem que, nessa ideia de tomarem sua casa, tivesse um cunhado atrapalhado que sempre puxou o saco dos ricos e, quando eles disseram que iam invadir sua casa, prometeram umas mamatas e ele resolveu abrir o portão para os invasores.
Foi exatamente esse o contexto da história, por isso que o mapa dos países africanos tem aquela divisão que conhecemos. Os invasores e colonizadores ignoraram os reinos locais e as culturas que já existiam. Por isso, temos países que falam francês, inglês e português. Minha ida para Angola é para tentar encontrar um pouco dessa África que não conhecemos e que não chega até nós. Farei questão de registrar tudo e trazer para vocês. Nos vemos na África, amigos.