Seu Problema É Nosso
Em Canoas, moradores do bairro Fátima seguem sofrendo com cheias
Após as fortes chuvas do início do semana passada, Rua Bartolomeu de Gusmão foi tomada pela água mais uma vez
Com as fortes chuvas do início da semana passada, o transbordamento de esgotos na Rua Bartolomeu de Gusmão, após o cruzamento com a Avenida Engenheiro Irineu Carvalho Braga, no bairro Fátima, em Canoas, voltou a causar transtornos aos moradores da região. Em março deste ano, a prefeitura da cidade afirmou à reportagem do Diário Gaúcho que a resolução do problema, agravado há, pelo menos, quatro anos, dependia de um prolongamento da via para desviar a rede pluvial. Sinalizou ainda que, enquanto isso não fosse feito, trabalhava em limpezas periódicas dos esgotos.
– A subprefeitura vem aqui, limpa duas ou três bocas de lobo e vai embora. Não adianta nada, logo em seguida, entope e volta a encher. As pessoas ficam ilhadas, o mercado não pode abrir e nem carro entra aqui – conta a dona de casa e líder comunitária Marlene de Souza Tamagno, 62 anos.
Vizinhos ilhados
O mercado a que ela se refere é o de Alessandre Dória Quadros, 45 anos. Segundo ele, a situação na semana passada foi tão grave que ele precisou fazer uma barricada para impedir que a água invadisse o estabelecimento.
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– Estamos à mercê, ninguém vem aqui para resolver de fato. E, desta vez, foi pior ainda. Ficamos (no dia do alagamento) eu, minha mulher e meus filhos. Apareceu um ou outro cliente que teve coragem de vir até aqui – lamenta o comerciante.
E, de fato, a água deixa moradores da vizinhança presos dentro de casa. Foi o caso do vigilante Deoclecio dos Santos Filho, 57 anos. Sempre que chove e a via enche de água, ele e a irmã ficam com o pátio da residência coberto por esgoto e não conseguem sair.
– Sou muito prejudicado, mas não somos só nós. Nem as crianças saem para a escola. E poderia ser pior! Tive que fazer um buraco nos fundos da casa para escoar a água, senão subiria mais – diz Deoclecio.
Prejuízos
Segundo Marlene, há residências em que a água sobe além do jardim e invade o interior. Ela afirma que o local tem construções muito antigas, e o asfaltamento, feito anos depois, deixou a rua com um nível mais alto, o que agrava a situação.
– São pessoas sem muitas condições. E isso acontece e traz prejuízos para quem já tem pouco. Precisamos de mais do que limpar as bocas de lobo – ela pontua.
Relembre o caso
No início deste ano, o DG mostrou a situação dos moradores em duas ocasiões. Eles já sofriam com as cheias dos esgotos em episódios de chuva. Na primeira reportagem, em 9 de fevereiro, a prefeitura de Canoas informou que as equipes trabalhariam na solução ainda naquela semana. Quase dois meses depois, em 29 de março, uma forte chuva voltou a alagar a Rua Bartolomeu de Gusmão. Desta vez, o município informou sobre as limpezas periódicas na rede de esgotos, mas disse que não tinha previsão para uma solução definitiva.
Prefeitura aponta dificuldades
Em resposta à reportagem, o secretário de Obras de Canoas, Guilherme Molin, afirmou que a solução do problema que atinge a Rua Bartolomeu de Gusmão passa por ações em um terreno privado. Assim, o assunto está sendo tratado pelas pastas competentes e também junto ao proprietário do lote em questão.
Uma alternativa, caso a primeira, que está em tratativas, não avance, é o prolongamento da rede em uma via paralela. Porém, frisa o secretário, isso requer “um tempo de execução de obras, de levantamento de topografia e planejamento”.
Diante disso, a prefeitura sinaliza que ainda não há previsão para uma resolução permanente.
Produção: Guilherme Jacques