O DTG Poncho Verde, de Panambi, foi o campeão das Danças Tradicionais Força A, principal modalidade do Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart). É a primeira vez que a entidade leva para casa o troféu. A finalíssima da 36ª edição da competição ocorreu neste domingo (23), no Parque da Oktoberfest, em Santa Cruz do Sul. A segunda posição ficou com PTG Bocal de Prata, de Osório, seguido pelo CTG Ronda Charrua, de Farroupilha.

No tablado, o DTG Poncho Verde e "os homens de preto" apresentaram "o boi é bicho, mas tem alma sob o couro". A coreografia fez referência a história dos homens de preto — os tropeiros — que levavam gado para o abate. Mas, no caminho do campo até o matadouro, o tropeiro começa a pensar no destino dos bois e se dá conta de que, embora sejam animais, a alma deles existe e está debaixo do couro.

—Eu não tenho palavras para descrever esse momento que estamos vivendo. Não sei se a gente sonhava em chegar até aqui, mas as coisas foram acontecendo. As pessoas que trabalham conosco plantaram uma sementinha e o resultado hoje está indo para Panambi — disse, emocionado, o coordenador da invernada artística adulta, Acácio Ivan Penedo.

Além do prêmio principal, o DTG recebeu o troféu de destaque do ano e ficou em primeiro lugar na melhor coreografia de entrada e na de saída, melhor conjunto musical de invernada e por ser o grupo de danças mais popular.

A movimentação foi intensa durante todo o domingo. No Ginásio Poliesportivo, palco onde os 20 grupos finalistas se apresentavam, pessoas aguardavam na fila para entrar. A temperatura de 33ºC que marcava no termômetro externo não parecia frustrar quem queria assistir ao espetáculo, principalmente, de grupos que já foram destaque em edições passadas.

Nas apresentações, as invernadas artísticas não demonstravam qualquer cansaço. A entrada no tablado neste domingo era a chance de desempenhar a melhor versão do trabalho de meses de ensaio. O último grupo a se apresentar saiu do palco antes das 19h e os jurados se reuniram para definir as notas.

Os jurados avaliam interpretação artística, correção coreográfica, harmonia de conjunto, grupo musical, entrada e saída e indumentária. Enquanto isso, prendas e peões de diferentes entidades, devidamente pilchados, preencheram quase todo o tablado para a dança de integração. Nesse momento de descontração, eles podem dançar livremente com integrantes de outros CTGs.

Ilva Maria Borba Goulart, presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), estava receosa devido às dificuldades impostas pela chuva que atingiu o Estado nos últimos dias. No entanto, após início do evento, o sentimento deu lugar à gratidão às entidades que se esforçaram para fazer parte do grande encontro.

— Os grupos vieram muito bem trabalhados, preparados. Foi muito difícil (a decisão), pois os que não se classificaram, com certeza, foi por detalhe. Foi além da expectativa, o parque muito cheio. Deus iluminou este final de semana — disse a presidente.

Cerca de 4,6 mil competidores concorreram em apresentações individuais ou coletivas nas mais de 25 modalidades, como danças tradicionais, dança de salão, canto, declamação, trova e chula. Neste ano, ocorreu a segunda edição da modalidade de dança gaúcha de salão de pessoas com deficiência (PCD). A categoria contou com 24 casais concorrendo no domingo e os campeões foram Bruno Mota Soares e Laís Klug Neitzke, de Canguçu.

O Enart é organizado pelo MTG, conta com patrocínio da prefeitura de Santa Cruz do Sul, da Fruki, Cervejaria Bellavista e Mercado Bom Preço, com financiamento da Secretaria Estadual de Cultura do Rio Grande do Sul (Sedac-RS), por meio da Lei de Incentivo à Cultura (LIC).

Surpresa emocionante

Na abertura do evento, na noite de sexta-feira (24), o CTG Rancho da Saudade, vencedor da edição de 2022, fez um show com cerca de cem integrantes da entidade. No final da apresentação, o grupo surpreendeu a plateia e também a organização com uma bela homenagem a Manolito Savaris, presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), que faleceu em junho deste ano no exercício da função.

A emoção tomou conta do público quando a imagem de Savaris surgiu no tablado e, principalmente, quando seu neto, Teo Joaquim, usando o chapéu do avô, falou sobre o seu legado. Após, esposa, filhos e netos de Savaris entraram no palco principal. O momento foi aplaudido de pé pela plateia.

— Foi uma surpresa, uma emoção, uma certeza que o Manoelito atingiu tantas pessoas, tantos jovens. O coração fica apertado com tamanho carinho — comentou Odila Paese Savaris, viúva do tradicionalista.

Vencedores das Danças Tradicionais do Enart 2023

Força A

• 1º lugar: DTG Poncho Verde — Panambi — 9ª RT
• 2º lugar: PTG Bocal de Prata — Osório — 23ª RT
• 3º lugar: CTG Ronda Charrua — Farroupilha — 25ª RT
• 4º lugar: CTG Sentinelas do Pago — Marau — 7ª RT
• 5º lugar: CTG Tiarayú — Porto Alegre — 1ª RT

Força B

• 1º lugar: CTG Querência da Serra — Cruz Alta — 9ªRT
• 2º lugar: CTG Estância Velha da Tradição — Santana do Livramento — 18ªRT
• 3º lugar: DTG Noel Guarany — Santa Maria — 13ªRT
• 4º lugar: Os Desgarrados — Guaporé — 11ª RT
• 5º lugar: CTG Vinte de Setembro — Santo Ângelo — 3ªRT

Veja a apresentação do DTG Poncho Verde